RELIGIÃO

Não quem diz, mas quem faz

Cumprir a vontade do Pai não quer dizer cumprir a prática religiosa, mas cumprir o mandamento de amor ao irmão. Leia o artigo do monsenhor José Geraldo Segantin.

Por Monsenhor José Geraldo Segantin | 01/10/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Especial para o GCN/Sampi

Pixabay

Cumprir a vontade do Pai não quer dizer cumprir a prática religiosa, mas cumprir o mandamento de amor ao irmão. Vejamos o que o Senhor nos ensina.

Primeira Leitura: Ezequiel 18.
Para entender esta leitura é preciso entender qual é o problema que Ezequiel está tratando no capítulo 18, do qual é extraída.

O profeta se encontra no exílio e com ele vivem os israelitas deportados para Babilônia depois da destruição de Jerusalém.

Quais são os assuntos das conversas destas pessoas? Falam das suas famílias, das suas casas, das suas lavouras, da sua terra distante e se perguntam um para o outro: como pode ter acontecido esta calamidade? Quem é o culpado pelas nossas desgraças?

A estas perguntas os exilados respondem: A culpa é dos pecados dos nossos pais.

Ezequiel intervém para condenar este modo de pensar. Afirma: cada um é responsável pelas suas próprias ações; não se descontam os pecados dos outros.

Esta maneira de justificar a própria condição é perigosa.

Os últimos versículos da leitura colocam uma outra verdade: se o justo para de fazer o bem e pratica o mal, perecerá, e se o pecador se afasta das suas faltas e pratica a verdade e a justiça, salvará sua vida. A leitura termina com uma mensagem muito confortante: é verdade que a nossa vida, com frequência, fica condicionada por escolhas erradas que foram feitas no passado, mas é possível livrar-se desta pesada herança. Deus sempre está disposto a ajudar aqueles que, renunciando ao mal praticado, querem reconstituir a própria vida.

Segunda Leitura: Filipenses 2.
A comunidade de Filipos era excelente e Paulo se orgulhavam disso. Entretanto, como também acontece em nossas melhores comunidades, havia em Filipos o problema da inveja entre os cristãos. Lá também havia quem desse cotoveladas para impor-se aos demais.

Com muita delicadeza para não magoar seus amigos, Paulo também destina umas palavras para este problema. Nada deveis fazer, diz ele, por espírito de egoísmo ou para mostrar superioridade sobre o demais; mas cada um, com toda humildade, considere os outros superiores a si, não procure o próprio interesse, mas o dos outros.

Para convencer melhor os filipenses, Paulo conta a história de Jesus. Diz: Ele, o Filho de Deus, já existia antes de se encarnar. Quando se fez um de nós, ele como que se despojou da sua grandeza divina e apareceu aos nossos olhos na baixeza e na fraqueza do homem, do homem mais desprezado, do escravo, daquele para quem os romanos reservaram a morte de cruz.

Este caminho da humilhação de si mesmo, este rebaixamento até o último degrau, conduziu o Cristo à glorificação. A ele foi dado o domínio sobre toda a criação: é em vista dele que tudo foi feito.

Evangelho: Mateus 21.
Servindo-se da parábola deste domingo, Jesus quer provocar a nossa conversão, quer que deixemos de pensar num Deus que pensa como nós. Ele é Santo, isto é, completamente diferente do homem.

A parábola faz entrar em cena três personagens: um pai e dois filhos.

O pai mandou os dois filhos trabalhar na sua vinha. O primeiro respondeu logo, com entusiasmo: “Sim, vou correndo imediatamente!, o segundo pelo contrário, resmungou: “Ah! Eu não tenho vontade.

O primeiro filho é Israel que ouviu a palavra do Senhor, respondeu ao seu chamado e fez com ele uma aliança. O segundo representa os pagãos.

As surpresas, porém, não acabaram.

O Mestre continua a sua história: o primeiro filho era muito forte... de papo. Ele disse “Sim, sim”, mas a seguir nada fez, enquanto o segundo pensou melhor, arrependeu-se pela resposta dada ao pai, e foi trabalhar na vinha.

O que quer dizer para nós essa parábola?

Também em nossos dias Deus continua tendo dois filhos.

Na Igreja, nas nossas comunidades cristãs, no mundo, sempre há dois filhos: alguns, no Batismo, dizem “sim”, mas, depois, na vida concreta transformam o “sim” em muitos “não”. Por outro lado, há muitas pessoas que nunca disseram um sim explícito para Deus, mas na prática de cada dia amam o irmão, se sacrificam pelos outros, executam muitas obras de caridade. Estes, ainda que não batizados, são verdadeiros filhos de Deus.

A sua consciência de ser pobre, fraco, frágil, produz nele a predisposição para receber por primeiro o dom de Deus. Em seguida ... o outro irmão seguirá o mesmo caminho.

Monsenhor José Geraldo Segantin é reitor do Santuário Diocesano de Santo Antônio

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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1 COMENTÁRIOS

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  • Vergonha
    12/10/2023
    Da hora ver igreja católica se esforcando para entrar no século XX. Isso mesmo, estão tão atrasados que estão chegando a década de 10 do século passado. Católico com ação só no rotary.