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De capital do calçado a polo tecnológico, Franca vira referência no e-commerce

Por Pedro Baccelli | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Sampi/Franca
Reprodução
Equipe francana da Irroba operando estratégias destinadas para o e-commerce
Equipe francana da Irroba operando estratégias destinadas para o e-commerce

“Capital do basquete”, “terra do café” e “cidade do calçado”. Franca foi reconhecida nacionalmente por estes termos nas últimas décadas. Com o avanço tecnológico, o município, de aproximadamente 380 mil habitantes, ganhou destaque no e-commerce.

“Dados extraoficiais sugerem que Franca ocupa a segunda posição em termos de envio de encomendas por meio de uma das principais transportadoras do Brasil no Estado de São Paulo, e a quinta posição em todo país”, diz o presidente da ComEcomm (Comitê de Líderes do e-Commerce) de Franca, William Israel.

Com o alto número de transportadoras, segundo William, não é possível ter um resultado exato e oficial de quantos produtos saem todos os dias da cidade. No entanto, a cadeia de empregos que o setor gera possibilita dimensionar a grandeza do mercado francano.

Tudo começa na fábrica com a produção do produto. O vendedor cria um cadastro nos canais de venda, como lojas virtuais e marketplaces, além de tirar fotos e fazer vídeos da mercadoria. A próxima etapa é a divulgação para os consumidores nacionais e/ou internacionais. Depois de embalada, a encomenda é entregue a transportadora, que leva até o cliente. Por fim, o atendimento pós-venda para sanar dúvidas e resolver problemas dos compradores.

A cadeia emprega funcionários nos setores de produção, marketing, vendas, logística e atendimento ao cliente. “Muitos cidadãos de Franca trabalham com vendas on-line ou conhecem alguém que atua nesse setor. Portanto, o e-commerce se tornou um elemento fundamental na cultura empreendedora local, sendo um setor extremamente aquecido”.

Exemplo de sucesso
Uma das histórias de sucesso do e-commerce de Franca é da Irroba. A plataforma, que ajuda na criação de lojas virtuais, foi fundada em 1997. “As pessoas não acreditavam em comércio eletrônico naquela época. A internet como a gente conhece fazia uns dois a três anos apenas. Eu programava de um lado é ela (minha mulher) cuidava da parte visual do outro”, relembra o presidente Rodrigo Carvalho, de 47 anos.

A empresa conta com, aproximadamente, 4 mil clientes. Além de atender lojas nacionais, no dia 22 de fevereiro, iniciou operações fora do Brasil. Ainda visando o crescimento, a sede da Irroba será transferida para um prédio, na rua Distrito Federal. A estrutura está em fase final de montagem.

Este crescimento, segundo Rodrigo, foi possível pela estrutura que a cidade oferece. O resultado é a visibilidade dentro do setor. “Hoje Franca é considerado uma das maiores cidades de comércio eletrônico no planeta. Não só do Brasil. Pega entre os mil maiores comércios eletrônicos que são citados sempre no meio, 50 estão dentro da nossa cidade”.

“Acredito que a projeção de Franca até 2030 é se tornar um gigante na área de tecnologia em todo país”, finaliza.

Perfil dos empreendimentos
Uma das razões para a imponência do setor é a variedade de produtos oferecidos. Em pesquisa realizada na ExpoEcomm do ano passado, os fabricantes são divididos nos seguintes segmentos de atuação na cidade: alimentos e bebidas (1,5%), construção e ferramentas (2,5%), peças automotivas (2,5%), casa e decoração (3,5%), eletrônicos e informática (5,5%), vestuário e acessórios (10,5%), calçados e acessórios (31%) e outros (45%).

Na categoria de outros, o presidente da ComEcomm descobriu produtos “inusitados” no mercado francano. “Tive prazer de conhecer empreendedores que obtiveram vendas significativas em segmentos como brinquedos para animais de estimação, sabonetes perfumados, geleias artesanais, acessórios para escalada, equipamentos de luta, entre outros”.

O número de colaboradores também oscila de acordo com o tamanho da empresa: 36% de 1 até 5 pessoas; 14,5% (de 11 até 25); 14% (de 26 a 50); 14% (de 6 a 10); 11% (acima de 50); e 16,5% (não tem funcionários).

Já o rendimento é dividido em 7%  de R$ 100 mil até R$ 500 mil; 13% (R$ 50 mil até R$ 100 mil); 13% (acima de R$ 500 mil); 20% (não vende on-line); e 37% (R$ 0 até R$ 50 mil).

