JOVEM TALENTO

Basquete foi boa surpresa na vida de Vini Santos: 'Veio do nada'

Por Lucas Faleiros | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Marcos Limonti/SFB
Vini Santos arremessa durante partida contra o São José, válida pelo Campeonato Paulista. Ele foi o segundo maior pontuador do time
Vini Santos arremessa durante partida contra o São José, válida pelo Campeonato Paulista. Ele foi o segundo maior pontuador do time

Apesar de Franca ter o apelido de “Capital do Basquete”, muitas crianças crescem mais familiarizadas com outro esporte, o futebol. Na vida de Vini Santos, jovem talento da base do Sesi Franca, o roteiro foi este por muito tempo.

Francano de nascimento e criação, o ala-armador que vem construindo seu espaço e figurando cada vez mais entre os atletas do elenco profissional do clube cresceu, de forma humilde, no Recanto Elimar. Hoje, com 18 anos, ele olha para o passado e percebe que, há pouco tempo atrás, só pensava em jogar bola com os pés.

“Na minha infância, todo mundo jogava futebol. Eu jogava bastante, curtia muito com os meninos do bairro. Pô, ninguém gostava de jogar basquete. O basquete veio do nada”, contou à reportagem do GCN/Sampi.

Nem tão do nada assim, podemos dizer. Vinícius passou a ter algum interesse pelo esporte da bola laranja a partir do momento em que seu irmão, Flavinho Santos, que é dois anos mais velho, começou a praticá-lo, em 2017. Mas o primeiro contato, com mais ou menos onze anos de idade, não durou tanto assim. “Eu comecei a jogar e parei depois de um mês. Fiquei parado por dois anos. Falei ‘ah, não quero mais’”.

Acontece que a visão de Vini sobre o basquete começou a mudar graças aos incentivos indireto e direto de Flavinho. “Depois de dois anos, eu olhei para o meu irmão e pensei ‘ele evoluiu bastante’. Comecei a ter mais gosto. Em 2019, fui fazer uma peneira no Chuí porque ele me pediu. Aí passei”.

A partir daí, a história do hoje ala-armador se transformaria. Aquele menino humilde, apegado às brincadeiras e que gostava muito de jogar bola com os amigos do Elimar, treinou – e jogou – muito, o que lhe proporcionou colher resultados. Em 2021, em uma nova seleção de jovens, as tradicionais peneiras, Vinícius seria escolhido para integrar as categorias de base de um dos principais formadores de atletas do Brasil: o Franca.

Esforço e foco

“Estou bastante focado e fazendo a minha parte no dia a dia”. Assim o Vini de hoje define sua rotina como jogador, mas ele nutre o lema desde antes. Muito por conta desse foco, foi chamando a atenção dos integrantes das comissões técnicas de base do Touro e conquistando seu espaço.

A afirmação veio em 2023, quando foi selecionado para participar da LDB (Liga de Desenvolvimento de Basquete). Ao todo, Vinícius disputou dez jogos e contribuiu para que a equipe do Franca chegasse à final do campeonato, vencido pelo Paulistano.

A derrota, no entanto, não foi capaz de diminuir a determinação ou abalar o francano. Com o desempenho mostrado, o ala-armador despertou o olhar de Helinho Garcia, treinador da categoria profissional do Franca, que passou a dar chances para ele nos campeonatos principais. No NBB passado, Vini entrou em quadra apenas uma vez, contra o Botafogo. Três minutos mais do que suficientes para que, no Pedrocão, a promessa anotasse seus primeiros pontos no torneio nacional.

“A experiência é a melhor possível. Eu paro e fico pensando onde cheguei e até onde posso chegar. A energia do Pedrocão é incrível, ainda mais quando você está em um momento bom. Todo mundo ali está com você. Em nenhum momento os caras te deixam para baixo. Quando você mete uma bola, então, a torcida inteira grita com você. Não tem situação melhor. É especial, é único”, relatou com um sorriso no rosto.

Depois do final de 2024-25, fechada pelo clube com a conquista do tricampeonato do NBB, sobre o Flamengo, Vini teria um tempo para se preparar para aquela que pode ser a sua temporada. E as coisas têm caminhado de forma interessante.

Além de fazer uma boa LDB 2024 até aqui, com médias bem superiores à do último ano e a responsabilidade de ser um dos comandantes do elenco, o jogador também foi importante para o time principal no início do Campeonato Paulista, em um momento em que os mais badalados atletas do profissional estavam fora.

O ápice aconteceu contra o São José, no Pedrocão. Vindo de duas derrotas fora de casa, o Franca precisava de uma resposta, e Vinícius foi um dos responsáveis por ela. Com 14 pontos, ele foi o segundo maior cestinha da equipe na vitória por 77 a 65.

Evolução e sonhos

Para continuar crescendo e buscando espaço, o garoto aposta nas relações com os companheiros. Enquanto os mais experientes, como Hettsheimeir, David Jackson Lucas Dias e Georginho, o ajudam com experiências e conselhos, os companheiros de base, como Nathan e Zú Jr. o acompanham na busca pela evolução.

“Os caras são muito focados nos treinos, mas, fora de casa, eles são incríveis. Os momentos com eles são muito bons. O Hettsheimeir é um cara que levanta o time. O Lucas Dias, além de ser um capitão, chama os moleques pra falar ‘pô, você tem capacidade, vai pra cima’. O David é mais quieto, mas também nos ajuda muito. É um laço de família”, contou.

Fora o ‘momento seriedade’, Vini também afirma que se mantém sonhador. Ele almeja, um dia, jogar fora do Brasil e tem como um dos objetivos principais transformar a vida de sua família. “Jogar em outro time daqui, pensando na Energia do Pedrocão, seria difícil. Lá na frente, tenho o sonho de ir para o exterior, ter outras experiências. Meu foco principal é ajudar meus pais e ter uma vida tranquila.

Além disso, o jovem se mostra solidário e diz que tem vontade de ter algum “gasto social”. “Com o dinheiro que o basquete me der, se Deus quiser, posso montar alguma coisa para ajudar outras pessoas, sabe? É isso que penso para o meu futuro”.

Vini disputa bola com adversário em seu primeiro ano como praticante de basquete
Vini disputa bola com adversário em seu primeiro ano como praticante de basquete
Vini em seu primeiro ano na base do Sesi Franca
Vini em seu primeiro ano na base do Sesi Franca

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Comentários

1 Comentários

  • Cidadão Francano 24 horas atrás
    Muito bom, Franca tem muitos talentos no esporte, acho que nunca vi aqui mas poderiam trazer a história do Lucas Mariano também, me lembro dele indo para os treinos com seu irmão de ônibus ainda muito novo, uma inspiração e veio de um lugar humilde também região do leporace/portinari