OPINIÃO

Titanic

Em 1997, no lançamento do filme Titanic, o Cine São Luiz abriu suas portas e teve sala lotada algumas semanas. Leia o artigo de Lúcia Brigagão.

Por Lúcia Brigagão | 25/06/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para o GCN

Reprodução

Em 1997, no lançamento do filme Titanic, o Cine São Luiz abriu suas portas e teve sala lotada algumas semanas. Talvez pela exibição da semi-nudez da linda atriz - época que mostrar parte dos seios era considerada atitude ousada; talvez pela magnitude da produção. No entanto, posso apostar que as mocinhas, digo, mulheres em geral construíram imaginárias e quentes cenas de amor com Leonardo de Caprio. Todo mundo bateu palmas para James Cameron, o produtor, que havia pessoalmente, antes de iniciar a filmagem, visitado os destroços do Titanic, para “sentir o clima”. 

Há muita história verdadeira e verdadeiras lendas, que circundam a história do Titanic. Gloria Frances Stewart, a Rose Butaker do filme, por exemplo. Em 1998, aos 87 anos, ela se tornou a pessoa mais idosa a receber indicação ao Oscar como atriz coadjuvante secundária, por seu papel de amada de Jack Dawson digo, Leonardo de Caprio - Rose.  É ela quem lança o colar com o berloque de coração, no lugar onde o navio, anos antes, desaparecera. A cena faz chorar... A 20th Century Fox precisou construir estúdio novo para colocar equipe de filmagem e a réplica, com todo luxo possível, da lendária embarcação, quase na mesma escala que a da original. A companhia comprou terras no litoral sul do México e construiu tanque com mais de 60 milhões de litros de água. 

Todo mundo sabe o que aconteceu com o navio, na verdade. Lançado como embarcação absolutamente segura e desafiadora, bateu num iceberg e afundou. E não saiu mais do imaginário popular. Há, ainda, réplica dos escombros que pode ser visitada – a história continua rendendo – que visitantes dos estúdios de filmes percorrem, como se estivessem no porão do Titanic: inscrições, informações, detalhes indicam o nome do local... mas tudo invertido. Tudo de cabeça para baixo. Não indico, muito menos recomendo o passeio para quem padece de labirintite.

Visitei exposição em Londres, 2020, não faz muito tempo, que mostrava o luxo, pompa e circunstância do navio: peças fake - poltronas, camas, cômodas, lustres, mesas, tapetes, lustres compondo cenários, e muitas autênticas: pratos, talheres, terrinas, xícaras, baixelas de prata, porcelanas finíssimas. Emocionante imaginar, ao passar por elas, que pessoas usaram aqueles objetos em algum momento daquela fatídica noite, antes de se assustar, sentir medo e perder a vida. O que pensavam elas, quando a embarcação “indestrutível” começou a tombar? 

No domingo, mais de 110 anos após aquela primeira, nova tragédia sublinhou o nome Titanic. Grupo de bilionários, que podiam ir para a Lua, ou para qualquer outro lugar exótico pelo preço da passagem individual, resolveu ver as ruínas do transatlântico no fundo do mar. Na viagem, o submarino Titan, tripulado por 5 outras pessoas, pelas informações até eficientes e experientes, perdeu contato com a superfície. Morreram todos. E ninguém soube, efetivamente, as causas de ambas as tragédias. 

O Titanic partiu em sua viagem inaugural de Southampton – Inglaterra, no dia 10 de abril de 1912. No caminho passou pela França e Irlanda. Nunca chegou a Nova Iorque, seu destino final. Era considerado indestrutível, rendeu antológica produção cinematográfica – 11 prêmios de 14 indicações e, muito mais tarde, se tornaria o preferido de Clara, minha neta, nascida em 2003. Ela afirma que ainda conhecerá Leonardo de Caprio, por quem se apaixonou quando viu o filme, anos depois de ser lançado. Eu nunca o vi: saí do cinema antes de terminar, com crise de labirintite.

Lúcia Helena Maniglia Brigagão é publicitária e escritora.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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