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SAÚDE
S. Casa pede mais dinheiro e aponta que se não tiver pode haver cortes na 'produção SUS'
Hospital diz ainda em nota encaminhada à imprensa que espera máxima por vaga de internação é de 13 horas, o que contrasta com dezenas de relatos de pacientes
Por Corrêa Neves Jr. | 26/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min
editor do GCN/Sampi
Divulgação/Santa Casa
Exatos sete dias depois da visita de Tarcísio de Freitas (Republicanos) a Franca, quando o governador paulista afirmou ter feito um substancial aumento no repasse mensal de dinheiro aos hospitais filantrópicos do Estado, inclusive a Santa Casa, que estaria recebendo até cinco vezes mais por procedimentos realizados, uma nota divulgada na tarde de quinta-feira, 25, com pedido de mais recursos provocou forte repercussão na Secretaria de Saúde do Município e na Diretoria Regional de Saúde.
Na entrevista exclusiva concedida durante a visita de Tarcísio à sede do GCN, o governador explicou que desde o início do ano o Estado está repassando R$ 1,7 milhão mensais a mais à Santa Casa de Franca, graças à mudança de critérios que melhoraram o valor da tabela SUS.
“Os procedimentos vão ser remunerados 3, 4, 5 vezes mais do que o SUS remunerava. Então significa que um parto que era remunerado a R$ 900 (até então) vai ser remunerado a quase R$ 4 mil (hoje). Todos os procedimentos vão ser remunerados a maior”, disse Tarcísio.
“A Santa Casa tinha uma produção aqui de R$ 9 milhões, R$ 9 milhões e pouco por mês, está fazendo hoje quase R$ 11 milhões por mês. Houve um acréscimo de valor na Santa Casa de Franca de R$ 1,7 milhão a mais (por mês)”, comemorou o governador.
Mantida a média dos últimos três meses, a Santa Casa de Franca receberá neste ano R$ 20 milhões a mais do que recebeu em 2023, atingindo um total de R$ 132 milhões em repasses do governo do Estado.
Aparentemente, a Santa Casa não considera suficiente e ainda sinaliza que pode cortar atendimentos se mais dinheiro não for destinado ao hospital. Na nota, divulgada pela assessoria de comunicação da Santa Casa, o hospital diz que abriu 10 novos leitos (custeados pelo Estado) e pede que o governo paulista repasse mais R$ 1,7 milhão mensais, além dos R$ 1,7 milhão adicionais que já está enviando, para evitar “cortes na produção SUS devido ao aumento dos atendimentos nos meses de fevereiro, março e abril de 2024, já que o programa possui um teto”.
No documento, o Grupo Santa Casa de Franca diz ainda que leitos de internação são providenciados pelo hospital em no máximo 13 horas, o que contrasta com as dezenas de relatos trazidos pela imprensa e postados em redes sociais com dramas de pacientes, inclusive crianças, que passam dias em leitos dos prontos-socorros ou UPAs (unidades de pronto atendimento) do município à espera de vagas.
Conflito de assinaturas
A nota divulgada pela Santa Casa seria endossada também pela Secretaria Municipal de Saúde e pelo Departamento Regional de Saúde (DRS-8), conforme relato trazido no final do documento. “Em se tratando de uma decisão conjunta assinam esta nota o DRS-8 (Departamento Regional de Saúde), Secretaria Municipal de Saúde de Franca e Grupo Santa Casa de Franca”.
Waléria Mascarenhas, secretária de Saúde, e Ricardo Bessa, responsável pelo DRS-8, se disseram surpresos e negaram, em entrevista na noite de quinta-feira, 25, ao GCN, ter discutido os termos da nota ou subscrito o documento.
Waléria disse que participa normalmente de muitas reuniões com o DRS-8 e a Santa Casa, que sempre há discussões técnicas, mas negou que tenha sido consultada ou que tenha assinado um documento que coloca em xeque informações do próprio município sobre a dificuldade de conseguir vagas de internação na Santa Casa. “Não vi, não fui consultada nem assinei”.
Ricardo Bessa, responsável pelo DRS-8, afirmou ter participado de discussões técnicas com os representantes do hospital. Disse reconhecer o esforço para reduzir a espera por vagas de internação, o que teria sido conseguido nos últimos dias, graças ao direcionamento de alguns pacientes para unidades da região e à abertura dos novos leitos, mas ponderou que a espera de apenas 13 horas por uma vaga não reflete a realidade. “Tem paciente que espera muito mais”.
Ainda segundo Bessa, ele também não foi consultado sobre os termos da nota nem assinou o documento distribuído pela Santa Casa para a imprensa.
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26/04/2024Darsio
26/04/2024Mauricio Fico
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