Para o aniversário de Jundiaí, é esperada a inauguração do Centro das Artes, que esteve fechado durante anos. Ao oferecer o espaço reformado, há intenção de restabelecer a memória do jundiaiense com o equipamento, sobretudo a Sala Glória Rocha, ou a intenção é construir uma nova visão do munícipe sobre o espaço?

O Centro das Artes é a primeira grande entrega do centro histórico enquanto espaço histórico, cultural e de memória. Como já é prática da nossa gestão, tanto o processo de revitalização do espaço, quanto a reinauguração, contaram com as contribuições da classe artística. Nosso propósito permite a retomada da memória daquele local e a lembrança dos artistas referentes aquele local. Vale ressaltar ainda que, finalmente, esse equipamento cultural vai ser destinado 100% a essa vocação cultural.

Desde 2017, Jundiaí tem ações voltadas à política da Cidade das Crianças. Neste ano o município foi sede da Rede Brasileira das Cidades das Crianças. A cidade chegou em um limite ou há mais ações previstas para 2024 a fim de ampliar a atenção à infância?

O programa Cidade das Crianças, que concentra as políticas públicas prioritárias com foco na infância, possui oito eixos norteados das ações intersetoriais previstas pela prefeitura. Um desses eixos é promover a participação das crianças e isso envolve a continua escuta dos nossos meninos e meninas, que muito têm contribuído, tanto para o planejamento urbano, quanto para a tomada das decisões que as impactam diretamente. Outro eixo é a participação de redes internacionais e, assim como em 2023, espera-se a adesão de novos integrantes como da Rede Brasileira de Cidade das Crianças, que temos a honra de sediar. Recentemente, durante cúpula das Mercocidades, no município de São Paulo, formalizamos a criação de uma unidade temática, que é um grupo de trabalho dentro dessa rede, com foco nas infâncias. A partir de agora, iniciam-se as atividades coordenadas por Jundiaí. Ainda temos muito trabalho pela frente.

No último Censo do IBGE, foi constatado que a população de Jundiaí aumentou além da estimativa feita anteriormente e, durante a pandemia, alguns bairros cresceram muito, com vários lançamentos imobiliários. Com isso, é perceptível também a constância maior de pontos de trânsito carregado em algumas vias do município. Há obras de mobilidade pela cidade, considerando curto e médio prazos, mas, a longo prazo, o que é pensado para o município?

Muito importante essa pergunta. Mobilidade é um assunto que impacta diretamente o dia a dia de uma cidade. Por isso, preparamos um plano mobilidade, que identificou todos os gargalos do município, bem como traz soluções para cada um deles. A obra na avenida Frederico Ozanan é uma das soluções para a mobilidade em Jundiaí. O investimento nesta importante via para a cidade é da ordem de R$ 143 milhões. O Complexo da Região é outro empreendimento essencial para o trânsito no município. Além do sistema viário, o plano contempla ainda transporte público, transporte por bicicleta e circulação de pedestre. Até 2030, o documento precisa ser atualizado. Teremos ainda iniciativas e obras de melhorias como alargamentos e readequações de calçadas, manutenção e ampliação de sinalizações verticais e horizontais, implantação de ciclovias, construção de transposição em rodovias para viabilizar o transporte de cargas, entre outras intervenções.

Também falando sobre mobilidade, haverá uma nova concessão para o transporte público da cidade, além da gestão dos terminais, e a licitação prevê um longo período de operação. O munícipe pode esperar um serviço mais atrativo para o uso dos ônibus de Jundiaí, a fim de melhorar a mobilidade da cidade? E o município, espera adesão maior ao transporte coletivo nos próximos anos?

O nosso propósito é que o munícipe utilize cada vez mais o transporte público. Por isso, estamos investindo forte neste setor. Em junho deste ano, entregamos 68 novos ônibus para renovar a nossa frota, bem como reforçar e ampliar as linhas, com a criação de traçados diretos, que reduzem o tempo de deslocamento. Essa foi a maior quantidade de veículos entregues de uma única vez nos últimos 20 anos. Vale ressaltar ainda que todos esses veículos contam com motores mais eficientes e menos poluentes e também dispõem de equipamentos como ar-condicionado, câmeras de segurança, wi-fi e carregador de celular. A melhoria do sistema de transporte público e a concessão do serviço são feitos de maneira muito transparente pela administração, com a participação direta da população por meio de audiências públicas.

Chegado o fim do ano, calha de a Terra da Uva fazer aniversário na época de colheita da Uva Niagara, um símbolo da cidade. A manutenção da tradição rural de Jundiaí caminha para a exploração maior do turismo em detrimento da produção em si? Tem sido satisfatório o retorno relacionado a isso para a cidade e produtores?

