Rica em gordura e pobre em carboidratos e proteínas. A dieta cetogênica tem ganhado adeptos especialmente entre celebridades, que apostam nela para auxiliar na perda de peso.
A estratégia pode de fato ser bem-sucedida, porém, cada vez mais estudos destacam que o aspecto neuroprotetor desse tipo de regime, com impactos positivos para a cognição e o controle de doenças que afetam o cérebro, é o verdadeiro potencial por trás da rotina alimentar. Mas, afinal, o que é a dieta cetogênica e para quais objetivos ela é uma boa alternativa?
O endocrinologista e nutrólogo Durval Ribas Filho explica que essa forma de alimentação consiste em limitar a ingestão diária de carboidratos a uma quantidade entre 20 e 50 gramas.
É uma versão mais restrita da dieta low carb, que permite até cerca de 130 gramas.
O resto é preenchido pelas "gorduras boas". Isso estimula de forma recorrente um processo metabólico no corpo chamado de cetose, que acontece quando o organismo utiliza a gordura como fonte de energia.
"Quando não há quantidade suficiente de glicose, que é a principal fonte de energia do organismo, o corpo passa a utilizar a gordura como fonte. Esse é um processo natural, mas a dieta cetogênica busca estimular isso", afirma o especialista.
Esse mecanismo, de estímulo ao uso da gordura como fonte principal de energia, é o que leva à ideia de que ela acelera o processo de perda de peso, embora ainda não existam muitas evidências sobre a eficácia real para o emagrecimento.
Por outro lado, porém, os aspectos positivos para a cognição já são contemplados por um amplo número de estudos.
Em uma revisão publicada no periódico "European Journal of Clinical Nutrition", pesquisadores destacaram que "as dietas cetogênicas são comumente consideradas uma ferramenta útil para o controle de peso", mas chamaram atenção para os "cenários novos e empolgantes" sobre o uso para "doenças cardiovasculares e neurológicas".
Esse potencial não é à toa, afinal, a alimentação foi pensada inicialmente para atuar em quadros de epilepsia em crianças.
É preciso acompanhamento de especialista
Uma revisão de 63 estudos publicados entre 2004 e 2019, conduzida por pesquisadores da Universidade de Deusto, na Espanha, buscou identificar se a dieta cetogênica leva a uma melhora nas habilidades cognitivas de pacientes com Alzheimer, Parkinson e diabetes tipo 1, além da própria epilepsia refratária.
Na revisão, publicada na revista científica "Nutrition Reviews", eles escrevem que a dieta foi de fato associada a uma preservação das funções cognitivas dos participantes.
Especialistas destacam que, por envolver uma mudança drástica na forma de funcionamento do organismo, a dieta cetogênica demanda acompanhamento de um especialista, como um médico ou nutricionista.
"O grande desafio da dieta cetogênica é você começar e manter, porque envolve uma mudança grande no estilo de vida", destaca o médico endocrinologista Fabiano Serfaty.
Alguns efeitos colaterais podem aparecer no início, como fadiga, dor de cabeça, alterações de humor e mau hálito, que podem durar dias ou semanas.
"Em alguns casos, é necessária a prescrição de suplementos como vitaminas e minerais", diz Durval Filho, destacando contraindicações para adotar a dieta, como mulheres grávidas, pessoas com transtornos alimentares ou com histórico de problemas renais, de fígado e alterações cardiovasculares.
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