Você já reparou que seu cachorro adora cavar o sofá, a poltrona ou a cama em que costuma se deitar? Depois da cavada, ele gira o corpo, às vezes até freneticamente, se ajeita e, finalmente, se aconchega.
O focinho também pode ser usado como ferramenta para levantar ou embolar a coberta, e as patinhas ajudam a deixar tudo do jeito adequado.
Quem tem pet em casa já se acostumou e se diverte com cenas assim, que são curiosas. Mas o que estaria por trás desse ritual?
Em reportagem do La Nacion, da Argentina, a especialista em psicologia, educação e treino canino e felino Eduarda Piamore esclarece que esse tipo de comportamento tem explicações lógicas, profundamente enraizadas nos instintos naturais dos cães.
Da mesma forma que cada um de nós ajusta travesseiros e lençóis para ter mais conforto, os cães também arranham e se movem pela cama para encontrar a posição ideal.
Essa ação ajuda a criar um ninho aconchegante e a garantir que o espaço esteja livre de quaisquer riscos ou ameaças, segundo Piamore.
É também uma forma de o cachorro dar o recado de que aquele canto tem dono. No caso, ele mesmo. Os caninos marcam território de diversas maneiras, principalmente para liberar feromônios em determinados ambientes ou superfícies.
Quando um cão se esfrega, ele faz, simultaneamente, marcação olfativa e visual. Isso não só demonstra a sua presença, mas também reafirma seu direito à propriedade do espaço.
A estratégia permite que reconheçam seu próprio cheiro, aumentando assim a sua segurança e o seu conforto.
Arranhar a cama é uma forma ainda de regular a temperatura da superfície. Se está quente, a camada superficial é retirada, o que esfria a cama. Se está frio, ao cavar, o cachorro esquenta o corpo e o local onde vai se deitar, já que gasta energia e cria atrito no tecido.
HIPERATIVIDADE
Outra razão que pode estar por trás do comportamento canino de arranhar a cama e cavar é a necessidade de liberar o excesso de energia. Esse ato funciona como uma válvula de escape, que permite ao cão extravasar a tensão, explica Eduarda Piamore.
Agitação excessiva pode ser um sinal de hiperatividade canina, comum em animais sedentários, que acabam passando tempo demais sem ter o que fazer, ou estressados, por alguma razão relacionada ao ambiente, a barulhos excessivos ou mesmo ao tédio. Um cão hiperativo é bastante agitado, tem dificuldade para relaxar e pode repetir ações como destruir jardins e roer móveis.
Proporcionar uma boa estimulação física e mental aos animais é fundamental para prevenir comportamentos derivados do tédio e do estresse. O mais recomendável é aumentar a quantidade de passeios diários, estimular brincadeiras em mais de uma ocasião por dia, oferecer brinquedos interativos e recorrer ao adestramento. A meta é ajudar o cão a gastar energia e se divertir.
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