Tiago passou por problemas durante a infância e adolescência, por conta de sua sexualidade, mas os acontecimentos, para ele, foram como um impulso para inspirar outras pessoas.

“É muito difícil falar sobre minha trajetória. Eu sofri muito pela minha cor e sexualidade, eu não era másculo como esperado, então isso se refletia em bullying e violência física. Lembro de um dia que eu estava saindo da escola e um menino me deu uma rasteira, eu caí no chão e minha boca estava sangrando, quando eu cheguei em casa e fui me limpar, eu pensei: ‘Isso nunca mais vai acontecer comigo, eu vou me impor’, foi uma violência, mas para mim, naquele momento, foi um impulso, eu continuei. Escrever era minha válvula de escape. Essa veia artista e comunicativa sempre esteve comigo, desde criança”, conta o escritor.

Tiago, de 30 anos, já possui duas obras publicadas, “Cemitério de Orquídeas” e “Santana”, que representam histórias de diversas pessoas.

“Entendo que qualquer livro representa algo para alguém e é com isso com que as pessoas se identificam. No meu caso, cada livro tem um certo tipo de representatividade. O ‘Cemitério das Orquídeas’ fala sobre aprender a enfrentar desafios e ter empatia pelo próximo, já ‘Santana’ é um livro dedicado a mulheres e principalmente aos diferentes tipos de famí lias que existem. Nos livros eu procuro falar com todos, sob o olhar de situações cotidianas. As maiores representatividades estão a nossa volta é só prestar atenção”, aponta ele em entrevista.

O terceiro livro de Tiago, terá o nome de “Labirinto da Loucura” e continuará com a saga de representatividade do autor, o livro vai trazer como cenário o que as pessoas são capazes de fazer em nome do dinheiro.

“O que eu escrevo não é só pra mim, outra pessoa pode se inspirar ou se sentir representado, sempre há um tipo de troca”, relata o ele.

REPRESENTATIVIDADE

Tiago conta que só abriu os olhos sobre sua realidade e que ela não era normal na faculdade.

“Eu fui me descobrir na faculdade, refletir quem eu era e até onde eu cheguei. Tudo o que eu passei até aquele momento, para mim, era algo comum, era meu dia a dia, qualquer coisa que eu sofria na escola era algo rotineiro e eu achei que a vida seria assim para sempre. A educação me fez refletir muito sobre minha vida, ela transforma e muda o olhar das pessoas”, comentou.

Quando adulto, Tiago se inseriu em coletivos teatrais, “Núcleo XIII de Artes Dramáticas” e “Teatro Preto CLP”, coletivo que interpreta algumas personalidades brasileiras que foram importantes para a construção da história afrodescendente do país. Tiago Pinheiro irá eternizar a memória de Jorge Lafond, mais conhecido como Vera Verão, no dia 12 do próximo mês (4), às 18h no YouTube, pelo link: https://www.youtube.com/ channel/UCvddbnUJlBvz080hrVimyew

Tiago se sente encantado inspirando as pessoas após passar por tantas dificuldades, como conta.

“Sinto orgulho e reflito sobre tudo o que passei até chegar aqui. Espero que esses adolescentes, que leram meus livros, também possam inspirar os outros.”