PREVIDÊNCIA

Por renda ou tédio, muitos aposentados continuam no mercado de trabalho

Em Jundiaí, cerca de 16 mil pessoas recebem benefício previdenciário pelo INSS, entre aposentadorias e outros, com valor médio de cerca de R$ 2 mil

Por Nathália Sousa | 18/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Após a aposentadoria, muitos idosos precisam lidar com uma ruptura de rotina e também de modo de vida
Após a aposentadoria, muitos idosos precisam lidar com uma ruptura de rotina e também de modo de vida

Aposentadoria, definitivamente, não significa saída do mercado de trabalho no Brasil. Dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), de 2022, apontam que o país tem quase 33 milhões de aposentados. Desse total, dois terços recebem um salário mínimo e um terço continua trabalhando, mesmo após aposentados. Em Jundiaí, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, entre homens com mais de 65 anos e mulheres com mais de 60 há quase 70 mil pessoas. Segundo o INSS, porém, há pouco mais de 16 mil beneficiários no município, que recebem benefício por meio do Instituto.

Aposentado há 14 anos, Laercio Oliveira, 64, trabalhou toda a vida na área de produção, mas, após se aposentar, teve perda de renda e acabou ficando entediado. Por conta disso, voltou a trabalhar, agora em portaria. "Você trabalha muitos anos, cansa e já pensa na aposentadoria. Quando chega, tem a euforia, mas aos poucos vai caindo a ficha. Eu peguei fator previdenciário, que tem uma perda de renda, ganhando menos do que antes. Fiquei dois anos parado e começou a dar um tédio, aí arrumei um trabalho mais leve. Me sinto útil e tenho uma renda a mais", explica.

Para Laercio, a socialização também é importante e, trabalhando, ele consegue ver mais pessoas. "Minha esposa trabalha ainda, os filhos já são casados, então em casa dava um desespero, uma agonia, por ficar o dia todo só vendo TV. Não bebo, sou bem caseiro, mas achei que ia ficar até doente, porque tem hora que não tem mais o que inventar em casa. Gosto muito de manter contato com as pessoas, conversar com gente mais jovem, até venho trabalhar de ônibus para ver pessoas", comenta.

Já sobre a renda, ele conta que seria até viável ter mais lazer, em vez de voltar a trabalhar, mas só a aposentadoria não permite esse estilo de vida. "No meu caso, se eu tivesse uma aposentadoria razoável, para ter mais tranquilidade, ia passear, viajar, mas a renda não dá, tem que complementar. Conheci muita gente que parou de trabalhar e voltou, e teve gente que começou a beber o dia inteiro e a bebida matou. Tenho boa saúde, graças a Deus, então vou trabalhar enquanto puder."

RENDA

Em Jundiaí, entre os beneficiários do INSS, ainda de acordo com dados de 2022, há aposentados por idade, tempo de contribuição e invalidez, além de pensionistas por morte, quem recebe auxílios e outros benefícios previdenciários. Deste total, apenas 3.957 são aposentados pelo INSS, sendo, à época, R$ 2.270,56 a renda média mensal. Já em relação ao total de beneficiários da previdência, 16.118, com renda média de R$ 2.147,39.

Dados do IBGE, de 2021, mostram que, no munciípio, o salário médio mensal dos trabalhadores formais é de 3,3 salários mínimos. Isso mostra que, de fato, após a aposentadoria, há perda de renda dos beneficiários, o que faz com que aposentados tenham perda no padrão de vida e precisem, muitas vezes, trabalhar, para que possam continuar mantendo os gastos que tinham.

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