Ressonâncias

Ao ouvir o nome de pequeno país do leste europeu, a sonoridade do nome despertou curiosidade. Pesquisei. Quase em seguida, fiquei fascinada. E incluí a Croácia na lista daquele que seria o próximo roteiro

Por Lúcia Brigagão | 01/05/2021 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para o GCN

Turista acostumada e viciada em trajetos óbvios, não me importava muito a existência de outras destinações, ainda que reconhecidas através de apelo literário, histórico, artístico ou arquitetônico. Ao ouvir o nome de pequeno país do leste europeu, a sonoridade do nome despertou curiosidade. Pesquisei. Quase em seguida, fiquei fascinada. E incluí a Croácia na lista daquele que seria o próximo roteiro.

A surpresa foi enorme. País em forma de ferradura, localizado no sul da Europa Oriental, na Península dos Bálcãs, possui longa costa no Mar Adriático, que o separa da Itália. De um lado, a costa italiana, de outro, a longa costa da Croácia, com cidades e formações incrivelmente bonitas e peculiares como Brac. No norte há trânsito marítimo constante entre as italianas Veneza, Trieste e cidades croatas costeiras como Pula. E o estreito e longo país ainda é servido por estradas novas e bem pavimentadas, com espetaculares vistas dos países vizinhos e de imensos e bem cuidados parques florestais. Tem mais de mil ilhas, é atravessado pelos Alpes Dináricos. A capital é Zagreb, mas a cidade mais visitada é Dubrovinik, com muralhas do século XVI que cercam a cidade antiga com edifícios góticos e renascentistas. O nome me soou familiar e, buscando aqui e ali lembrei-me de ter lido em algum lugar que Dubrovinik era a cidade onde Elizabeth Taylor e Richard Burton iam namorar escondidos da mídia, antes de se casarem a primeira vez. De um lado, o Mar Tirreno, mais quente e mais bonito que o oposto lado italiano, por causa das correntes marítimas. De outro, as fronteiras com a Bósnia-Herzegóvina, Montenegro, Sérvia, Hungria e Eslovênia. Por todo lado, vestígios de escombros causados por guerras sangrentas como a Guerra de Independência e tantos outros conflitos intermitentes ocorridos desde a Segunda Guerra, que vieram a transformar aquela região em frequentes cenários de desolação e recordações tristes, nada compatíveis com a beleza do espaço.

Recentemente escrevi sobre aquele país, contando sobre curioso museu que visitei em Zagreb, a capital croata e tive grato retorno por parte do leitor Carlos Resende, que concordou com minha opinião tanto sobre o local, quanto sobre a beleza e originalidade croatas. E mais. Não imaginava, contou-me que a Croácia apoiou os nazistas e havia campos de concentração dirigidos pelos nativos, que barbarizavam seu povo, do mesmo modo que os alemães. Dezenas de milhares de sérvios ortodoxos, ciganos e judeus foram mortos pelas forças do movimento terrorista e genocida chamado Ustase que criou o campo de concentração de Jasenovac, responsável pela morte de cerca de 100 mil pessoas. (Estima-se que, ao longo da duração da guerra, tenham morrido em função da política genocida do Ustase, cerca de 300 mil sérvios.)

O filme de drama sérvio Dara de Jasenovac, deveria ter sido lançado no início de 2020 para comemorar 75 anos de fuga de presos do campo, mas teve seu lançamento adiado para o final do mesmo ano e, logo depois, adiado para os meados de 2021, com tempo de concorrer a vários prêmios. É a primeira produção sérvia sobre o holocausto no Estado Independente da Croácia. O filme recebeu críticas mistas e controversas dos comentaristas internacionais. Positivas de um lado, pois retrata episódio ignorado da Segunda Guerra Mundial que recebeu pouca ou nenhuma cobertura do público internacional, contrapõem-se às outras, negativas, que banalizam ou negam o que consideram mera idealização artística. Vou conferir, depois eu conto.

(O texto de hoje é dedicado ao leitor Carlos Resende.)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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