ENTREVISTA

'Tem muitas obras em andamento, mas protagonismo é dos jundiaienses'

No aniversário da cidade, prefeito Luiz Fernando comemora situação atual de Jundiaí, com contas em dia e obras em andamento

Por Niza Souza | 14/12/2022 | Tempo de leitura: 9 min

Divulgação

Prefeito Luiz Fernando Machado faz um balanço da cidade neste aniversário de 366 anos
Prefeito Luiz Fernando Machado faz um balanço da cidade neste aniversário de 366 anos

Aos 45 anos, seis deles no comando de Jundiaí, o prefeito Luiz Fernando Machado (PSDB) diz que há muito o comemorar neste aniversário de 366 anos do município. “A cidade está num bom momento. Com as contas em dia, recursos próprios em caixa para investimentos e muitas obras em andamento”, afirma.

Por outro lado, ele revela que ainda há muito a fazer, principalmente na questão da mobilidade urbana. Mas, nos próximos dois anos, os últimos de seu segundo mandato, ele afirma que pretende entregar obras que vão destravar a cidade e deixá-la no “caminho certo” para seu sucessor.

Nesta semana, o JJ conversou com o prefeito para fazer um balanço do que o jundiaiense tem para comemorar.

Jornal de Jundiaí – O que o jundiaiense tem para comemorar este ano?

Luiz Fernando Machado – Acredito que a população tem muito a comemorar, não pela retórica, mas pelos dados que a cidade apresenta. É uma cidade que conseguiu conjugar a elevação de riqueza com desenvolvimento social. Somos o 7º PIB [Produto Interno Bruto] do Estado de São Paulo e 17º do Brasil. E o 4º IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] do Estado e o 11º do Brasil. A renda se transformou em oportunidade social em Jundiaí. Acredito que razão para comemorar é pelo modelo com que hoje o país e o mundo nos reconhecem. Somos uma cidade internacionalizada. Uma cidade reconhecida internacionalmente pela aplicação de recursos e transformação desses recursos em políticas públicas que gerem valor e riqueza para o morador daqui.

JJ - E o senhor faz parte dessa história.

LFM - Tenho muito orgulho de entender que sou parte desses 366 anos, mas que aqueles que tiveram oportunidade de governar Jundiaí, independentemente de partido político, também deixaram sua contribuição. Jundiaí é uma cidade que se adaptou a uma institucionalidade, a uma governança que faz com que a cidade seja muito maior que seus políticos. Acho que a comemoração que a cidade tem a fazer é exatamente esse senso do jundiaiense em reconhecer seu papel no desenvolvimento da cidade. E reconhecer também o papel dos gestores no desenvolvimento da cidade. O protagonismo nesse aniversário da cidade é dos jundiaienses. Eles são protagonistas da história tão bonita que está sendo construída aqui.

JJ – Qual é esse papel da população?

LFM – É um papel individual para a construção de um bom coletivo. De alguém que milita, que trabalha, desenvolve seu trabalho. Esse é o protagonista da cidade. Importante dizer que governo nenhum é gerador de receita. Somos administradores da receita gerada pelas pessoas. Se Jundiaí tem capacidade de gerar receita e distribuir renda, é porque temos cidadãos capacitados que têm esse protagonismo, esse papel na cidade. Nós gestores somos agregadores de receita gerada pelo cidadão. Jundiaí é rica porque tem indústria, tem empresa, tem comércio, tem serviço, tem o cidadão. Por isso acho que é dele o papel de protagonismo. Nós somos os maestros dessa orquestra que faz com que a cidade funcione. Jundiaí hoje é visitada pelo mundo porque tem boas referências e políticas públicas. Fazer um prédio bonito é fácil, basta ter um bom arquiteto e um engenheiro. Mas como ele está funcionando. É só ir na Emeb Candelário de Freitas para entender porque tem de ter orgulho de Jundiaí. O prédio é um detalhe. Agora como fazer desse prédio um espaço de protagonismo para as pessoas. Por isso vejo, com humildade, que Jundiaí está no caminho certo. Tem muitos passivos, muita coisa para resolver. Mas o caminho é correto.

JJ - Pode citar alguns desses passivos.

LFM –  A mobilidade tem recebido grande atenção. Em cidades de perfil de renda alta isso é um complicador maior. Somado a isso, Jundiaí é cortada por rodovias, que dividem lados da cidade que são adensados. Foram feitas as alças da Nove de Julho, o viaduto do Córrego das Valquírias. E ainda assim a cidade tem problema de mobilidade. Mas não podemos crescer perdendo qualidade de vida. Temos um terço de serra do Japi, um terço de zona rural e um terço de área urbana. Essa mescla é que faz com que a cidade tenha um clima melhor, que tenha qualidade de vida. A preocupação com a mobilidade é para que Jundiaí continue sendo uma grande cidade e não seja uma cidade grande. Porque a cidade grande tem passivos que a grande cidade não tem.

JJ – Qual a solução?

