NOSSAS LETRAS

De Jerusalém para Roma

Por Mário Eugênio Saturno | Especial para o GCN/Sampi Franca
| Tempo de leitura: 2 min

Após a morte de Cristo em 33 surge a Igreja Neotestamentária, marcada pelo martírio de sangue dos cristãos, e que termina em 313 com a promulgação do Edito de Milão por Constantino, período marcado pelas divergências de doutrina, só resolvidas em 325 em Niceia. A Igreja conquista Roma, mas esta deixa de ser a capital do reino em 330, para Constantinopla.

Depois, surgiu Policarpo de Esmirna (69, 155), discípulo do apóstolo João, fato atestado pelo Bispo Ireneu de Lyon e por Tertuliano. Escreveu várias cartas e foi mártir, respondendo ao procônsul Estácio, que lhe ordenou amaldiçoar Cristo: "Há 86 anos que o sirvo; jamais ele me fez mal algum; como poderei eu blasfemar contra meu Rei e Salvador?".

Surge então o grande escritor da Igreja antiga, Orígenes (185, 254), autor de vastíssima produção literária, com profundidade teológica, espiritual e exegética. Nasceu em Alexandria, seu pai Leônidas sofreu o martírio no ano de 201 na perseguição do imperador Septimio Severo. Orígenes escapou porque sua mãe escondeu suas roupas. São Jerônimo, no livro "Homens Ilustres" (De Viris Illustribus) diz que Orígenes escreveu mais de 600 obras.

Finalmente, surge Sofrônio Eusébio Jerônimo (347, 420), versado em retórica, filosofia, latim, grego e hebraico. Jerônimo tornou-se secretário e amigo do Papa Dâmaso, que o encarregou, depois, da revisão dos textos latinos da Bíblia, versão que viria a ser conhecida como Vulgata Latina.

Em 1873 foi descoberto em Antioquia um documento perdido e que era conhecido como Didaqué, citado por Clemente de Alexandria e Orígenes, com o título "Doutrina dos Doze Apóstolos". O documento é anterior ao Evangelho de João, o Apocalipse e algumas das epístolas.

Surge então o primeiro santo cristão a receber uma biografia (ou hagiografia, biografia de santos), o monge Antão (251, 356), conhecido como "o pai dos monges". O autor foi o Bispo Atanásio, doutor da Igreja. Enfrentava o mal e os demônios: "cingia seu corpo com sua fé, orações e jejuns". Aspirava ao martírio, mas isso acabara em 313 com a "Pax Constantiniana".

Então, surge outro monge, São Bento (480, 547), nascido na Umbria, de família nobre romana. Passou anos em jejuns, estudos e orações. Fundou mosteiros e escolas, organizou a vida monástica comunitária e os mosteiros na chamada Regra de São Bento. Predisse sua morte no mesmo ano da morte de sua irmã Santa Escolástica.

Dos mosteiros de São Bento saiu um papa muito importante, São Gregório I, Magno (540-604). De importante família de Roma, muito jovem foi excelente prefeito de Roma. Dois anos depois, exonerou-se e transformou sua residência em um mosteiro beneditino.

Gregório trabalhou pela conversão dos bárbaros, o rei visigodo em 589, e dos suevos. Tornou-se Papa em 590. Converteu os temíveis lombardos que, em 592, invadiram Roma. Em 603, o Senado reuniu-se pela última vez e nomeou o Papa como herdeiro da autoridade imperial. Roma deixou de ser capital em 313.  Agora, tornava-se um estado papal, a capital de todos os cristãos.

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