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MORTE
Rapaz de 28 anos morre em Franca no mundo das drogas: 'não deu tempo de salvar'
'Falei para ele: ‘rapaz, você tem que ir para a igreja, tem que salvar a sua vida’. Ele não quis”, conta o tio. Rafael Henrique dos Reis Dias vivia na rua; conheça sua história.
Por Pedro Baccelli | 03/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min
da Redação
Sampi/Franca
Arquivo familiar
“Não deu tempo de salvar ele”. As palavras de José Roberto dos Reis, de 52 anos, descrevem a guerra travada há mais de uma década para retirar o sobrinho do mundo das drogas. Luta que chegou ao final na última segunda-feira, 1°, através de um telefonema: a funerária informando que Rafael Henrique dos Reis Dias, de 28 anos, estava morto.
Caminho inimaginável quando criança. O tio relembra que Rafael era hiperativo e estudava. Com a chegada da adolescência, foi perdendo o interesse pela escola e não queria morar mais com a família. Situação que se agravou com a morte da mãe. “Ficou atordoado, meio perdidinho, durante a adolescência dele. A esperança dele era a rua”.
José Roberto disse que a família levou o jovem para a casa do pai, em Cássia (MG), município a 63 km de Franca. “Ele tentou roubar um senhorzinho, pegaram ele e bateram demais nele”. Rafael decidiu voltar a pé para o Estado de São Paulo. “Ficou em um abrigo em Patrocínio Paulista, depois fugiu e retornou para Franca. Ficou envolvido com drogas, dormir na rua e fazer coisas erradas”.
Rafael desapareceu. Cerca de um ano depois, a família descobriu que o jovem estava internado com HIV, tuberculose e pneumonia. "Ele ficou muito magrinho. Ficou internado quase um mês, e deram alta para ele”.
O francano foi à casa da avó pedir dinheiro e desapareceu novamente. Familiares o encontraram na rua e gravaram o vídeo. “Para quem pensou que eu estava morto, não estou com coronavírus, estou vivo. Estou aqui com as minhas duas tias e com a minha prima gravando o vídeo para a senhora. Amo a senhora (...) bênção, fica com Deus”, disse Rafael na gravação, que José Roberto enviou ao Portal GCN/Rede Sampi.
Com o organismo já enfraquecido, segundo o tio, Rafael morreu em um hospital público da cidade na última sexta-feira, 29, por volta das 8h15, em decorrência de uma pneumonia. Como o rapaz vivia na rua, a funerária conseguiu localizar a família apenas na segunda-feira. “Encontraram-me primeiro. Já fazia quatro dias que ele estava na geladeira. Fizeram um velórinho de duas horas para a gente ver ele”.
José Roberto recorda das tentativas de oferecer recuperação ao sobrinho. “Pensei em salvar a vida dele, em tirar ele da rua (...) falei para ele: ‘rapaz, você tem que ir para a igreja, tem que salvar a sua vida’. Ele não quis”.
O corpo foi sepultado no cemitério Santo Agostinho. “A homenagem que eu deixo é que Deus ilumine o coração dele. Que Deus proteja ele”, finaliza.
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