2º TURNO

Após apagão, Nunes tem 51%, e Boulos 33%

Por Igor Gielow | Folhapress
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução/Vinicius Loures-Ca?mara dos Deputados/ Isadora de Lea?o Moreira-Governo de SP
Desde que o temporal da sexta passada (11) deixou milhares de pessoas sem energia, várias até agora, o manejo da crise virou o tema central da campanha.
Desde que o temporal da sexta passada (11) deixou milhares de pessoas sem energia, várias até agora, o manejo da crise virou o tema central da campanha.

O apagão que atingiu São Paulo dominou o debate da campanha eleitoral do segundo turno na capital, mas não mudou de forma significativa o cenário da corrida segundo o Datafolha. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) segue à frente com 51% das intenções de voto, ante 33% do deputado Guilherme Boulos.

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Contratado pela Folha, o instituto ouviu 1.204 eleitores de terça (15) a quinta (17). Com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos, o levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob o código SP-05561/2024. O nível de confiança é de 95%.

O cenário permaneceu estável ante ao que o Datafolha verificou há uma semana, quando 55% diziam votar no candidato à reeleição e 33%, no psolista.

A oscilação negativa de Nunes ocorre dentro do limite da margem de erro, mas seus votos não foram para Boulos e sim para a rubrica brancos e nulos, que ganhou os quatro pontos percentuais perdidos pelo prefeito, indo de 10% para 14%. Indecisos seguem sendo 2%.

Desde que o temporal da sexta passada (11) deixou milhares de pessoas sem energia, várias até agora, o manejo da crise virou o tema central da campanha. A crise foi abordada de maneiras distintas pelos rivais, em especial na propaganda eleitoral obrigatória, que recomeçou na segunda (14).

Nunes, o alvo mais óbvio por estar na cadeira de prefeito e ser responsável pela poda das árvores cujos galhos derrubaram fios elétricos na tempestade, buscou se vende como um gestor aplicado.

Atacou Boulos de forma direta, associando ao deputado a falta de iniciativas parlamentares sobre o tema, e indiretamente, criticando o governo federal pela falta de ação contra a concessionária Enel -ainda que a fiscalização recaia mais sobre a agência reguladora Aneel, com mandato independente.

Lula (PT) é o principal fiador da candidatura de Boulos, que já é bombardeada pelo partido do mandatário pela distância de Nunes no segundo turno --a sigla, que passou vexame com o sexto lugar de 2020, foi obrigada pelo presidente a desistir da cabeça de chapa. Hoje, 65% dos que votaram no petista em 2022 na capital vão de Boulos, ante 26% que preferem Nunes.

Na primeira rodada, o prefeito apareceu marginalmente à frente do deputado, tendo vencido com 29,5% dos votos válidos, ante 29,1% do rival. Esta é métrica adotada pela Justiça Eleitoral para divulgação de resultados, excluindo votos brancos e nulos.

A esta altura da corrida, contudo, os votos totais ajudam a entender o cenário entre quem ainda pode mudar de ideia.

Na intenção de voto espontânea, na qual o entrevistado não tem acesso à cartela com o nome dos candidatos, Nunes está à frente com 41%, e 2% afirmam que vão escolher "o atual prefeito", sem nomeá-lo, enquanto outros 2% falam "no 15" -o número do emedebista. Já Boulos marca 30%. Em relação à semana passada, há estabilidade nesse quesito.

A crise não afetou a rejeição de Nunes, que oscilou de 37% para 35%, ou a de Boulos, que foi de 58% para 56%. O índice é vital para as pretensões numa disputa no formato de tira-teima.

Isso ocorre em momento de maior assertividade de Boulos em suas críticas a Nunes, que tem sido explorada na propaganda eleitoral do prefeito. Enquanto o nome do PSOL apresenta o mandatário atual como inepto e usou até o xingamento de uma moradora com a luz cortada no seu programa, o emedebista diz que seu rival "só reclama".

No debate promovido pela TV Band na segunda (16), o deputado foi mais incisivo nos seus questionamentos ao prefeito, trabalhando com a até aqui correta hipótese que sua alta rejeição, atribuída ao histórico associado ao movimento dos sem-teto e seus conflitos, não teria mais para onde subir.

Nunes, por sua vez, também tem tentado se preservar de escrutínio. Não compareceu ao debate Folha/UOL/RedeTV! desta quinta após confirmar presença, alegando compromissos ligados à crise do apagão.

A atitude do psolista parece ter reverberado em uma fatia pequena do eleitorado que havia optado no primeiro turno Pablo Marçal (PRTB), o polêmico influenciador que quase empatou com os dois finalistas da eleição, marcando 28,1% dos votos válidos em 6 de outubro.

Na semana passada, 4% dos que haviam votado em Marçal iam de Boulos, número que agora é de 8%. Já Nunes viu cair de 84% para 77% a fatia que havia abocanhado dos eleitores de Marçal, após rejeitar o apoio do influenciador.

Já entre os apoiadores em 2022 de Jair Bolsonaro (PL), fiador algo recalcitrante do prefeito, 83% dizem votar em Nunes.

Em relação ao perfil de apoio a Nunes e Boulos, não houve novidades. O prefeito lidera em todos os estratos da pesquisa, com um empate técnico em dois segmentos: os 37% com curso superior (47% a 44% para Nunes), grupo em que a margem de erro é de cinco pontos. Já nos jovens de 16 a 24 anos, Boulos fica à frente (43% a 41%), mas a margem específica é de nove pontos.

O índice de decisão do voto segue alto: 86% se dizem convictos da escolha. Dos 14% restantes, iguais entre eleitores do prefeito e do deputado, 72% votariam nulo ou branco como alternativa.

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