RECONHECIMENTO

Lei que reconhece Libras marca luta pela inclusão e acessibilidade

A conquista da Lei da Libras representou um passo fundamental para a comunidade surda brasileira

Por Rafaela Silva Ferreira | 23/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min

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A intérprete de Libras, Yandra, comenta que mesmo com o reconhecimento da lei, ainda existe o desafio nas salas de aula
A intérprete de Libras, Yandra, comenta que mesmo com o reconhecimento da lei, ainda existe o desafio nas salas de aula

No dia 24 de abril, é celebrado 22 anos da Lei nº 10.436, um marco histórico na luta pela inclusão e acessibilidade das pessoas surdas no Brasil. Sancionada em 2002, essa lei reconheceu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão, equiparando-a à língua portuguesa em todos os âmbitos da sociedade.

O número de pessoas surdas, no Brasil, passa dos 10 milhões, de acordo com o IBGE. Por isso, a conquista da Lei da Libras representou um passo fundamental para a comunidade surda brasileira, que por muito tempo lutou pelo reconhecimento de sua língua e cultura. Antes da Lei, as pessoas surdas enfrentavam diversas barreiras na comunicação e no acesso à educação, ao trabalho e aos serviços públicos. A Libras era vista como uma simples forma de gestualização, sem valor linguístico próprio.

A intérprete de Libras, Yandra Restivo Olhier Nogueira, 28 anos, comenta que mesmo com o reconhecimento da lei, ainda existe o maior desafio que acontece dentro das salas de aulas. “Integrar o aluno na escola ainda é complicado, já que nem todas as crianças querem aprender a língua que necessitam para se comunicar.”

Segundo o Inep, do total de alunos da educação básica, 1,5 milhão possui alguma deficiência e está matriculado em turmas da educação especial. Nas classes comuns (que reúnem estudantes com e sem deficiência) e classes exclusivas para deficientes, há pessoas de três perfis: surdos; com deficiência auditiva; e surdocegos.

No entanto, mesmo com as dificuldades, a Libras passou a ser obrigatoriamente oferecida em escolas públicas e privadas, garantindo o direito à educação bilíngue para crianças surdas. O uso da Libras também se expandiu para diversos setores da sociedade, como órgãos públicos, empresas e serviços de saúde. Para Yandra, essa comunicação traz uma construção de sociedade.

“Acredito que a Libras é mais do que uma forma de se comunicar, é uma rica expressão cultural que merece ser respeitada e valorizada. Através do meu trabalho, contribuo para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todos possam ter acesso à informação, à educação e às oportunidades de forma plena e igualitária.”

Apesar dos avanços conquistados nos últimos 20 anos, ainda há muito a ser feito para garantir a plena inclusão das pessoas surdas na sociedade brasileira. A falta de intérpretes de Libras em diversos ambientes, a persistência de preconceitos e a dificuldade de acesso à informação ainda são desafios enfrentados pela comunidade surda.

“Há vários recursos disponíveis para aprender Libras hoje em dia e não é difícil aprender a entender”, ressalta. “Existem cursos online e presencial hoje em dia. Sem contar que na internet você consegue ter um material bom para aprender. A língua não é difícil de aprender, basta ter força de vontade e querer”, finaliza Yandra.

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