SAFRA 2024/25

Safra de uva tem quebra, mas preço compensa a viticultor

Por Camila Bandeira |
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
A safra deste ano está longe de ser como as anteriores, já que a produção deve cair cerca de 30%
A safra deste ano está longe de ser como as anteriores, já que a produção deve cair cerca de 30%

Fruta tradicional nas comemorações de fim de ano, a uva é cultivada em várias cidades da região de Jundiaí, e, como de costume, os produtores se preparam para atender à alta demanda das festas. No entanto, a safra deste ano está longe de ser como as anteriores, já que a produção deve cair cerca de 30%. Essa redução, entretanto, tem garantido bom preço aos produtores. 

Neste fim de 2024, a formação de uma nova ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) trouxe fortes chuvas para diversas áreas do Brasil, com acumulados superiores a 100 milímetros. A região Sudeste, especialmente o norte de São Paulo, o centro-sul de Minas Gerais e o Rio de Janeiro, pode registrar mais de 150 mm.

Essa instabilidade climática afeta diretamente a agricultura, que já enfrenta dificuldades neste período, impactando a produção de uvas na região. As variações de temperatura afetaram o desenvolvimento das videiras, comprometendo tanto a quantidade quanto a qualidade das frutas.

Anderson Alex Tomasetto, viticultor (responsável pela plantação, cultivo e colheita da uva) do bairro Traviú, em Jundiaí,  comenta sobre os efeitos das condições climáticas no campo. “Quanto à relação à chuva, a uva é muito sensível. Quando tem excesso de chuva, ela acaba prejudicando um pouco a qualidade, ela racha, ela não suporta tanta água”.


Segundo Anderson Tomasetto, o impacto climático prejudicou a safra 2024/25

O clima deste ano foi instável. O frio tardio e o excesso de calor afetaram diretamente a formação dos cachos de uva, que precisam de condições climáticas específicas para se desenvolver.

Além disso, a falta de chuva na fase de florada também prejudicou o crescimento das uvas. “A hora que a uva estava na fase de florada, florescendo, precisava de chuva e, nessa fase, fez frio e passamos por um período de seca. O cacho de uva deste ano está um pouco menor em relação aos outros anos, então a quebra é de uns 30%”, explica Anderson.

As cidades que se destacam na produção de uvas, como Jundiaí, Louveira, Jarinu, Itupeva e Itatiba, sentiram os efeitos das mudanças climáticas. Essas localidades, que tradicionalmente abastecem mercados internos e externos, vão enfrentar uma safra mais escassa, o que deve impactar a oferta da fruta.

Segundo Renê Tomaseto, presidente da Associação Agrícola de Jundiaí, a produção de uva teve queda para a safra 2025, mas foi compensada pelo bom preço pago aos produtores. “A comercialização está ótima e a qualidade da uva também, apesar de termos produzido menos.” Em 2024, Jundiaí produziu 22 mil toneladas de uva, mas o número final desta safra só virá nos primeiros meses do ano que vem, com a colheita finalizada.

Embora a qualidade da fruta tenha sido prejudicada, o preço da uva também deve subir. Anderson Tomasetto destaca que, apesar da redução na produção, os custos para os produtores aumentaram significativamente. “Agora, o preço está um pouco melhor. O consumidor vai pagar um pouco mais caro, mas para a gente, o custo também subiu, tanto em insumos quanto em adubo e defensivos. Então, para nós, tudo é relativo. Aumentou o custo, então o preço da uva para o produtor também subiu, e o consumidor acaba pagando um pouquinho mais caro.”

Este aumento de preços, porém, pode ser uma boa notícia para os viticultores, que têm enfrentado margens de lucro cada vez menores devido aos custos elevados e à baixa produção nos últimos anos.

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