SUCESSO

Da criminalização ao pódio: skate une diferentes gerações

Seja na pista do Sororoca, pelas ruas ou no Mundo das Crianças, o skate sobrevive no coração dos praticantes, de crianças a adultos

Por Luana Nascimbene | 28/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

COLABORAÇÃO:SID PICS

Skatista há mais de três décadas, o jundiaiense Almir Grois se apaixonou pela modalidade na pré-adolescência
Skatista há mais de três décadas, o jundiaiense Almir Grois se apaixonou pela modalidade na pré-adolescência

Antes tratado como "coisa de marginal" e até já criminalizado nos anos 80, o skate ganhou visibilidade inédita após sucesso nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, principalmente com a conquista de medalhas por atletas brasileiros. A modalidade segue cada vez mais no gosto de diferentes gerações e ainda vive momento de ascensão no país.

Em Jundiaí, o sucesso desse esporte não é diferente. Seja na pista do Sororoca ou no Mundo das Crianças, o skate sobrevive no coração dos praticantes, de crianças a adultos.

Skatista há mais de 35 anos, o jundiaiense Almir Grois, 48, se apaixonou pela modalidade quando tinha apenas 12 anos de idade, após ver seus amigos andando de skate pelas ruas da Vila Progresso. "O skate apareceu na minha vida em 1987. Eu via uma galera um pouco mais velha que eu praticando e me apaixonei logo de cara. O ponto de partida para eu começar a andar foi quando fui ao cinema Marabá assistir 'De volta para o futuro', e vi o ator andando de skate. Aquele foi o momento que eu pensei 'quero isso para mim'. Eu fiquei enchendo o saco do meu pai até que ele me presenteou no Natal e eu comecei a andar e não parei mais", explica.

A paixão do jundiaiense pelo skate logo se tornou seu estilo de vida. "Para mim é mais do que um esporte. Não se resume só à prática, porque a modalidade influenciou o jeito de eu me vestir, escutar certos gêneros musicais, a admiração por obras de artes urbanas, como os grafites. Tudo o que eu faço na minha vida tem relação com o skate", disse o skatista.

DISCRIMINAÇÃO

Pelas pistas do Sororoca, Grois encontra skatistas de diferentes gerações e comemora a ascensão da modalidade. O jundiaiense também relembra todos os obstáculos que os praticantes da "velha geração" tiveram que superar. "O skate sempre foi visto como 'coisa de bandido'. Quando nós começamos a andar de skate, lá no final dos anos 80, era totalmente marginalizado, e chegou a ser proibido. Com a entrada do esporte nas Olimpíadas, e principalmente com a influência da Rayssa Leal, a modalidade virou referência para a nova geração", completou.

O skatista Ricardo Soares, de 43 anos, pratica a modalidade desde os 12, e explica que o skate é uma identidade. "O skate, para a minha geração, é um estilo de vida, uma maneira de ser. Passei pela época em que era marginalizado, repreendido pelas autoridades. Antes, era raro ter pistas de skate em todo país, hoje em dia toda cidade tem mais de uma. As crianças têm fácil acesso à modalidade, têm apoio dos pais e até começam a competir desde cedo. O bem mais valioso do skate é a diversão, as amizades e todo aprendizado que ele traz para a vida", diz.

Assim como Ricardo se apaixonou pelo skate à primeira vista, o gosto pela prancha de quatro rodas foi passado de geração para geração. "Meus filhos pegaram gosto pelo skate. Faz parte da nossa família, é nossa essência. Minha filha de 8 anos é minha sombra, ela ama andar e para ela é tudo diversão e aprendizado, porque o skate também é uma maneira de educar."

OLIMPÍADAS

Sucesso em 2020, os maiores skatistas do mundo voltarão a se enfrentar nos Jogos Olímpicos de Paris, a partir do dia 26 de julho, nas duas modalidades mais populares do esporte: park e street. O Brasil será o único país a atingir limite de atletas que podem disputar a fase classificatória. Ao todo serão 24, sendo 12 de cada gênero.

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