NOSSAS LETRAS

Impotência absoluta!

Por Zerroberto de Souza | Especial para o GCN/Sampi Franca
| Tempo de leitura: 2 min

“Tem gente que sonha viver por toda a eternidade, mas não sabe o que fazer com uma simples tarde chuvosa de domingo.”

Não sei ao certo de quem é a frase acima. Por um tempo pensei que fosse atribuída à Simone de Beauvoir, mas nem o Professor Google me ajudou na empreitada de confirmar isto.

O tema de hoje seria outro, mas ontem à tarde a sensação que essa frase sempre me provocou bateu tão forte numa determinada hora do dia, que deixei a ideia do texto de hoje para amanhã. Ou outro dia, pouco importa.

O fato é que vi a frase em algum lugar alguns anos atrás, e passei a prestar atenção nos domingos à tarde. Se com tempo chuvoso, então...o tédio chega a doer.

Sempre achei que viver cem anos seria bom. Se a vida só tivesse tardes de domingo, bem menos que isso seria suficiente.

Mas, ontem não foi domingo. Foi pior: sei lá se algum poste atropelou algum carro, ou se aconteceu algo parecido. Sei que faltou luz.

Por mais de uma hora, descobri o quanto sou refém da energia elétrica em minha vida pessoal. Faltasse todos os dias e eu teria que reinventar um jeito de viver, fazer uma reengenharia de todo o “modus operandi” da minha reles existência nesse planeta.

Para começar, não consegui abrir o portão para colocar o carro na garagem e não tinha as chaves da casa. Saí do carro, não consegui que ninguém de dentro da casa abrisse a porta da rua pelo interfone. Gritei da rua feito louco e apareceu meu filho na janela (moro no segundo andar!). Jogou a cópia da chave no meio da rua, e consegui vencer minha primeira batalha.

Seis e meia da tarde. Meio claro-meio escuro. Sem TV, sem rádio, tentei um café.

O acendedor do fogão, sem chance. Fósforos? Eu sei que tem em algum lugar. Se eu fumasse pelo menos pra isso serviria um isqueiro. Acho!

Micro-ondas, nada.

Computador? Bem, a bateria do Note ainda aguenta um tempinho. Mas o roteador tá fora de combate. Internet, nem pensar.

Impressionante a sensação de impotência.

O tempo foi passando, já comecei a pensar em banho frio, comida gelada, carro dormir na rua, nem sei mais qual seria o tamanho da tragédia.

Do jeito que havia acabado e eu não sei porque, a energia voltou e eu também não sei porque.

Mas voltou. Tudo resolvido.

Só que eu acrescento esse adendo à frase lapidar que começou o texto: “Tem gente que sonha viver por toda a eternidade, mas não sabe o que fazer com uma simples tarde chuvosa de domingo. E se for sem energia elétrica...”

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