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Jundiaí poderia ter o dobro de aprendizes que tem atualmente

Nem 1% dos trabalhadores formais de Jundiaí são aprendizes, em um universo de 306 mil trabalhadores com carteira assinada no município

Por Nathália Sousa | 07/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Divulgação

A contratação de aprendizes poderia ser maior de acordo com a capacidade das empresas
A contratação de aprendizes poderia ser maior de acordo com a capacidade das empresas

Jundiaí tem bons índices de emprego em diversas áreas, mas, assim como o país, não tem preenchidas a quantidade de vagas de aprendizes que poderia ter. No município, de acordo com as cotas da Lei de Aprendizagem, há potencial para 5.125 vagas de aprendizes, sendo 1.111 no Comércio, 1.599 em Serviços, 1.836 na Indústria, 4 na Agricultura e 575 em Transportes. Só que atualmente há um pouco mais da metade desse número de aprendizes na cidade.

Segundo a Lei de Aprendizagem Profissional (10.097), todas as empresas de médio e grande portes devem manter em seus quadros de funcionários entre 5% e 15% de adolescentes e jovens na faixa de 14 a 24 anos.

Supervisora da unidade de Jundiaí do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) Letícia Rodrigues diz que, embora o setor de Serviços seja o maior em emprego total, a Indústria é o setor que mais emprega aprendizes. "A Indústria, com certeza, é o setor que mais emprega em Jundiaí. Hoje, dentro dos segmentos autorizados a contratar aprendizes, o maior é a Indústria, seguido pelos Serviços e Comércio."

Ela lembra que a aprendizagem permite aos jovens conciliar o trabalho com a escola. "O programa de aprendizagem é a porta de entrada para que a pessoa adquira experiência e veja se aquilo vai de encontro com o que ela deseja para a carreira. Auxiliar administrativo e auxiliar de comércio e varejo, por exemplo, tem acesso a uma fatia do setor de uma empresa, mas acaba conhecendo tudo o que a área pode oferecer e pode se interessar por outros setores, como trabalhar no RH, mas ter contato com o setor contábil, engenharia", explica.

Ainda segundo Letícia, a aprendizagem dá experiência a quem nunca trabalhou. "O programa de aprendizagem não tem exigência de experiência e dá a condição da aprendizagem teórica e prática. O CIEE dá essa formação e o jovem pode colocar no currículo. Isso é muito considerado. A empresa considera bastante e a conduta do jovem em um processo seletivo já é diferente, porque ele já teve uma experiência", lembra.

Letícia diz que mais da metade dos aprendizes costumam ter efetivação e podem iniciar a carreira onde foram aprendizes. "Muitas vezes, não há efetivação por causa de orçamento da empresa ou por causa da cota que a empresa precisa ter de aprendizes, então acabam precisando despensar o aprendiz para contratar outro no lugar. O CIEE tem em torno de 55% a 60% de índice de efetivação, o jovem tem oportunidade na própria empresa em que começou a carreira."

OPORTUNIDADE

Aprendiz, mas prestes a ser efetivado, Gabriel Deuri, de 18 anos, trabalha em Indústria e diz que conseguiu a vaga após uma inscrição on-line. "Na época, eu estava desempregado, nunca tinha trabalhado registrado, me inscrevi em um mutirão, mas só tinha vaga para uma empresa. Então, me orientaram para que eu me inscrevesse pela internet. Me inscrevi e me chamaram para uma entrevista, teve uma dinâmica, um tour pela empresa e, no final, perguntaram qual setor a gente tinha gostado mais. Eu falei que tinha sido a parte de laboratório e foi justamente a área que eu comecei a trabalhar quando a empresa me contratou", lembra ele sobre a notícia de que tinha conseguido a colocação de aprendiz.

Para ele, o programa de aprendizagem foi a melhor porta de entrada para o mercado de trabalho. "Eu nunca poderia imaginar que ia entrar em uma multinacional, o CIEE fez essa ponte. Antes eu também não sabia como me portar, era bastante quieto, calado. Nas aulas do CIEE, a gente sempre tinha conversas em grupo, apresentações, então diminui a vergonha e ajuda a ser alguém na empresa, ajuda a saber o que devo ou não fazer. Acho que foi bem importante. No começo é cansativo conciliar com escola, mas é gratificante, faz você se sentir importante", pontua.

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