Ao todo, 875 congressistas participaram da maior feira de e-commerce do interior em 2022. Neste ano, a ExpoEcomm está confirmada para acontecer no dia 23 de setembro e deve atrair cerca de 1,5 mil pessoas no Villa Eventos.

Afinal, como o e-commerceu virou potência
O e-commerce em Franca se fortaleceu a partir das necessidades da indústria calçadista, que foi afetada pelos altos impostos e a concorrência internacional. “Ao optar pelo comércio eletrônico, o setor calçadista conseguiu eliminar intermediários (representantes, distribuidores e lojistas) e vender diretamente ao consumidor final, o que contribuiu para criar um ecossistema forte e pujante com especialistas e fornecedores especializados em e-commerce”.

A cidade é sede de inúmeras empresas de tecnologia, transportadoras e agências que oferecem suporte para o setor, possibilitando o crescimento. Outro fator preponderante é a mão de obra qualificada para vendas on-line, formada pelas próprias faculdades e cursos técnicos.

A área aprendeu a driblar as dificuldades para crescer, entre elas, não ter ligação direta com as principais rodovias estaduais e nacionais, e a pouca exploração de transportes aéreos. Desta forma, as transportadoras apostaram na logística para favorecer o mercado.

“Corredores de negócios foram estabelecidos e Franca ganhou reconhecimento como capital nesse setor, o que nos permitiu ser competitivos em termos de prazos e preços, apesar da nossa localização geográfica. Embora não seja o cenário ideal, como empreendedores francanos, temos a cultura de buscar alternativas para superar nossas fraquezas”.

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Comentários

9 Comentários

  • Xing Ling 08/05/2023
    Carissima leitora Rejane, não é amargura ! É apenas a visão realista, infelizmente...
  • CLEUBER ALVES DE SOUSA 07/05/2023
    E o melhor, Franca que de 1979 ao inicio dos anos 2000 se dedicada a pirataria de todos os tipos, desde sapatos, confecç?es, agrotoxicos etc, mais agora com o \"avanço\" tecnológico vamos construir uma linda cidade, a base de empregos formais e arrecadação de impostor. Viva a tecnología.
  • Rejane 07/05/2023
    Xing Ling... O seu nome já diz tudo! Vou orar por você. Quanta amargura nessa alma.
  • Edmo Ferreira 07/05/2023
    Excelente matéria. É muito provável que essa informação vai atrair novos empreendedores com interesse nessa modalidade, favorecendo ainda mais a economia local. Parabéns SAMPI.NET.BR
  • Julio 07/05/2023
    Participei deste evento no Dan inn, o nível dos palestrantes é bem baixo, é um show de mentiras, firulas, auto promoção... infelizmente não acrescentou nada, precisam urgente trazer bons prestadores de serviço de fora para palestrar e trazer conteúdo de qualidade pra fomentar nosso Polo tecnológico.
  • Gabiroba 07/05/2023
    E isso consequentemente está melhorando a renda de nossa cidade, pois antes as fábricas pagavam muito pouco e os patrões nadavam de braçada em mão de obra e altos ganhos
  • Sincero 07/05/2023
    Para Polo tecnológico falta muito! Ainda não temos um Senai e Senac oferecendo qualificação para formação de mão de obra qualificada em ecommerce, vemos muitos aventureiros tentando a sorte e muitos dando certo porque é uma realidade mundial essa migração para as vendas online. Assisto de camarote um altíssimo número de empresas vendendo tráfego, marketing, design, sites e gestão com qualidade bem duvidosa e sem garantia nenhuma. Calma muita calma, o pessoal do oba oba precisa entregar bem mais!
  • Xing Ling 06/05/2023
    Polo tecnológico ??? É demais hein....meia dúzia de gente que deu certo e o resto é só aquele pessoal sem qualificação nenhuma que abre CNPJ sem planejamento nenhum...muitos postam 1 encomenda por dia e já vai em banco pegar crédito....Franca tem de aprender muito ainda. Cidade onde se come chuchu e arrota perú...mal sabem dirigir. Mentalidade do empresário francano é muito pequena, infelizmente.
  • Evandro Faraco 06/05/2023
    Lembro quando o Rodrigo e sua esposa Vânia começaram no Edifício Esmeralda no centro praticamente sozinhos e com pouquíssimos funcionários , hoje a Irroba se tornou uma potência nessa área parabéns ao casal e cada dia mais sucesso