Oscar 2021

Por Lúcia Brigagão | Especial para o GCN
| Tempo de leitura: 3 min

Estou atrasada. Atrasadíssima. Pela primeira vez em anos. Até mesmo no ano passado, a esta altura, já teria preparado sinopses, artigos, comentários, palpites que levaria comigo para a sala, a fim de acompanhar majestoso desfile dos artistas bem vestidos e bem paramentados, para compará-los às personagens que encarnam nos filmes. Já teria meus palpites para os vencedores. Até apostas. Este ano nem deu tempo para assistir àqueles que que estão disponibilizados para análise. Deve ser a pandemia. Essa maldita pandemia.

Neste mesmo dia, 25 de março, em 1824, o Brasil outorgou sua primeira constituição, só para lembrar. A atual foi promulgada em 1988 e, desde então, todos os dias sofre uma alteraçãozinha aqui, outra ali. Talvez de remanescente conserve apenas o título de “Constituição Cidadã”, já que as autoridades diariamente cortam-lhe um pedacinho aqui, modificam-na ali, acrescentam-lhe pareceres acolá. Diferentemente, este 25 de março de 2021, é dia do Oscar. E vão se passar anos, poderemos não gostar do resultado, ele será imutável. Não sofrerá pitacos infelizes... Bem, quando soarem as nove badaladas da noite, balde de pipoca no colo, quem sabe uma taça de vinho, desligarei o telefone e pregarei os olhos na tela. Não tenho palpites. Quase não vi os indicados, só acompanhei experts avaliando e como quase que só confio na Isabela Boscov, terei surpresas. Espero que agradáveis.

Em 2013, cinéfilos acompanharam cesta incomparável de produtos de cinema. Foi o ano de As aventuras de Pi, Lincoln, Os Miseráveis e de Amour, um dos meus dez filmes prediletos. Amour é filme falado em francês, escrito e dirigido por Michael Haneke, austríaco. Protagonizado por Jean-Louis Trintignant, Emmanuelle Riva e Isabelle Huppert, a narrativa gira em torno de casal idoso aposentado e a filha, que vive distante. Emmanuelle/Anne, após cirurgia na carótida e sofre paralisia parcial. Venceu a Palma de Ouro e recebeu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Em 2014, torci por 12 Anos de Escravidão, Philomena, Clube de Compras Dallas. Bati palmas para Cate Blanchett e Lupita Nyong’o. 2015, levantaram-me da cadeira Benedict Cumbertatch em O jogo da Imitação e Eddie Redmayne, em A teoria de Tudo. E chorei muito, em Para sempre Alice, com Julianne Moore. Em 2016, me arrepiei com O Quarto de Jack; meu queixo caiu com Spotlight – Segredos Revelados e entrei em levitação com A ponte dos Espiões. 2017. Lion me fez chorar; Manchester à Beira-mar, também e Florence: Quem é Essa Mulher? me deixou pensando em personalidades duplas. 2018. A Forma da Água me surpreendeu; Gary Oldman me arrancou aplausos com O Destino de Uma Nação. 2019 me provocaram arrepios: Nasce uma Estrela; Bohemian Rhapsody; Green Book e Vice. Em 2020, já durante a epidemia, surpreenderam-me: Jojo Rabbit; Dois Papas; Toy History 4, Muito além do Arco-Íris e 1917.

2021 oferece apostas interessantes. Dizem que Meu Pai acumulará prêmios: será o vencedor de Melhor Filme e Anthony Hopkins, no papel central, levará o Oscar de Melhor Ator. Vanessa Kirky será a Melhor Atriz por Pieces of a Woman. Ou será Frances McDormand, por Nomadland? Apostas encerradas, esperemos o resultado! Divirta-se!

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