OPINIÃO

Apelidos

Desconheço povo mais espirituoso que o brasileiro. Leia o artigo de Lúcia Brigagão.

Por Lúcia Brigagão | 13/08/2023 | Tempo de leitura: 2 min
Especial para o GCN

Desconheço povo mais espirituoso que o brasileiro, e a manifestação mais evidente de que a vida vai mal e que a gente, apesar de chorar, ri muito, é a capacidade de apelidarmo-nos uns aos outros de forma criativa, sem agressão. Exageros sempre caem mal, mas o bom humor é característica da nossa criatividade. Meu pai foi dessas pessoas criativas. Sem ter a presença de espírito dele, aprendi que o apelido, quando apropriado e espirituoso, é forma carinhosa de nos reconhecermos. Evidentemente respeito é bom e todo mundo gosta e, em não se tratando de codinomes que remetam a defeitos físicos - isso é crime hediondo - há muitos outros que são bastante carinhosos.

Se meu pai fosse vivo iria se divertir com apelidos que achei na internet. Por exemplo, gêmeas absolutamente idênticas foram chamadas, no batismo e no registro civil, Camila e Vitória. Confundiam até a mãe, daí ganharem os codinomes de Control C e Control V, que em 'internetês" são dois comandos para cópia seguida de colagem de palavra ou imagem no texto ou no desenho.

Naomi, irmã gêmea de outra garota, também Victoria – desta feita grafada como no original inglês - ganhou o apelido de Dê, de Derrota...  Igualmente gêmeas, Flora e Clara eram conhecidas como Fauna e Gema.

Falando em Clara, mamãe se chamava Clara, como sua avó. Nada a ver nome e aparência: bisa era mulata, minha mãe, morena, que de repente virou Clarinha, diminutivo que ela odiava: insistiam em chamá-la assim ... para atormentá-la. E aconteceu o óbvio. Bastava ela mostrar insatisfação com o apelido, aí é que os espíritos de porco se manifestavam... Já a bisneta que recebeu o mesmo nome, nem se toca: adora seu nome. No normal ou no diminutivo.

Professor chegou na classe, cumprimentou e disse “Meu nome é Hilário”. Os alunos, calados, aguardaram em silêncio o tal nome anunciado como engraçado. O professor foi à lousa e escreveu Hilário. Aí entenderam que não era trocadilho. Era nome próprio. Depoimento: “Éramos amigas inseparáveis desde a pré-escola:  eu e minha amiga Cláudia, de apelido Cáu. Viramos Cal e Cimento...” E o colega cujo nome era Rivaldo Jesus? Era chamado Ateu.

Futebol é manancial de apelidos engraçados. Josh que veio dos Estados Unidos, virou Diacho no time do bairro. Sabe aquele cara que nunca usava desodorante? Passou a ser chamado de 200, que em numerais romanos é CC. Ajudou bastante o nome batismal de Emílio, para o craque ser chamado de Fubá, durante a escalação do time.

Para terminar, em uma empresa, o chefe, de apelido Rojaum, ficou responsável por dois estagiários. Bombinha e Estalinho... A mais top de todas, o apelido da amiga novidadeira e fofoqueira: Unimed, empresa que tem por slogan “Nossa vida é cuidar da sua.”

O atual presidente tem apelido. A mulher do atual presidente também. Ministros têm apelidos. E as capitais brasileiras, embora muitos brasileiros nem saibam seus nomes ou reconheçam a localização dos estados, têm apelidos. Basta conferir na ilustração...

Lúcia Helena Maniglia Brigagão é publicitária e escritora

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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2 COMENTÁRIOS

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  • LILS
    17/08/2023
    Caro amigo Helio P Vissotto, eu sabia que teus comentários sobre politica são horriveis. Agora percebi que é geral...
  • Helio P Vissotto
    13/08/2023
    Melhor apelido que vi na minha vida. O cara chamava Ênis, deram o apelido de \"Aralho\".