COREIA DO SUL

Após 6h de impasse, polícia desiste de prender presidente 

Por | da Folhapress
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Reprodução/Yoon Suk Yeol/Facebook
Com os protestos de apoiadores de Yoon e a resistência dos guardas presidenciais, o gabinete considerou a prisão 'praticamente impossível'.
Com os protestos de apoiadores de Yoon e a resistência dos guardas presidenciais, o gabinete considerou a prisão 'praticamente impossível'.

Em um impasse tenso que durou seis horas em frente à residência oficial do presidente da Coreia do Sul, a polícia e agentes do gabinete anticorrupção do país desistiram de prender Yoon Suk Yeol nesta sexta-feira (3) depois de serem barrados pela guarda presidencial.

Leia também: Presidente da Coreia sofre impeachment após tentar autogolpe

A ordem de prisão foi expedida pela Justiça coreana na última segunda-feira (30) depois que Yoon se recusou a prestar depoimento a respeito da tentativa de autogolpe em dezembro, caso que motivou seu impeachment pelo Parlamento.

Com os protestos de apoiadores de Yoon e a resistência dos guardas presidenciais, o gabinete considerou a prisão "praticamente impossível devido ao impasse em curso". O comunicado do órgão diz que "a preocupação com a segurança do pessoal no local levou à decisão de interromper a execução" e que os próximos passos serão decididos após uma revisão.

Manifestantes a favor do presidente organizaram um protesto contra o mandado em frente ao prédio, dizendo que estavam dispostos a impedir a prisão de Yoon mesmo que isso custasse suas vidas. Depois de desistir de executar a ordem judicial, o gabinete anticorrupção disse que vai investigar os comandantes da guarda presidencial por obstrução da Justiça.

O episódio abre um novo capítulo na crise constitucional sem precedentes na Coreia do Sul. Embora tenha sofrido um impeachment na Assembleia Nacional que resultou em seu afastamento do cargo, Yoon tecnicamente ainda é presidente até que o Tribunal Constitucional chancele a decisão, e por isso tem direito a permanecer na residência oficial com uma equipe de segurança.

O gabinete anticorrupção tem até segunda-feira (6) para executar o mandado de prisão pelas acusações de insurreição e abuso de poder relacionados à declaração de lei marcial que suspendeu os direitos políticos no país em 3 de dezembro.

A colaboração dos seguranças oficiais na prisão de Yoon era incerta desde o início. Nas últimas semanas, membros da força bloquearam diversas vezes a execução de mandados de busca na residência presidencial.

Os investigadores até conseguiram, nesta sexta-feira, acessar a residência do presidente afastado, mas soldados da segurança de Yoon "entraram em confronto com o gabinete", disse um militar sul-coreano à agência de notícias AFP sob condição de anonimato.

As equipes de segurança de Yoon disseram que estavam "em negociações" com investigadores que tentam executar o mandado de prisão.

Yoon Kap-keun, advogado do presidente, insistiu nesta sexta-feira que a ordem de prisão é "ilegal e inválida" e que, portanto, a sua execução "é ilegítima". "Ações legais serão tomadas em relação à execução ilegal da ordem", afirmou.

Segundo a imprensa sul-coreana, o objetivo do gabinete anticorrupção é prender Yoon e transferi-lo para interrogatório em Gwacheon, a 13 quilômetros da capital, Seul.

Depois disso, ele pode continuar detido por até 48 horas sob o atual mandado de prisão. Para mantê-lo preso por mais tempo, os investigadores deverão solicitar outra ordem à Justiça.

O presidente está afastado do cargo desde 14 de dezembro, quando a Assembleia Nacional do país aprovou seu impeachment. No sistema político sul-coreano, após a aprovação do Legislativo, o presidente é afastado, e o Tribunal Constitucional decide, em até 180 dias, se ele perde o posto ou não.

A crise começou em 3 de dezembro, quando Yoon declarou lei marcial e agentes do Exército tentaram impedir que a Assembleia votasse a implantação do decreto.

Segundo um documento divulgado pela promotoria do país no sábado (28), o presidente disse ao chefe do comando de Defesa de Seul, Lee Jin-woo, que as forças militares poderiam disparar, caso necessário, para entrar no local.

"Eles [militares] ainda não entraram? O que estão fazendo? Arrombe a porta e tire-os [parlamentares] de lá, mesmo que seja atirando neles", teria dito Yoon a Lee.

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