HISTÓRICO

Compulsão alimentar não acontece de uma hora para outra

O tratamento deve ser interdisciplinar, a fim de garantir que a relação com os alimentos não seja mais um problema

Por Nathália Sousa | 25/03/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Reprodução / Creative Commons

O tratamento deve ser interdisciplinar, a fim de garantir que a relação com os alimentos não seja mais um problema
O tratamento deve ser interdisciplinar, a fim de garantir que a relação com os alimentos não seja mais um problema

A compulsão alimentar chega aos poucos, precisa ser entendida e exige um tratamento interdisciplinar. Diferente de outras relações complicadas, a alimentação, que é diária e necessária, não pode ser simplesmente excluída da vida das pessoas. Neste caso, os transtornos alimentares têm diagnósticos difíceis, assim como os tratamentos. Pode não ser fácil identificar algo que vem acontecendo de maneira gradativa e, mesmo quando vem à consciência que a situação não é normal, sair de algo cíclico também não é tarefa fácil.

Em entrevista nesta segunda-feira (25) na Rádio Difusora, a psicóloga Giovanna Silva de Mello e a nutricionista Nádia Cristina falaram sobre a compulsão alimentar, problema que atinge muitas pessoas, mas que ainda não tem um debate amplo e compreensivo em todos os ambientes sociais.

De acordo com Giovanna, os pacientes muitas vezes só se dão conta do transtorno por causa das mudanças físicas. "A investigação começa realmente pelo corpo. A estética, a imagem corporal. As pessoas chegam com essa dificuldade. 'Eu me olho no espelho e não gosto do que vejo, eu me perdi de mim. Acordei e reparei que estava assim, que subi 20 kg na balança'. A gente começa uma investigação e tem uma anamnese, busca um histórico", conta ela sobre o diagnóstico.

No entanto, nem todo episódio de alimentação excessiva caracteriza compulsão, como lembra Nádia. "Existe uma confusão que é muito feita. É a pessoa que em momento de estresse come uma caixa inteira de bombom, ou vai em um rodízio de pizza e come até passar mal. Isso não caracteriza um transtorno. Para se ter de fato um diagnóstico de compulsão ou qualquer outro transtorno alimentar, existem várias coisas que são observadas."

"Normalmente, você precisa ter esse episódio mais de duas vezes na semana e por um período de pelo menos três meses seguidos", explica a psicóloga.

Giovanna reitera ainda que o tratamento com especialistas é necessário, pois questões psicológicas estão ligadas aos transtornos alimentares, como a compulsão. Há um cenário de fundo. "Não é toda dieta que vai gerar um transtorno, mas todo transtorno alimentar nasce de uma dieta restritiva. Mas precisa de outras predisposições. Preocupação excessiva com a imagem corporal, baixa autoestima, normalmente acumulam-se outras questões e isso pode vir a acontecer."

A nutricionista Nádia defende que a relação com os alimentos não pode ser um problema. "A gente já tem muito estresse na vida e a alimentação não tem que ser mais um problema. Pelo contrário, tem que ser a solução."

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