EM JUNDIAÍ

Seis adolescentes e crianças com mais de 8 anos esperam adoção

Crianças mais velhas, ou com alguma deficiência, e adolescentes são menos adotadas, pois a preferência geralmente é por bebês

Por Nathália Sousa | 28/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Divulgação

Crianças maiores de 10 anos e adolescentes ficam mais tempo em abrigos, segundo as estatísticas
Crianças maiores de 10 anos e adolescentes ficam mais tempo em abrigos, segundo as estatísticas

Em Jundiaí, duas crianças com mais de oito anos e quatro adolescentes com mais de 12 anos aguardam adoção. No Brasil, a fila de adoção tem mais de 5 mil crianças e adolescentes à espera de uma família. Por outro lado, mais de 34 mil pessoas ou famílias estão dispostas a adotar, mas a preferência costuma ser por bebês.

Além da idade, a nível nacional, o número de crianças e adolescentes com problemas de saúde ou alguma deficiência que estão disponíveis para adoção é quatro vezes maior que os perfis que estão de fato em processo de adoção. Cerca de 90% dos adotados não têm nenhum problema de saúde e nenhuma deficiência.

Juíza da Vara do Júri, Execuções Criminais e da Infância e da Juventude da Comarca de Jundiaí, Patricia Cayres Mariotti Cappi diz que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) tenta motivar este tipo de adoção com ações como o programa Adote um Boa Noite, um site que tem foto e uma breve apresentação de crianças e adolescentes que esperam adoção há algum tempo.

"O perfil mais procurado é o de crianças pequenas. A resistência maior é na adoção de crianças acima de 10 anos ou com alguma deficiência. Mas o Tribunal de Justiça de São Paulo conta com iniciativas como o Adote um Boa Noite, que estimula a adoção de crianças e adolescentes com mais de oito anos, grupos de irmãos ou crianças com alguma deficiência. O projeto vem ajudando a mudar esse cenário e a desestigmatizar a adoção tardia", informa a juíza.

O AMOR NASCE A QUALQUER HORA

Fora da estatística geral, Fernanda Fabris adotou cinco filhos, três deles com mais de oito anos. "Eu adotei cinco filhos. Já tive duas adoções. Na primeira adoção, foram quatro irmãos, de três, seis, nove e 11 anos. Na segunda adoção, foi uma jovem de 17 anos."

"Eu acredito que a resistência das pessoas à adoção tardia seja principalmente por conta da falta de informação. Existem muitos tabus, a nossa sociedade ainda é muito preconceituosa. Existem muitos mitos enraizados, muitas inseguranças nas pessoas. A informação vai passando de geração em geração, como se fosse um telefone sem fio, chega totalmente distorcida e as pessoas não sabem da realidade da adoção. Então, a maior parte das pessoas tem medo", conta ela.

Fernanda é uma das pessoas que tiveram a adoção a partir do Adote um Boa Noite. "A nossa primeira adoção aconteceu por meio da busca ativa, no site Adote um Boa Noite. Nós conhecemos pela internet mesmo. Não tinha tido nenhum contato com o site antes e vi a foto dos nossos filhos lá."

Sobre a adoção fora dos padrões, ela conta que já era uma escolha antes de conhecer os filhos. "A gente sempre quis adoção tardia e até dois irmãos, só não imaginávamos que íamos adotar cinco filhos. Mas nosso perfil sempre foi crianças mais velhas, tínhamos já uma ideia de pré-adolescente e até duas crianças", lembra.

Fernanda também fala sobre a ideia coletiva que se tem sobre a adoção, algo distante da realidade. "A adoção tem muitos desafios, a gente tem que estudar, tem que tentar entender todo esse processo, para que possa ter uma criação respeitosa, para que possamos ter empatia com os nossos filhos. Mas independentemente de qualquer coisa, a gente precisa também saber que esse romantismo, de que o amor faz dar certo, é um pouco utópico. O que faz dar certo realmente é a decisão, é a escolha, é a certeza, é você querer e decidir todos os dias fazer dar certo e, mesmo com tantos desafios, adoção é possível."

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