OPINIÃO

Cidadania

Caso fosse apenas reação individual, era só tomar remédio para desencadear série de procedimentos desejáveis. Leia o artigo de Lúcia Brigagão.

Por Lúcia Brigagão | 09/10/2022 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para o GCN

Caso fosse apenas reação individual, era só tomar remédio para desencadear série de procedimentos desejáveis. Jeito especial de agir? Bastaria estudar e após contratar mídia, mostrar figurinhas e figurões assumindo atitudes consideradas positivas e, batata!, conseguiríamos massificar a intenção. Questão de comportamento? Postura? Posição do espírito? Seria suficiente estimular ou tornar obrigatório, anular a Constituição e baixar a Lei Única de amar e respeitar incondicionalmente.

Ser cidadão vai muito além de contágio, propósitos e convencimento. Está acima de gozos de deveres e direitos - civis ou políticos – do Estado. Algo que se aprende e se vivencia. Postura que, introjetada, gruda e jamais será descartada.

Simples. Basicamente é não jogar lixos nas ruas; cuidar do meio ambiente no limite das mãos; avaliar com consciência e imparcialidade os candidatos a cargos políticos; acompanhar o procedimento deles – antes e depois de eleitos.  Pagar impostos e cobrar dos governos lisura, decência e dignidade prometidas. Saber (de cor) o Hino Nacional do país; pelo menos reconhecer os acordes de outras canções da pátria; apontar no mapa a exata localização das capitais dos estados da União. Conhecer, mesmo que superficialmente, pouco da história dos antepassados. Obedecer a sinais de trânsito.

Menos simples. É estar atento àquilo que acontece ao redor, ainda que fora dos limites dos olhos. Perceber a imensa rede que nos une a todos. Ter consciência de que qualquer catástrofe ocorrida em qualquer região nos afeta, mesmo que não sintamos seus efeitos no cotidiano. Sentir responsabilidade pelos menos favorecidos, fazendo-os irmãos.

Difícil. Sem ter sido vítima direta de qualquer violência, reconhecê-la e lutar por sua extinção. Sem ser pai, sair às ruas exigindo melhores condições de estudo para filhos que não são seus. Mesmo desconhecendo a dimensão do valor, batalhar pela arte e preservação da cultura do país.

Dificílimo. Sair do casulo, invólucro fabricado pelo egoísmo tecido com teias que impedem ações de compartilhamento, de cumplicidade, de companheirismo, de amor pelo próximo e pela terra natal.

Quase improvável, mas não impossível: sonhar com país novo, formado por imensa população vizinha e próxima, etérea, pura e elevada, onde todos serão iguais diante da lei e terão objetivos semelhantes de dignidade e justiça. Nada impede de idealizar e lutar pelo futuro, quando estaremos formando esta sociedade.

Um sonho. Nessa nova era sairíamos de casa com segurança e certeza da volta. Nossos filhos poderiam planejar o futuro. Todos teriam saúde, educação, moradia, emprego e lazer garantidos. Os aposentados, sem condições de trabalho, seriam assistidos – sem paternalismo – pelo Estado. Nosso país não mais seria espoliado por vampiros estrangeiros. Nossas matas e riquezas minerais seriam preservadas. Os empresários poderiam dormir sossegados sem o fantasma da derrota corroendo seus ideais. Os artistas criariam livremente. A corrupção seria atitude excêntrica, não mais constante. Suborno, abuso de poder, autoritarismo, apropriação indébita e omissão seriam apenas palavras do dicionário, sem outra finalidade que denunciar um passado de (más) lembranças.

“É possível!”: a partir desta hipótese a gente se levanta para novo dia. E trabalha. Vota. Escolhe. Cobra. Exige. Presta atenção. Muda postura. Lê e se informa. Acredita. Descarta. Aceita. Pensa. Segue. Chora. Ri. Responsabiliza-se. Reparte. Alegra-se. Aí, olha ao redor e sente os efeitos do clima privilegiado. Olha para trás e reconhece passado glorioso. Olha para frente e tem esperança. Olha para cima, vê o Cruzeiro do Sul. Vem a certeza e acredita: “Vou conseguir!”. Ergue a cabeça, sente orgulho e assume: “Depende de mim. Depende de cada um de nós!”. E aí, então, percebe que acabou de nascer um Cidadão Brasileiro.

(Minha Seleção - Reescrita em 6 de outubro de 2022)

Lúcia Helena Maniglia Brigagão é publicitária e escritora.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

Fale com o GCN/Sampi! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Franca e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

1 COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.

  • José Américo Braia Taveira
    10/10/2022
    Boa tarde, Querida Mestra. Como está a família e nosso Wilsinho? Espero de coração que estejam bem. Você é sem dúvida alguma INSPIRADA, a falar com o coração e despertar nas mentes a FRATERNIDADE. Que JESUS continue abençoando, amparando e protegendo você e toda família. Nunca perco nenhum de seus textos. Junta faz um livro. OLHOS, CABEÇA E CORAÇÃO DE UMA FRANCANA. Muita Luz e fiquem com Deus.