A produção agrícola e o turismo rural são atividades que se complementam e abrem novas oportunidades aos produtores para a geração de trabalho e renda. Gostaria de ressaltar que Jundiaí recebeu, pela terceira vez, o Prêmio Top Destinos Turístico na categoria Turismo Rural. O município se consolidou como um dos principais destinos daqueles que procuram pelo Turismo Rural no estado de São Paulo, registrando crescimento de 166% no número de estabelecimentos agregados em uma década. Entre as nossas cinco rotas rurais, temos mais de 80 empreendimentos que atuam no setor.

Jundiaí foi destaque nacional na pandemia por causa das ações de desemparedamento nas escolas. Essas ações de brincar e aprender ao ar livre guiam a concepção de infância que foi perdida ao longo dos anos, com o crescimento da cidade e a sensação de insegurança de pais e mães?

Um outro eixo do programa Cidade das Crianças é o direito de brincar e que trata da importância das brincadeiras para essa fase da vida. O desemparedamento da escola, enquanto metodologia, já era uma realidade na rede municipal de educação, mesmo antes da pandemia, mas que se concretizou como prática na volta segura às aulas presenciais. Alinhada ao currículo jundiaiense do programa Escola Inovadora, a iniciativa tem como foco explorar as possibilidades pedagógicas e de aprendizagens em contato com a natureza dos conteúdos didáticos vistos dentro da sala de aula.

Jundiaí tem obras de equipamentos de Saúde para ampliar o atendimento à população. Há hoje equipamentos de Saúde, como UBSs, "afogados" pela demanda de especialidades, sem considerar pronto atendimento? Consultas agendadas tiveram aumento de demanda nos últimos anos e novos prédios da Saúde visam equacionar essa demanda?

As Unidades Básicas de Saúde (UBS) têm atendido às demandas da população. Temos dois modelos de atendimento nas nossas UBSs. Um deles, oferece atendimento com clínico geral, ginecologia e pediatria. No outro, alinhado ao programa Saúde da Família, temos o médico generalista, que faz a consulta. Caso precise, o paciente é encaminhado às consultas com especialistas. Vale lembrar ainda que, entre 2017 até o primeiro semestre de 2023, a Prefeitura de Jundiaí entregou reformas e construções em onze Novas UBSs e duas Clínicas da Família (Novo Horizonte e Hortolândia), o que ampliou a estrutura e os serviços da Atenção Básica. Está em construção a Clínica da Família e PA Ponte São João, com investimento de mais de R$ 13 milhões nas obras, e o Ambulatório de Especialidades Médicas e Diagnósticos e Pronto Atendimento Vila Progresso, com mais de R$ 14,2 milhões. O Ambulatório será semelhante ao AME (do Estado). Serão 34 consultórios e salas para exames, terapias, procedimentos e pequenas cirurgias. Com a entrega desses dois equipamentos, Jundiaí fecha o ecossistema planejado: quatro grandes equipamentos nas quatro regiões da cidade – serviços resolutivos próximos das casas das pessoas. Sobre a demanda de especialidades, a Prefeitura implantou em 2021 a teleinterconsulta e o telediagnóstico na Atenção Básica de Saúde - modelo inovador que tem garantido resolutividade e reduzido, em algumas modalidades, em até 30 dias, o tempo de espera para a consulta, proporcionando a equalização de filas de espera de especialidades. Em setembro deste ano, com investimento de R$ 3,6 milhões, a Prefeitura de Jundiaí deu início ao mutirão de consultas especializadas. Serão realizados cerca de 15 mil atendimentos para equalizar, em até 180 dias, a fila de espera de especialidades. Também serão realizados 60 mil exames. Já foram realizadas aproximadamente 7200 consultas no acumulado (setembro a dezembro).

Muitos jundiaienses associam a sensação de insegurança à presença de pessoas em situação de rua e pedintes na cidade, algo que pode-se ver em outros municípios, mas, frequentar o Centro, é algo que muitos jundiaienses já evitam. Jundiaí tem um trabalho social ativo com essa população, mas a revitalização do Centro tende a ser efetiva em relação à ocupação do espaço para além da questão imobiliária?

Exato. O nosso objetivo é transformar o Centro considerando vários eixos, como a ocupação dos espaços públicos, a formação de um corredor cultural repleto de opções, além de conforto e segurança para quem vive e para quem frequenta o Centro. São várias ações previstas, como a reforma de praças, sendo uma delas a Praça das Rosas, que está com obras em andamento, e a implantação desse corredor cultural que vai unir o novo Centro das Artes, o Teatro Polytheama, a Pinacoteca e o Espaço Expressa, que futuramente também vai contar com um Parque Urbano. Paralelamente a essas ações, implantamos uma nova iluminação de LED em várias ruas e avenidas e também um novo desenho viário focado no protagonismo e na segurança do pedestre. Também ampliamos o Serviço Especializado de Abordagem Social às pessoas em situação de rua. Agora, são três equipes que trabalham em toda a cidade, 24 horas por dia. Com o reforço de pessoal, um novo veículo também foi disponibilizado. Queremos resgatar o Centro e torná-lo cada vez mais atraente. Estamos muito engajados nesse projeto.