Eu ia começar meu primeiro domingo do ano falando sobre política e meus desejos à nova administração, os quais já os transmiti a Ricardo Benassi, nosso novo vice-prefeito. Desejei, antes de tudo, justiça social e equidade para que os mais vulneráveis também tenham acesso à saúde, educação de qualidade, lazer e cultura.
Mas, entretanto, li o artigo do bispo Dom Arnaldo (que está nesta mesma página) antes de iniciar a escrita do meu e me comovi. Eu mesma, normalmente, inicio o ano no Templo pela Paz Mundial, no Centro Budista Kadampa, em Cabreúva, entoando um vibrante mantra da compaixão para todos os seres.
Este ano eu não fui, pois decidi passear e fazer trilhas em Goiás, em meio a uma vegetação exuberante, flores exóticas e cachoeiras lindas. Junto aos meus primos e amigos, em conversas alegres, de gente que sempre se entendeu bem. Ali, percebemos como o Brasil é vasto e lindo. Ao entrar nas águas cristalinas de inúmeras cachoeiras me lembrava da ativista ambiental Vandana Shiva, ao dizer que a natureza não tem proprietário nem patente.
Fiquei imaginando se o capital desenfreado tivesse tomado conta de nossas riquezas naturais, que são mais belas e importantes quando estão assim, na natureza, cumprindo seu papel de equilíbrio ambiental. Como é lindo ver a natureza que o homem ainda não estragou! E como é importante mantermos nossas naturezas intocadas, sem a presença de empresas ou interesses escusos que tiram da terra o seu dinheiro e depois a abandonam na vastidão da seca e do deserto.
Mas, não era só de beleza natural que eu gostaria de falar. Em Goiás, um povo simples nos atendeu, sem luxo nem ostentação. A vontade de ajudar era nata, a todo tempo alguém nos parava para dar uma indicação que não pedimos, uma orientação, nos explicavam, rindo, que a gente podia andar na rua sem atropelo porque não existia violência ali.
É verdade que vimos muitas comunidades pobres, mas ainda uma pobreza digna. Na televisão, o governador afirmava que tinha construído dez mil casas e doado à população. Foi isso que ouviram. O governo deu dez mil casas, sem que as pessoas precisassem financiar essas casas próprias.
E como eu já percebi em outros países, como o Peru e Colômbia, nas comunidades mais humildes há mais possibilidade de verdadeira troca, de generosidade de quem não tem nada, de se sentir útil ao menor gesto de necessidade. Findei minha viagem em Brasília, no Memorial JK. Toda vez que estou em nossa capital, paro ali. Para lembrar que há décadas havia homens que sonhavam por um Brasil mais próspero e rico, cujos ideais construíram essa nação, em projetos grandiosos, como nosso Distrito Federal, dando trabalho e pão a quem não tinha nada.
Parece que é isto que a humanidade precisa, de simplicidade. De escuta, de fraternidade, de uma vida sem ostentação, de alegrias mais simples. O bispo Dom Arnaldo tem razão, não há paz sem justiça social. Nosso povo, daqui mesmo de Jundiaí, esta cidade tão rica, precisa ser melhor cuidado, acolhido, ter seus talentos valorizados, quer seja na escola, no esporte, na música ou dança. Valorizar gente é o grande diferencial deste milênio, em meio a tanta tecnologia que não nos trouxe felicidade, sequer a cura para o câncer.
A paz não é adquirida facilmente. Ela é fruto de muita negociação e diálogo. Que não tenhamos tantos muros nos separando, que tenhamos a coragem de caminhar por todos os cantos desta cidade, enxergando em cada um nosso semelhante, nossa ferramenta, nosso irmão.
A paz começa, antes de mais nada, por nós mesmos. Feliz 2025!
Ariadne Gattolini é jornalista e escritora. Pós-graduada em ESG pela FGV-SP e editora-chefe do Grupo JJ
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