As cenas de uma mulher transexual sendo agredida na madrugada da última sexta-feira, 27, no show da dupa Henrique e Juliano, na 51ª Expoagro de Franca, repercutiram entre famosos. O padre Júlio Lancellotti e a apresentadora Xuxa Meneghel repostaram o vídeo.
Com mais de 1 milhão de seguidores, o padre postou o vídeo com a legenda “transfobia na Expoagro”. A postagem tem quase 700 mil visualizações.
“Por que tanto ódio, gente? Viramos um bando de selvagens?”, questionou Márcia Araújo, na postagem.
“Chorei vendo esse vídeo. A humanidade chora dores que nem sabe que tem nesse momento. Que absurdo, como pode a maldade humana chegar a essa ponto?”, lamentou Ree Colombo, também na postagem do padre.
A apresentadora Xuxa Meneghel repostou em seus stories o vídeo que o padre compartilhou, com a frase: “É isso que esse governo endossa com suas atitudes!”.
O vídeo circulou também em várias emissoras de TV e portais como o UOL, que divulgou as imagens em seu perfil no Instagram.
As agressões
As cenas de agressão aconteceram na madrugada da última sexta-feira, 27, na 51ª Expoagro de Franca. As agressões foram registradas por pessoas que assistiam ao show.
Segundo Gabriela, que é amiga do casal e também estava no show, eles estavam curtindo a apresentação, quando dois homens começaram a zombar do namorado de uma mulher transexual.
"Eles começaram a zoar dele (namorado), chamando de 'viado'. Fazendo gracinha e piadas. Pra evitar uma confusão, eu a chamei para ir no banheiro, mas quando voltamos, um dos rapazes xingou e deu um soco no namorado dela. Foi onde começou uma briga", contou Gabriela.
Depois que a briga começou, a mulher tentou tirar o namorado do local, momento em que as imagens foram gravadas.
"Ela segurava o namorado pra tentar parar com a briga. Eu fui tentar chamar alguém pra ajudar a tirar eles da briga. Aí o outro amigo, na hora que viu que ela era trans, entrou no meio e começou a bater nela com socos. Eu tentei separar e apartar. Muita gente que estava vendo ria da situação, mas outras tentaram ajudar", continuou Gabriela.
No momento que a trans era agredida, Gabriela conta que as pessoas pediam para que a briga parasse e, nisso, mais ataques homofóbicos aconteceram. As imagens mostram a mulher levando vários socos na cabeça e o namorado, chutes.
"O pessoal falava para eles pararem de brigar, mas ele (o agressor) falava 'é travesti, travesti tem que apanhar mesmo'. Ela tá tudo machucada, o namorado dela também, não vamos pisar lá (Expoagro) nunca mais", disse Gabriela.
No vídeo, é possível ouvir o pessoal falando para parar, quando o agressor afirma que a mulher é "travesti". "Não vai bater em mulher não", diz um homem separando o homem, que responde. "É travesti, não é mulher, não seu C*". Um outro homem aparece e o agressor continua. "É travesti, você vai fazer o quê. Vai dar a b*".
Gabriela ainda afirma que nenhum segurança tentou ajudar o casal no momento. Segundo a Expoagro, os seguranças foram acionados, mas a briga já não estava mais acontecendo quando eles chegaram ao local.
“A organização reitera que repudia qualquer ato de violência e está à disposição para auxiliar no caso”.
Na manhã da sexta-feira, 27, horas após a agressão, o casal esteve na Central de Polícia Judiciária para registro da ocorrência. Segundo eles, os policiais civis não quiseram registrar o caso como transfobia. À tarde, eles retornaram e o caso foi corretamente registrado. A Polícia Civil investigará o ocorrido.
Homem nega que agressão tenha sido motivada por mulher ser transexual
Um dos envolvidos na briga, Augusto César negou que a agressão tenha sido motivada por transfobia. Segundo ele, o vídeo que circulou em redes sociais só mostra o fim da briga, quando ele agride a mulher.
"Eu estava em uma roda de amigos, rindo com minha esposa e um casal, quando a moça me empurrou e disse 'você está rindo de mim? Nunca viu um travesti? Vamos lá fora que vou te mostrar como a gente faz, onde eu moro'. Nisso eu afirmei que nunca a tinha visto e recebi um empurrão", contou Augusto.
Augusto também diz que depois do empurrão, ele começou a bater boca com a mulher, momento em que o namorado dela chegou e começou a brigar.
"Ela me deu um tapa no rosto. O vídeo só mostra o final, mas ela me agrediu. Foi depois disso que agredi ela, eu confesso, revidei. Eu não a agredi por ela ser trans, e sim porque me agrediu. Nisso outras pessoas falaram que 'travesti tem que apanhar mesmo'. Eu não falei isso. Aí surgiu alguns homens e começaram a falar que eu estava batendo em mulher, por isso aparece (no vídeo) eu falando que era travesti", continuou.
Augusto ainda contou que após a briga se encerrar, o namorado da mulher voltou a querer brigar, mas ele se afastou. Ele ainda disse que procurou a delegacia e se dispôs a esclarecer a briga.
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