REPRESENTAÇÃO

Presença de vereadoras inspira mais pautas voltadas a mulheres

Única mulher na Câmara de Jundiaí conta como homens também têm aderido ao lugar de fala das políticas públicas femininas

Por Mariana Meira | 16/07/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Jornal de Jundiaí

Divulgação

Atual legislatura da Câmara de Jundiaí (2021-2024) tem apenas uma mulher entre 18 vereadores
Atual legislatura da Câmara de Jundiaí (2021-2024) tem apenas uma mulher entre 18 vereadores

Existe uma leitura possível dentro de movimentos feministas segundo a qual o lugar de fala para debater assuntos referentes aos desafios enfrentados pelas mulheres na sociedade é exclusivo delas. Há um desafio imensurável, no entanto, quando, na hora de cravar essas discussões, faltam figuras femininas para participar.

É o que acontece na Câmara Municipal de Jundiaí, onde, de um total de 19 cadeiras, apenas uma é ocupada por uma mulher. Quézia de Lucca (PL) foi eleita para a legislatura de 202' a 2024 depois de um hiato de quatro anos sem representatividade feminina no plenário, e, ao longo de sua vereança, tem precisado do apoio dos vereadores para aprovar proposições que deliberam em prol das mulheres. "Acredito que legislo para todos da cidade, homens e mulheres, independente de cor, raça, religião e gênero. Porém eu sou a única mulher hoje da Casa, e nada mais justo que existam pautas de defesa da mulher. Nós precisamos disso, e inclusive precisamos de mais mulheres na política", afirmou, em entrevista à Rádio Difusora na última semana.

Vivendo a política diariamente, Quézia enxerga de perto algumas das causas que motivam a baixa representatividade feminina em casas legislativas - uma realidade longe de ser exclusiva de Jundiaí e observada também em outras Câmaras de cidades da região. Os espaços majoritariamente ocupados por homens, por exemplo, tornam o protagonismo feminino uma luta. "Não é nada fácil, e muitas mulheres que têm esse desejo acabam se dispersando e desistindo", aponta.

Por outro lado, ela acredita que sua presença na Câmara de Jundiaí tem motivado vereadores a fortalecerem as discussões sobre políticas públicas para mulheres. Quézia tem, aprovados, vários projetos de lei que deliberam sobre mulheres, entre eles um de 2022, que institui o programa "Mulheres de Peito", de apoio às mulheres com câncer de mama. Há outras matérias protocoladas por ela, como outro projeto, ainda aguardando inclusão na ordem do dia, que institui o programa "Meninas Fortes", de formação de liderança para meninas adolescentes. "E percebi que depois que eu assumi meu primeiro mandato, percebi que alguns vereadores também entraram com pautas de defesa da mulher. Acho interessante quando um homem faz isso, dá oportunidade, dá igualdade", opina.

Daniel Lemos (DEM) é um dos vereadores da Casa a manter um espaço reservado para as mulheres em sua vereança. Em 2021, ele alterou uma lei de 2016, que instituía o programa "Viver Aqui", de implantação de empreendimentos habitacionais de interesse social, para prever reserva de unidades a mulheres vítimas de violência doméstica. Ele é autor ainda de um projeto de lei, em espera pela inclusão na ordem do dia, que altera a lei que permite, nas condições que especifica, acesso de doulas em estabelecimentos onde se realizam parto e serviços correlatos, para assegurar o porte de instrumentos de trabalho na sala cirúrgica.

"Nós vereadores homens  podemos e devemos ajudar a criar leis e políticas mais abrangentes e eficazes. Além disso, ao apoiar ações adotadas para as mulheres, podemos contribuir para a construção de uma sociedade mais equitativa, onde todos tenham as mesmas oportunidades e direitos", diz o parlamentar.

Segundo ele, a participação dos homens também ajuda a quebrar as crenças culturais de que há hierarquia de gênero, o que ele considera prejudicial para a construção de uma sociedade em que há respeito, igualdade e diversidade. "Isso pode ter um impacto positivo tanto na esfera pública quanto na vida cotidiana, ao fomentar relações saudáveis e igualitárias entre os gêneros", completa.

Para Quézia, ainda há muito a se trabalhar, mas é possível ver o processo com otimismo - a começar com um convite para que mais mulheres entrem na política. "Quero mostrar para elas que nós podemos nos unir cada vez mais, não só para cargos de vereadora, mas também para cargos que elas desejarem e sonharem ocupar. Nós somos capazes e podemos estar onde nós quisermos."

'Nós podemos estar onde nós quisermos', diz vereadora Quézia
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Daniel Lemos é autor de proposições em defesa das mulheres
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