´CAMPO LIMPO

Presidência da APAE é afastada após prefeitura assumir controle

Executivo interviu ontem após meses sem acordo com entidade, acusada de fraudar laudos médicos e outros documentos

Por Mariana Meira | 12/07/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Prefeitura de Campo Limpo Paulista

DIVULGAÇÃO

Equipe de intervenção realizou reunião com famílias de assistidos pela APAE para explicar situação
Equipe de intervenção realizou reunião com famílias de assistidos pela APAE para explicar situação

A presidência da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Campo Limpo Paulista foi afastada ontem (11), quando a Prefeitura Municipal assumiu a administração da entidade, recentemente. A informação é da própria APAE à reportagem do Jornal de Jundiaí, após anúncio oficial, uma noite antes, sobre a intervenção do Executivo em meio a investigações de denúncias de fraudes na instituição.

Segundo a Prefeitura de Campo Limpo Paulista, foi ontem pela manhã quando o poder público deu início a um trabalho mais rigoroso de acompanhamento da rotina da APAE, que está sem repasses estaduais desde o início do ano para averiguar as suspeitas de irregularidades e funcionando com outras verbas para manter a prestação de serviço aos cerca de 580 usuários atendidos mensalmente.

Por telefone, a instituição confirmou que a partir de agora passa a dividir o espaço de atendimento com representantes da prefeitura, que vão acompanhar o trabalho “na intenção de melhorar”, principalmente “na parte técnica de atendimentos”. Disse ainda que o afastamento da presidência é “por período indeterminado”, mas que os serviços “continuam normalmente”.

Também ontem, segundo a prefeitura, houve uma conversa entre a equipe de intervenção e famílias das pessoas assistidas, para explicar sobre o que se passa nos trâmites burocráticos da instituição.

IMBRÓGLIO

No início deste ano, o Governo do Estado de São Paulo suspendeu o repasse para averiguar denúncias de fraudes que haviam sido encaminhadas à Prefeitura Municipal. Ao acompanhar o caso, o Executivo se deparou com situações graves, entre elas a falsificação de 81 laudos médicos enviados à Delegacia Regional de Ensino.

A investigação aponta ainda listas de alunos matriculados tanto no município como no Estado, depoimentos de funcionários e corpo clínico que indicam indícios de falsificação de documentos. Diante da apuração, a prefeitura buscou apoio da Justiça e oficiou o Ministério Público Estadual e Federal, bem como acionou a Polícia Civil, que registrou Boletim de Ocorrência (BO) por falsificação e omissão/ supressão de documentos.

Nesse período, no entanto, o Executivo não teve sucesso ao buscar acordos com a APAE, mesmo após inúmeras tentativas e propostas. A FEAPAES (Federação das APAES do Estado de São Paulo) também foi acionada, mas não obteve resposta.

Em março, o prefeito municipal, Luiz Braz, realizou uma reunião com representantes da APAE. Na ocasião, o chefe do Executivo demonstrou preocupação com a continuidade dos serviços ofertados pela associação. Naquele dia, a entidade se comprometeu a enviar uma data em que levaria para apreciação da diretoria uma proposta apresentada pelo prefeito, além de gestores jurídicos, da Saúde, Educação e Casa Civil (Alessandra Andrade, Luciana Cologni, Alynne Sousa, Roberto Suardi e Leandro Bizetto).

Em abril, a prefeitura, ainda sem um parecer da APAE, realizou uma nova reunião sem desfecho.

O QUE MUDA

A intervenção realizada na manhã de ontem é uma ação mais rígida da Prefeitura de Campo Limpo Paulista após não conseguir outro tipo de acordo com a APAE. Ela vigorará por um período de 12 meses, de acordo com decreto municipal - mas esse prazo pode ser menor ou maior, dependendo da necessidade do interesse público ou desenrolar do processo.

Na prática, segundo nota da prefeitura, nada muda para o público assistido pela entidade. Ela afirma que “o serviço continua sendo prestado sem mudanças na rotina de pais e alunos que frequentam a APAE”, e que espera que, “com a melhor gestão de recursos, será possível futuros investimentos para melhorar os serviços”.

Esclarece também que, desde o início das investigações, não houve prejuízos no atendimento, com manutenção de “funcionários, merenda e produtos de limpeza”.

Quanto à administração financeira, apesar do corte de repasses do governo estadual, a prefeitura explica que a APAE continuou a receber verbas de outras fontes - do SUS Saúde e do FUNDEB Educação, por meio de termo de fomento.

“Da Assistência Social, repasse através de Termo de Colaboração que tem recurso Federal, Estadual e Municipal, o que totaliza 1 milhão e meio ao ano”, completa, ainda por meio de nota. O convênio com o Estado, já rompido, era de quase R$ 500 mil.

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