INDÚSTRIAS

Setor produtivo teme baixa com novo arcabouço fiscal

Para o CIESP Jundiaí, aumento do ‘teto de gastos’ previsto na nova regra pode elevar juros e afetar empresas

Por Mariana Meira | 03/04/2023 | Tempo de leitura: 2 min
Jornal de Jundiaí

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Ciesp de Jundiaí tem, hoje, cerca de 400 indústrias associadas
Ciesp de Jundiaí tem, hoje, cerca de 400 indústrias associadas

Representantes da indústria da região de Jundiaí ainda não sabem muito bem o que esperar da proposta de novas regras do Ministério da Fazenda. Uma das principais preocupações que já aparecem, no entanto, é com relação à elevação do limite do aumento das despesas públicas à inflação do ano anterior, o chamado “teto de gastos”. O novo arcabouço fiscal foi apresentado na última quinta-feira (30), pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento.

Na opinião do segundo vice-presidente do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e primeiro diretor secretário da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Vandermir Francesconi Júnior, a mudança dessa regra, mesmo que com o objetivo, a médio e longo prazos, de tirar as contas do governo do vermelho, pode trazer consequências indiretas negativas ao setor.

“Se o governo gastar mais do que recebe, ele não cresce da maneira como deveria crescer e faz os juros subirem. É difícil que uma indústria consiga sobreviver com taxas tão altas assim”, disse, em entrevista, ao vivo, no programa “Difusora 360”. Para Francesconi, se esse for o cenário instalado no Brasil, não só as pessoas terão mais dificuldade de arcar com as próprias despesas familiares, como também as indústrias terão ainda mais dificuldade em operações como compras de novos equipamentos, que já custam caro quando adquiridas dentro do território nacional.

“O resto do mundo tem taxas de juros menores. E se você compra com juros menores, você consegue gerar novos empregos, porque um aparelho novo traz uma nova tecnologia e isso movimenta. Mas já saímos atrás em relação aos outros países.”

Segundo dados do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a confiança do setor industrial caiu 2,2 pontos em janeiro de 2023 na comparação com dezembro de 2022, recuando de 50,8 para 48,6 pontos.

Atualmente, segundo Francesconi, são cerca de 400 indústrias da região de Jundiaí associadas ao CIESP. O número se mantém estável nos últimos anos, com projeção de expansão futura, tendo em vista os recentes investimentos comerciais e logísticos no município.

Mas a forma como, exatamente, essas empresas vão sentir os efeitos da macroeconomia, vai depender do desempenho da receita - e do mundo - às decisões do governo federal, uma vez que, segundo Francesconi, a questão da alta de juros é algo que “atravanca e afugentam investimentos”.

Na última semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não haverá aumento de carga tributária para cumprimento da proposta de nova regra fiscal. No entanto, ele próprio anunciou o envio de um pacote de medidas ao Congresso na semana que vem para ampliar as receitas do governo em até R$ 150 bilhões.

Na prática, a ideia é passar a taxar setores econômicas que hoje são beneficiados com isenções ou que precisam ser regulamentados para pagar impostos. Mas não houve ainda detalhamentos de quais seriam os setores atingidos.

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