LFM – Falando dos investimentos estruturais recentes, o Governo do Estado de São Paulo firmou convênios de mais de R$ 143 milhões para serem aplicados no viário urbano, a exemplo da construção de um complexo viário na Região Sul da cidade. Já está em andamento a obra de infra-estrutura que contempla a construção de um viaduto e alças de acesso, interligando as avenidas Samuel Martins e 14 de Dezembro, passando sobre a rodovia Presidente Tancredo Neves, conhecida como Estrada Velha de São Paulo. Trata-se de um investimento previsto no Plano de Mobilidade Urbana de Jundiaí, que vai melhorar significativamente o trânsito daquela região, facilitando, inclusive, o acesso à Rodovia Anhanguera, importante eixo econômico de desenvolvimento da Região Metropolitana de Jundiaí. Dentro do pacote de obras está também o prolongamento da avenida Frederico Ozanan, entre a avenida 9 de julho e a rua Godoy Ferraz, fazendo conexão à avenida Luiz Latorre. O investimento do Governo do Estado também inclui a construção de duas pontes para conexão entre a avenida Frederico Ozanan e as avenidas Marginais do Córrego das Valquírias. Nosso desafio é como fazer com que uma cidade tão rica como Jundiaí, entre São Paulo e Campinas, continue tendo qualidade de vida.

JJ – Como conseguir isso, já que Jundiaí tem se tornado uma cidade dormitório, muitos paulistanos vindo morar na cidade?

LFM – Entendendo onde pode ter adensamento e onde não pode. Onde colocar loteamentos e onde verticalizar. Uma coisa é crescer com prédio, outra coisa é crescer com lote. Por exemplo, no Caxambu é inviável fazer verticalização. A água da cidade passa por ali. Então, como manter a região com qualidade de vida, sem degradação e com o mínimo de sustentabilidade econômica? Acredito que é reduzindo adensamento, não permitindo que seja construindo prédio, por exemplo. A cidade vai ter de pensar onde crescemos, como, por que crescemos. A cidade está crescendo e encarecendo. Isso afasta as pessoas mais pobres para a periferia. A valorização imobiliária por toda a cidade é impressionante. Esse é outro passivo que vamos ter de resolver. Como fazer para que as pessoas tenham renda compatível com o valor do metro quadrado que a cidade vende. Por isso temos uma busca incessante por, a partir dos serviços públicos, equilibrar o acesso. Se você tem uma boa escola, uma boa educação, você tem um processo de formação de ascensão das pessoas. A quebra do ciclo da pobreza se faz pela educação. E a gente acredita que isso seja feito pela educação e pela primeira infância.

JJ – Nestes seis anos como prefeito da cidade, qual a diferença do primeiro aniversário da cidade no cargo e de agora?

LFM – O primeiro aniversário foi em uma circunstância delicada, no final de 2017, tínhamos uma reorganização fiscal e financeira a fazer. A prefeitura passava por uma crise. Ficava na minha responsabilidade resolver a crise. Resolver o passivo que havia sido deixado. Então, eu estava numa tensão muito maior. Tinha uma necessidade de cortes de mato enorme. A gente com incapacidade de poder executar o contrato para fazer a manutenção das áreas verdes, 13º salário dos colaboradores do São Vicente atrasado, vale-alimentação atrasado na Prefeitura. A gente tinha uma circunstância completamente diferente de hoje. Foi um sacrifício, porque eu paguei no final de 2017 com minha própria popularidade com as decisões que tomei. Tinha um momento tenso e hoje tenho um momento de absoluta estabilidade. Todas as contas em dia, caixa com recurso próprio, investindo, pensando em investimentos, pensando no crescimento. A gente vive hoje um momento muito especial.

JJ – Qual obra ou projeto a ser entregue neste aniversário que o senhor destacaria?

LFM – Eu queria muito entregar neste momento a Sala Glória Rocha. Trabalhei muito para entregar agora em dezembro. Infelizmente houve um atraso na obra em relação à parte cênica. Vamos entregar em março. Vamos entregar um conceito. Vamos integrar a escada da escola, criar mecanismos de colocação de mesas na calçada, estimular a cultura no Centro. Vamos reformar as praças do Centro. Quando falo de entregar a Sala Glória Rocha, não é só isso. É o que vamos fazer no entorno. Vamos potencializar a região central. Em compensação, o que me deixou muito feliz foi ter encontrado o recurso para o financiamento do Jardim do Trânsito, que lançamos no último sábado, no Mundo das Crianças. Trabalho com a lógica que, se a gente der protagonismo para as crianças agora, a gente vai ter uma cidade com protagonismo econômico, vai ter uma cidade com protagonismo de sustentabilidade. A criança é a grande detentora da razão da cidade ser. A entrega da Clínica da Família da Vila Hortolândia faz parte desse cronograma. A gente não quis deixar para entregar em dezembro, ficou pronto e entregamos. Entregar obra é importante, mas entendo que a prefeitura é uma grande prestadora de serviço. As UBSs, as escolas, tudo precisa funcionar bem. Fico feliz em ver o serviço público funcionando. Entrar na (escola) Joaquim Candelário de Freitas e ver o funcionamento com 800 alunos. Isso é legado. Ver a redução da mortalidade infantil é legado. E isso não está ligado a nenhuma obra. A prestação de serviço atinge as pessoas.

JJ – Como o senhor quer estar no aniversário da cidade em 2024, quando termina seu mandato?

LFM – Quero ter entregue as UPAs da Vila Progresso e da Ponte São João. Quero ter concluído as fases do Mundo das Crianças. Preciso entregar as obras viárias que me comprometi. Foram 150 milhões de investimentos. Dia 2 de janeiro vamos publicar o edital para ver quem vai fazer essas obras. Como a obra da avenida Frederico Ozanan com ligação à região oeste da cidade; a Navarro de Andrade com ligação para a região do Cecap. Um desejo é o primeiro trecho do Trem Intercidades, Jundiaí a São Paulo. A conclusão das escolas inovadoras. São 109 escolas, já fizemos umas 40. Tem muita coisa para fazer nos próximos dois anos. Tudo foi planejado, agora é executar. A cidade está num bom momento.

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