A tireoide, apesar de pequena e frequentemente ignorada, exerce uma influência imensa sobre o funcionamento do organismo humano. Localizada na parte anterior do pescoço, essa glândula em forma de borboleta é responsável pela produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), que regulam o metabolismo, a temperatura corporal, o funcionamento cerebral, o sistema digestivo, a saúde da pele, cabelos e unhas, entre outras funções essenciais. Quando a tireoide funciona mal, o impacto no corpo e na qualidade de vida pode ser significativo, sendo essencial o acompanhamento médico e mudanças no estilo de vida.
Para compreender melhor, as disfunções mais comuns da tireoide são o hipotireoidismo e o hipertireoidismo, que resultam de uma produção insuficiente ou excessiva dos hormônios tireoidianos, respectivamente.
No hipotireoidismo, a tireoide produz hormônios em quantidade insuficiente. É uma condição crônica e sem cura, mas controlável. Os sintomas incluem fadiga persistente, dores musculares e articulares, aumento de peso, inchaço, dificuldade para dormir, falta de concentração, pele seca, depressão, sensibilidade ao frio e baixa libido. Esse conjunto de manifestações pode levar a um ciclo de desânimo, sedentarismo e baixa autoestima, dificultando a adoção de hábitos saudáveis, relato muito comum em quem apresenta essa disfunção.
Por outro lado, no hipertireoidismo, ocorre uma produção excessiva de T3 e T4, o que acelera o metabolismo. Os sintomas incluem batimentos cardíacos acelerados, pressão arterial elevada, tremores, suor excessivo, intolerância ao calor, perda de peso, nervosismo, irritabilidade e fraqueza. Assim como no hipotireoidismo, o impacto na qualidade de vida é significativo, exigindo atenção e mudanças de hábitos.
Embora o tratamento médico, geralmente orientado por um endocrinologista, seja indispensável, o estilo de vida desempenha um papel crucial no manejo das disfunções da tireoide. Alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos, controle do estresse e sono adequado podem contribuir para o alívio dos sintomas e equilíbrio hormonal.
Manter uma dieta rica em nutrientes é fundamental para todos nós, principalmente para quem tem qualquer tipo de disfunção. O consumo de alimentos que forneçam iodo (essencial para a produção de hormônios tireoidianos), como peixes, algas marinhas e laticínios, pode ajudar, mas deve ser orientado por um profissional, pois tanto a falta quanto o excesso de iodo podem prejudicar a tireoide. Inclua também alimentos ricos em selênio (castanha-do-pará, sementes de girassol), zinco (carnes magras, nozes) e antioxidantes (frutas, legumes e verduras). No caso de hipertireoidismo, o consumo de alimentos estimulantes, como cafeína e açúcares refinados, deve ser reduzido, enquanto no hipotireoidismo é importante evitar alimentos que interfiram na absorção do hormônio sintético, como a soja, quando consumida em excesso.
A prática de atividades físicas é um componente essencial do tratamento e para a vida de todos nós. No caso do hipotireoidismo, exercícios de baixo impacto, como caminhadas e treinos de fortalecimento muscular, ajudam a combater a fadiga e dores articulares, além de facilitar o controle de peso. Já para quem convive com o hipertireoidismo, exercícios moderados podem ajudar a regular o ritmo cardíaco e reduzir os níveis de ansiedade. Em ambos os casos, atividades como yoga e pilates são excelentes, pois trabalham a força, flexibilidade e promovem relaxamento, auxiliando no controle do estresse.Treinos de força e aeróbicos são importantes para todos que buscam saúde, com ou sem problemas na tireoide!
A prática regular de exercícios físicos estimula a liberação de endorfina e serotonina, hormônios que melhoram o humor, reduzem a ansiedade e a depressão, e fortalecem a imunidade, essenciais para o bem-estar geral.
A qualidade do sono é outro fator determinante. Dormir de 7 a 9 horas por noite permite que o corpo se regenere e equilibre suas funções hormonais. Já o controle do estresse é indispensável, uma vez que o estresse crônico pode exacerbar os sintomas de ambas as condições. A inclusão de práticas de relaxamento no dia a dia, como meditação, mindfulness, tai chi e massagens, é altamente recomendada. Esses hábitos ajudam a reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, que pode interferir no funcionamento da tireoide.
Cuidar do bem-estar emocional é tão importante quanto o manejo físico. Muitas pessoas com disfunções da tireoide relatam dificuldades emocionais, como baixa autoestima e desânimo. Reservar um tempo para atividades prazerosas, como hobbies e encontros sociais, pode ajudar a melhorar o humor e promover um senso de propósito.
Conviver com disfunções da tireoide pode ser desafiador, mas com um acompanhamento médico adequado e mudanças no estilo de vida, é possível alcançar uma rotina saudável e equilibrada. O primeiro passo é o autoconhecimento e a busca de ajuda profissional.
Mas lembre-se: alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares, sono de qualidade, controle do estresse e um cuidado especial com a saúde mental são os pilares para viver bem, mesmo diante das dificuldades. Cuide-se, respeite os sinais do seu corpo e invista no que há de mais valioso: sua saúde. Muita saúde a todos!
Liciana Rossi é especialista em coluna e treinamento desportivo, pioneira do método ELDOA no Brasil (licianarossi@terra.com.br)