Eleições

Por Lúcia Brigagão | 14/11/2020 | Tempo de leitura: 4 min
Especial para o GCN

Então, vamos às urnas escolher outra vez prefeito e vereadores para a cidade. Neste domingo, novamente para alguns mais velhos, primeira vez para muitos novatos e debutantes, teremos a responsabilidade de apontar quais pessoas - das extensas e recheadas listas de candidatos - deverão conduzir nosso futuro de cidadãos nos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereadores. Muitas lembranças arquivadas na memória servem como parâmetro e demonstram como mudou a política na cidade, no país. A exemplo das transformações no mundo, mais exatamente.

A começar pela identificação dos candidatos. (Inicialmente esclareço que não adotei a linguagem que elimina gêneros masculino e feminino. Os referidos candidatos podem ser homem ou mulher pois as qualidades que desejo neles, nos candidatos, são ideais e não são exclusivas deste ou daquele sexo. Escrevo as palavras como as aprendi.) Antigamente os vereadores de Franca tinham nomes completos como por exemplo, Adhemar Rodrigues Alves, Abílio de Andrade Nogueira, Flávio Rocha, Michel Astun, José Ricardo Pucci, Fábio Liporoni, Antônio Baldijão Seixas entre outros, muitos outros. Nenhum era identificado por apelido - de família ou de gozação. Nem no superlativo, muito menos no diminutivo. Ser vereador era coisa séria, de importância. Como eram poucos e tinham tarefas de peso como votar leis e acompanhar de perto a administração, o reconhecimento da importância dessas pessoas era dado na formulação de questões em sabatinas e exames de História e Educação Moral e Cívica como, por exemplo, dizer nome completo do Prefeito, do Vice-Prefeito, do Presidente da Câmara, de Vereadores, quem diria! Só mais tarde passaram a, em especial e principalmente, ter a tarefa de nominar ruas, comparecer em batizados, inaugurações, casamentos, funerais, quermesses, sem falar em outras importantes funções como mandar caminhão de areia para os compadres, mandar cortar árvores para não sujar as calçadas das comadres, mandar água para encher a piscina do primo. Tudo isso a fim de garantir reeleição e a específica consequência de ter aposentadoria após dois ou três mandatos como representante do povo. Aqueles primeiros, não faltavam às reuniões ordinárias ou extraordinárias; eram apontados nos eventos como autoridades; não saíam de encontros com comitês de saúde, por exemplo, para ir a churrasco de inauguração de bar. Tinham mais o que fazer que garantir reeleição.

Para Prefeito, especificamente, eu queria votar numa pessoa íntegra, com muita experiência política, que tivesse jogo de cintura e que apresentasse outrosobjetivos além daqueles que ocupam lugar comum na propaganda escrita ou declarada no sabor do entusiasmo: promessas vazias, portanto. Eu queria acreditar nessa pessoa. Nem precisaria conhecer pessoalmente ou ser amiga dela. Mas eu queria sentir empatia por ela e confiar – essa é a palavra - que ela comandaria seus auxiliares, aliás escolhidos pela competência, pela qualidade de serviços anteriormente prestados no setor, pelo dinamismo e honestidade. Principalmente pela honestidade, não apenas porque seriam do mesmo partido. Sairia de casa a fim de angariar mais votos para essa pessoa – entre amigos e parentes, mesmo entre desconhecidos, meus filhos e os novos eleitores da família por acreditar que seria, de fato, o melhor candidato.

Queria apostar que, eleito, meu candidato teria ouvidos para receber críticas e sugestões que beneficiariam tanto a cidade, quanto moradores. Não queria que fosse prepotente, arrogante, nem gostaria de vê-lo ignorar pedidos que contrariassem seu desejo, mas que poderiam beneficiar cidadãos. Ou entidades. Se não pudesse atender alguma reivindicação vinda de quem quer que fosse, que declarasse em voz clara e explicasse os motivos do não atendimento com coerência e respeito. Não perdoaria hipocrisia.

Meu prefeito ideal resolveria problemas antigos da cidade como os causados pelos vendedores ambulantes e moradores de rua; a má qualidade do asfaltamento; a buraqueira que aparece logo depois das chuvas; os recorrentes e previsíveis alagamentos; os terrenos baldios e sujos aproveitados como lixeiras. Sonho que estaria cercado de funcionários competentes, daqueles que resolvem problemas de engenharia, avaliam e despacham rapidamente projetos de construção. Essa equipe dinâmica não ignoraria profissionais que precisam de soluções e não de embromação, mesmo que fossem oponentes políticos... Queria que meu prefeito fosse corajoso e ousado; respeitoso e coerente; imparcial e determinado. Que soubesse ouvir qualquer crítica e fosse ponderado para descartar loas e puxa-sacos. E que mantivesse sua palavra, mesmo quando confrontado pela oposição, sem medo. Que cuidasse e valorizasse do nosso patrimônio público. E que soubesse receber críticas com elegância.

Será que estou pedindo demais? Ou estou sonhando que moro na Escandinávia?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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