Quem chega por Jundiaí pelas rodovias Anhanguera e Bandeirantes, consegue enxergar a Serra do Japi à esquerda e vê as edificações da cidade urbana à direita. O que pouca gente sabe é que nas quatro regiões da cidade, espaços agricultáveis ainda sobrevivem à expansão imobiliária, com produção de frutas típicas e hortaliças, contribuindo para a qualidade de vida e do ar.
De acordo com o Departamento de Agronegócio, órgão ligado à Unidade de Gestão de Agronegócio, Abastecimento e Turismo, há em Jundiaí 974 propriedades rurais. As culturas mais evidentes são a produção da uva Niagara, caqui, poncã, pêssego, pitaya, maracujá, goiaba e hortaliças, entre elas, alface, chicória, couve, almeirão, salsinha, coentro e cebolinha. Atualmente 1.115 hectares são cultivados com uva, distribuídos em, aproximadamente, 398 propriedades. Isso gera uma produção estimada de 35 mil toneladas de uva por ano.
Existem ainda 19 vinícolas e adegas produtoras de vinho e derivados da uva e do vinho em Jundiaí, totalizando uma produção anual de aproximadamente 300 mil litros. Das vinícolas e adegas, 89% utilizam a uva Niágara rosada em sua produção. Há ainda o processamento de outras uvas de mesa e uvas finas como Niágara Branca, Isabel, Bordô, Lorena, Máximo, Rainha, Madalena, Ribas, Catawba Rosa, Moscatel, Syrah, Tannat, Moscato Branco, Merlot,Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Corvina, Malbec, Pinot Noar, Tempranillo,Moscato, Syrah, Paulsen, Mourvèdre, Grenache, Cabernet Franc, Vermentino, Riesling e Itálico.
Esta fixação da base de produção no campo deve-se também a inúmeros programas municipais de incentivo ao agricultor. Entre os fomentos e apoios técnicos destaque para o Cavaco, Patrulha Agrícola Mecanizada, Programa Campo Limpo, Programa de Fertilidade do Solo, Programa Jundiaí Orgânicos, Programa Municipal de Apoio ao Cultivo Protegido, Programa Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), Programa Municipal de Subvenção do Seguro Agrícola, Programa Nascentes Jundiaí, Programa Jundiaí Lugar de Alimento Seguro, Serviço de Inspeção Municipal (SIM), Unidade Municipal de Cadastramento junto ao INCRA.
Frutas e hortaliças são produzidas por 947 propriedades rurais, com destaque para a uva
PREMIAÇÃO EM CONCURSOS
O 2º Concurso Brasileiro de Vinhos de Mesa, promovido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no final de 2024, premiou duas vinícolas jundiaienses com destaque para a Jurupinga e o Bordô Suave, ambas da Vinícola Martins, e o Rose Suave e Espumante Niágara da Adega Castanho. Elas estão entre as 66 adegas do país que foram reconhecidas no cenário da vitivinicultura brasileira.
A mistura de suco da uva Niágara, cachaça e especiarias fizeram com que a jurupinga (ou a jeropiga) conquistasse o paladar dos apreciadores do vinho artesanal. Para os juízes desta edição, a mistura, o odor e o tempo de maturação fizeram a diferença. “Temos um público fiel que aprecia o vinho artesanal e principalmente o vinho doce. Com estes prêmios temos a certeza de que podemos competir com os melhores do mercado. A satisfação de levar o nome de Jundiaí para o mundo do vinho”, diz Amarildo Martins, integrante da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Vinhos de Jundiaí e da Associação Vinhos de Jundiaí ‘Entre Serras e Vinhos’.
Ele mesmo, proprietário da Vinícola Martins, teve dois de seus produtos premiados. “Fizemos questão de enviar as amostras dos dois produtos porque sabíamos da qualidade de cada um. Se ganhássemos o ouro seria uma conquista e tanto, mas também ganhamos o grand ouro, então é inenarrável a satisfação porque mostramos que nosso produto tem qualidade” comenta ao lembrar que a Jurupinga recebeu o Grand Ouro e o Bordô Suave o ouro.
Ricardo Leme, da Adega Castanho, levou prata em concurso
A prata é nossa
E se teve conquista no ouro, o pódio para Jundiaí também foi com a prata. A Adega Castanho, com uma tradição de quase 60 anos, mostrou que Rose Suave e o Espumante Niágara entrarão com força total no mercado. Utilizando como base as uvas bordô e a Niágara branca o reconhecimento mostra a força na produção do vinho artesanal.
O proprietário da vinícola, Ricardo Leme, adianta que os vinhos premiados já estão disponíveis para a venda. “É um reconhecimento muito importante ter uma avaliação externa, de um júri especializado e imparcial. Mostra que estamos no caminho certo para aprimorar cada vez mais a qualidade do vinho e os métodos de produção e agora é continuar entregar melhor qualidade para os nossos clientes.”