Semanas atrás escrevemos que estamos trabalhando em tese que inova a forma de vida em sociedade. Um dos pontos iniciais de uma reforma profunda passa pela análise dos Partidos Políticos. Sempre ouvimos que o brasileiro vota na pessoa e não no Partido ao qual o candidato obrigatoriamente está vinculado. Muitos afirmam que os Partidos Políticos são, talvez, a causa de tantos males. E cresce o movimento em prol das candidaturas avulsas. A propósito a própria Constituição Federal entra em conflito, pois o artigo 5º, XX, permite o livre direito à associação, garantindo o direito fundamental de manter-se ou ainda de não ingressar em associações. Entretanto o artigo 14, §3º, V, obriga a filiação partidária para ser candidato.
Os cidadãos têm razão em efetuar tais comentários, pois é o Partido que irá determinar as condutas, é a vontade do Partido que prevalece e terá que ser obedecida (fidelidade partidária), pois segundo entendimento do STF – Supremo Tribunal Federal a cadeira de Deputados federais, estaduais e vereadores pertencem ao Partido e não a pessoa do candidato eleito. É por isso que vemos nos plenários, quando se discute matérias de relevante interesse para a população, a votação simbólica, ou seja, o presidente da sessão apenas questiona “como vota o Partido tal” e os membros daquele Partido, mesmo que com pensamento divergente nada podem fazer.
Em síntese hoje em dia não se debate se o projeto votado é bom ou ruim para a população, mas tão somente temos os posicionamentos de oposição e situação, ou seja, o projeto é bom, mas de origem do governo, todos os oposicionistas são contra e vice-versa. Apenas como exemplo dessa dissonância na reeleição do ex-presidente Lula, tivemos um Partido que durante a campanha eleitoral era oposicionista, assim recebeu votos de eleitores que contrários ao governo, porém após as eleições o Partido fez acordo com o governo recebendo alguns ministérios e passou para a base governista. Em síntese rasgou todos os votos recebidos e consequentemente a representatividade escolhida nas urnas.
Os Partidos assumiram o Poder e conseguiram retirar a verdadeira representação individual dos interesses, quando os representantes dos cidadãos podiam efetivamente desenvolver atividades políticas desvinculados das organizações partidárias. A propósito o General De Gaulle criticava os Partidos como corpos intermediários que distorcem a vontade dos cidadãos.
A concepção de ideal republicano advém da noção de vontade geral, mas o significado dessa vontade desde o início foi perdido, pois as “negociatas”, chamadas de governabilidade e os votos das lideranças partidárias retiram a representatividade popular nas decisões políticas. O início de reforma de convivência social passará necessariamente pela extinção da forma partidária atual.
O povo não aceita mais apenas votar escolhendo pessoas que serão manipuladas pela vontade e interesses dos partidos, os cidadãos querem participar e expressar seu querer em relação aos problemas da vida pública de forma direta.
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