OPINIÃO

Temporada

Planejo ir a Windsor homenagear Elizabeth II. Grande mulher, grande personalidade, líder político, corajosa e destemida. Leia o artigo de Lúcia Brigagão.

Por Lúcia Brigagão | 18/06/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para o GCN

Estou temporariamente em Londres. Saí, bati a porta, pedi para Marlene não descuidar das plantas – como se fosse preciso – esvaziei a geladeira, fiz as malas, enchi-as de presentes e lembranças, despedi-me dos mais próximos e vim conhecer gente nova: as netas gêmeas, filhas do caçula também conhecido como “Sol da Minha Praia”. 

Já vim para cá sob os mais diferentes pretextos. Londres já fez parte de roteiro turístico – fui hóspede de renomado hotel ao lado do St James Park, superconfortável, com diárias salgadas – tudo é muito caro por aqui – mas taxa bem abaixo daquelas que reis e rainhas do Brasil pagam sem pestanejar. Reescrevendo, bem abaixo daquelas que nós, contribuintes, pagamos para os que se imaginam rei ou rainha do Brasil ficarem hospedados. Aliás, sobre a ilustre e recente visita, nenhum jornal local, nem os distribuídos no metrô que vivem à cata de notícias e publicam até as farras dos galos dos vizinhos – somente aqueles editados por conterrâneos que exaltam as lindezas políticas brasileiras, residentes aqui, claro e subvencionados por dinheiro nosso - registraram a estadia. Por falar em conterrâneos nossos, anglo residentes sem registro que ora fogem da imigração, ora arranjam casamento forjado, a maioria reclama do Brasil, das condições desumanas que enfrentaram num passado distante ou próximo; do governo e governantes anteriores; das nossas mazelas políticas, e ralam e ralam aqui com o que chamam de subempregos. Nem imaginam ou percebem que, se trabalhassem assim em terras tupiniquins e com registro adequado, seus problemas, pelo menos os financeiros, estariam parcialmente resolvidos. Fora o frio, o desconforto, o alto preço das passagens urbanas e interurbanas. 

Bem, já estive aqui ora na condição de turista de classe média, ora na de mãe de estudantes da língua inglesa, depois como mãe da única filha que quis andar com suas próprias pernas, deixou seu reino para trás e ralou, no início, como as amigas também estrangeiras que fez aqui. Já passei aqui invernos e primaveras, fiquei apaixonada pelo outono, continuo detestando verão, vim para a preparação do casamento e depois, quando o primeiro neto, filho dela, nasceu.

Já andei um bocado por estas terras desde as Highlands, agora só falta Cornwall. Já comemorei o 5 de Novembro, dia de Guy Fawkes, o soldado inglês que quis explodir com pólvora a Câmara dos Lordes, no Parlamento. Aliás excelente ideia para aplicar nos governos e governantes que não andam na linha: queimaram-no e vêm queimando sua réplica em boneco na praça pública. Depois, estouram fogos de artifício que pintam o céu de Londres com os mais mirabolantes desenhos pirotécnicos. E comemoram. 

Planejo ir a Windsor homenagear Elizabeth II. Grande mulher, grande personalidade, líder político, corajosa e destemida. Se o rei Charles e a rainha Camilla me convidarem, peço vestido vermelho molho de tomate ou amarelo mostarda emprestado e volto no Buckingham. Se der, visito a família Berlusconi... 

O povo inglês, de maneira geral, lamenta a saída da Inglaterra da Comunidade Européia. Votar, aqui, não é obrigatório, muitos tiveram preguiça de sair para fazê-lo. Não votar e votar errado, procedimentos que, mais tarde ou mais cedo, cobram seu preço.

Lúcia Helena Maniglia Brigagão é publicitária e escritora.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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