CRIME AMBIENTAL

Centenas de milhares de peixes mortos: entenda desastre em Tanquã

Por André Thieful |
| Tempo de leitura: 2 min
Will Baldine/JP
Tanquã registra mortandade de milhares de peixes
Tanquã registra mortandade de milhares de peixes

A mortandade de peixes no rio Piracicaba ocorrida a partir do domingo (07) chegou à região do Tanquã, região alagada conhecida como mini pantanal paulista e que integra APA (Área de Preservação Ambiental). A região, entre Piracicaba e São Pedro, começou a ser afetada na sexta-feira (12). O Ministério Público, por meio do Gaema (Grupo de Ação Especial de Defesa do Meio Ambiente) informou que, após a reportagem do Jornal de Piracicaba, vai instaurar inquérito para investigar o caso.

Neste fim de semana e na manhã desta segunda-feira (15), inúmeros peixes mortos e buscando oxigênio na superfície foram vistos por pescadores da região. “Há 30 anos que eu moro aqui, pesco aqui, eu nunca vi nada parecido, é incalculável. Nem os pássaros, nem os urubus estão comendo esses peixes. Esse peixe vai apodrecer, vai feder e a gente não tem o que fazer, como vai tirar todos esses peixes daqui, não tem o que fazer”, disse o pescador José Benedito, conhecido como Paraná.

Segundo ele, os peixes mortos são das espécies corimba, sardela, pacu, traíra, dourado, mandi, corvina, lambari, piapara. “Um peixe pra ficar desse tamanho aqui leva cerca de quatro a cinco anos na natureza”, disse referindo-se a peixes de cerca de quatro quilos. Para ele, a recuperação da quantidade natural de peixes do rio Piracicaba pode demorar até dez anos. O pescador diz que a maioria dos peixes mortos é natural do Tanquã. “Morreu muito peixe daqui, quando foi chegando o veneno, eles estavam embaixo da vegetação e eles começaram a sair, mas começaram a morrer”, diz.

Ao Jornal de Piracicaba o promotor de Justiça Ivan Carneiro Castanheiro, do Gaema, informou que será instaurado inquérito para investigar também essa mortandade. Nesta segunda-feira (15), agentes da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) foram ao Tanquã coletar amostra de água para identificar a causa da mortandade. “Nós estamos iniciando uma investigação. Vai depender dos laudos que recebermos da Cetesb”, explicou.

“Uma vez estabelecida a relação de causalidade entre o lançamento do dia 7 e essa mortandade atual no Tanquã será o mesmo inquérito (que apura o primeiro descarte), caso se identifique uma segunda causa, o que não parece ser a hipótese, será instaurado novo inquérito, (se identificado uma nova fonte causadora) o que a gente não acredita”, disse o promotor.

“Eu, com 62 anos, vi várias mortandades de peixes aqui, mas desse jeito nunca. Geralmente não passa do (região do) Paredão Vermelho, os produtos químicos, agora não, agora passou o Paredão, passou o Tanquã, matou tudo”, disse Luís Fernando Magossi, o Gordo do Barco.

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