A estrela isolada acima da faixa "Ordem e Progresso", presente na bandeira nacional, costuma gerar confusão: ao contrário do que muitos pensam, ela não simboliza o Distrito Federal. O verdadeiro estado associado à estrela solitária é o Pará. A revelação, que vem movimentando as redes sociais, contraria o senso comum e reacende o debate sobre os símbolos nacionais.
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A escolha do Pará para essa posição privilegiada tem base astronômica. A bandeira do Brasil, instituída em 19 de novembro de 1889, foi desenhada para representar o céu do Rio de Janeiro, então capital do país, às 8h30 da manhã da data da Proclamação da República.
Na época, o Pará era o maior território brasileiro situado acima da linha do Equador, o que justificou sua estrela estar posicionada sozinha na parte superior da esfera azul. Essa configuração simbólica se manteve mesmo após as divisões territoriais que deram origem a estados como Amapá e Roraima, até então pertencentes ao território paraense.
O Distrito Federal também tem sua estrela na bandeira, mas ela aparece na parte inferior, e não isolada no topo. Representado pela Sigma do Octante, uma estrela de pouco brilho, o DF ocupa uma posição simbólica central: a Sigma está próxima ao polo sul celeste, em torno do qual as demais estrelas parecem girar. A ideia por trás disso é clara: todos os estados orbitam em torno da capital, reforçando sua centralidade política e simbólica.
A atual bandeira do Brasil conta com 27 estrelas, representando os 26 estados e o Distrito Federal. Mas esse número nem sempre foi o mesmo. Na primeira versão republicana, ainda em 1889, o país contava com apenas 21 unidades federativas. Estados como Acre, Roraima e Mato Grosso do Sul ainda não existiam.
A versão atual da bandeira foi oficializada em 1992, com a adição das últimas estrelas correspondentes às novas unidades criadas ao longo do século XX.
As estrelas da bandeira não estão ali por acaso. Elas formam nove constelações reais que podiam ser observadas no céu do Rio de Janeiro no exato momento em que a República foi proclamada. São elas: Cruzeiro do Sul, Cão Maior, Cão Menor, Carina, Escorpião, Triângulo Austral, Hidra Fêmea, Alfa de Virgem e Sigma do Octante.
Apesar de críticas quanto à precisão da disposição das estrelas, a bandeira brasileira é uma das poucas no mundo a retratar um céu real em um momento histórico específico, ainda que o desenho seja feito com base em uma visão externa da esfera celeste, como nos mapas utilizados por astrônomos.