Escolho tudo

06/10/2022 | Tempo de leitura: 3 min

"Não quero ser santa pela metade, escolho tudo." Colocação de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, que foi tema da profunda homilia do Padre Rogério Pereira, da Paróquia Divino Espírito Santo de Angatuba – Diocese de Itapetininga -, na Missa das sete horas no Carmelo São José, em primeiro de outubro, dia dela.

Questiono-me tanto! Quantas vezes, diante de um acontecimento, separo as partes, excluindo as que exigem um entrar maior na Cruz e fico com as mais leves. Escolho pedaços. Perco a oportunidade de experimentar um encontro mais profundo com Deus, com o sentido maior da existência humana. Como cantaram as Monjas: "A minha vida é um instante, é um momento que me foge.../ Para te amar, ó Deus amante, eu só tenho o dia de hoje". Permito-me a fuga – e incontáveis - na oportunidade de viver integralmente o que Deus permite e dessa forma, fortalecer-me em Seu Amor. Como se encontra na primeira Carta de São João (4,16), proclamada no dia: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele".

Tenho Santa Teresinha no meu coração desde a infância. Nossa mãe foi colega de escola da Madre Mestra, Irmã Maria Inês do Menino Jesus (Odette Trippe – 1928-2015) do Carmelo São Josés. Nossa avó paterna - desejava tê-la conhecido – fez visitas, na década de 20 e de 30, no Carmelo de Lisieux, onde a Santa viveu, e era recebida por uma de suas Irmãs de sangue e de Carmelo, portanto Santa Teresinha se encontra na história da família.

Li, pela primeira vez, aos 12 anos, o livro "História de uma alma" de Santa Teresinha. Apaixonei-me por sua vida de comunhão com Deus e por sua alma com rosas a ofertar a todos com quem que tinha contato.

Tenho lido e relido a colocação dela a respeito da tentação em deter o pensamento nos defeitos de uma pessoa que não nos agrada: "Cada vez que encontro essa Irmã, peço a Deus por ela, oferecendo-lhe todas suas virtudes e méritos. Sinto que isso alegra sobremaneira meu Jesus, porque Ele não é como esses artistas que não gostam de receber louvores por suas obras; o divino artista das almas é feliz quando não nos detemos no exterior, mas que, penetrado até o santuário íntimo que Ele escolheu para morada, admiramos-Lhe a beleza."

No domingo, dia dois de outubro, a partir do Evangelho (Lucas 17, 5-10), em que os apóstolos pediram ao Senhor que aumentasse a sua fé, o Padre Márcio Felipe, pároco e reitor do Santuário Santa Rita de Cássia, refletiu, com claridade e esperança, sobre a fé de Santa Teresinha, iniciando sua fala com a música inspirada nela, de Ziza Fernandes: "O que agrada a Deus/ Em minha pequena alma/ É que eu ame minha pequenez/ E minha pobreza. / É a esperança cega/ Que tenho em sua misericórdia". Ou seja, humildade, para poder acolher o Senhor na totalidade. Reconhecer-se insignificante e se colocar nas mãos de Deus. Falta-me demais!

Ao final, ele falou convicto, como é de costume, que, mesmo nas angústias, ao não percebermos a presença de Deus, Ele está nos olhando, pois é Amor. Isso é realmente acreditar por inteiro e um convite para escolher tudo o que for de Deus. Trouxe-me a exclamação de Santa Teresinha: "Vi a beleza da terra e minha alma sonhou com o Céu".

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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