OPINIÃO

1º de maio - nada a comemorar

26/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Na comemoração do dia 1º de maio de 1940, dia dedicado ao trabalhador, o presidente Getúlio Vargas instituiu o salário mínimo no Brasil. A grande conquista para o humilde operário brasileiro representava, no decreto verde e amarelo, um salário justo e digno, que viesse suprir as necessidades básicas de sua família. De lá para cá, o dia do trabalho, sempre foi festejado.

Anos atrás, governo e sindicatos se uniram. Shows públicos a toda a população. Tudo em nome do trabalhador. Exaltava-se a riqueza do país. A sua rica produção. Entretanto, nos tempos atuais comemora-se o importante dia, como feriado nacional, mas não a sua justa conquista. O valor do salário mínimo, nada tem a comemorar. Os gastos domésticos e os remédios e outras necessidades tão comuns a qualquer ser humano não fazem parte da planilha básica. A desigualdade social escancarada dos dependentes do INSS. O trabalhador aposentado pela Previdência Social. O benefício irrisório. O que veio para dar garantia de uma vida digna fica sempre na esperança. A aposentadoria sempre mais distante. O governo, sem solução e com muitas promessas. Vincularam o salário mínimo aos benefícios da aposentadoria.

O que ocorre? Não se pode aumentar, que se tenha um salário mínimo justo para a população mais sofrida, porque alegam, as autoridades, que a previdência social quebra. Mas se todos são iguais perante a lei, por que muitos se aposentam com integralidade de seus salários? Triste realidade brasileira. Prosseguem os gritos dos que não têm terra para cultivar, teto para morar, escolas para seus filhos, proteção contra a violência, assistência médica satisfatória ou até mesmo alimento indispensável à sobrevivência. Nestes duros tempos vividos, em que a mendicância nas ruas alcança níveis intoleráveis, o desemprego formal aumenta, a violência chega até nas escolas, as aposentadorias da iniciativa privada fraquejam diante da inflação de alimentos essências para se subsistir.

Como publicou Stephen Kanitz em seu artigo "Do caminho da prosperidade para o caminho da servidão": "Eram dos mais esclarecidos, como jornalistas, economistas e homens públicos íntegros, a responsabilidade de olhar o futuro, eram os esclarecidos que deveriam alertar de nossa dívida previdenciária de 45 trilhões, que seus próprios netos terão de que pagar. Não é o povo facilmente enganado por políticos populistas que prometem picanha no prato do humilde trabalhador, que são os culpados. Os culpados foram os mais esclarecidos e bem informados que destruíram o futuro do país pensando em seus interesses de curto prazo."

Contudo, sejamos fortes e confiantes. Ao merecedor trabalhador lavrador, dedicado e perseverante, ao pobre trabalhador aposentado, ao trabalhador idoso injustiçado, enfim a todos trabalhadores que sentem o antigo sonho de sucesso transformar-se em enorme pesadelo mas que sobrevivem do árduo trabalho, que a vela da esperança de um Brasil mais justo e humano, continue viva e acesa e que nunca se apague, dentro de seus corações.

Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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