OPINIÃO

Tempo de ser diferente


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A ânsia de marcar presença nas mídias sociais vem mostrando fragilidade de argumentação; falta de propósito, e, muitas vezes, conteúdo copiado na cara dura. A busca por destaque acaba no "mais do mesmo" — formatos repetidos, discursos vazios e estratégias previsíveis que não conectam nem emocionam. 

Ser diferente em um mundo saturado por informações padronizadas não é apenas uma questão de criatividade ou sobre ser "rebelde" ou "ousado". Trata-se de ter coragem para sair do piloto automático, romper padrões e trazer soluções ou ideias que realmente agreguem valor. É falar com profundidade quando todos falam superficialmente, criar experiências significativas em vez de apenas chamar atenção temporária. Ter um olhar crítico sobre o que estamos fazendo e uma disposição para experimentar. É trabalho contínuo de reinvenção e reflexão. Antes de tudo é um exercício consciente de pensamento crítico. Questionar o óbvio, observar além da superfície, ler as entrelinhas e se libertar das fórmulas pré-estabelecidas.

Vivemos em uma cultura que valoriza a inovação, mas premia a conformidade. Nas redes sociais, os algoritmos recompensam o que já está em tendência. No ambiente corporativo, práticas conservadoras podem asfixiar novas ideias em prol de uma "segurança" operacional. A pressão para se enquadrar leva alguns profissionais, empresas e até projetos criativos a seguirem padrões, com medo de errar ao tentar algo novo. Ser diferente é mais do que ter uma boa ideia, requer coragem para desafiar o conforto das repetições seguras. 

A tentação e facilidade para copiar tendências do que parece funcionar para os outros é grande. Deixar-se seduzir pelas fórmulas fáceis e genéricas de sucesso sem reflexão, geralmente leva à frustração.  A pressão das mídias por relevância e insistente presença, quase sufocante, cria uma avalanche de conteúdos praticamente idênticos. Gerar valor está atrelado ao propósito. Pegar carona no discurso do outro pode até funcionar por algum tempo, mas não se sustenta a médio prazo. As pessoas estão cada vez mais seletivas e menos tolerantes ao genérico. Elas buscam significado, verdade e conexão genuína.
 
Outro grande desafio é aceitar que ser diferente envolve riscos — inclusive o de falhar. Ideias inovadoras podem surgir a partir de tentativas frustradas. O pensamento crítico ajuda nesse processo ao permitir que erros sejam analisados, ajustados e transformados em aprendizado contínuo. Chegou a hora de dizer “chega” ao mais que é o mesmo para estar aberto a identificar novas oportunidades e trilhar caminhos inusitados. Significa ter clareza sobre seus valores e propósito, para que suas ações e mensagens ressoem com verdade.

A comunicação assertiva pode ser uma arma poderosa contra a mesmice. Ao invés de reproduzir fórmulas prontas, propõe a arte da “escutatória”, ouvir realmente o seu público, o cliente ou usuário. Dialogar com empatia e oferecer mensagens claras, coerentes e transparentes, criando uma conexão autêntica. A combinação entre pensamento crítico e coragem de desafiar padrões é o que transforma ideias em inovação, conversas em conexões reais e ações em mudanças significativas.

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora
(rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)

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