Natal no Carnaval?

O que aconteceu com a iluminação de Natal não é exceção. Também houve problema na licitação da massa asfáltica para a operação tapa-buracos.

24/11/2019 | Tempo de leitura: 3 min

“Grandes líderes mudam de estilo para levantar a autoestima de suas equipes. Se as pessoas acreditam nelas mesmas, é impressionante o que conseguem realizar”
 Sam Walton, empreendedor americano


 

Manchete do Comércio neste último sábado mostrou que, pelo segundo ano consecutivo, a iluminação de Natal não estará pronta nem será inaugurada no feriado do aniversario da cidade, como tradicionalmente acontece.

Culpa de quem? “Da licitação”, segundo a assessoria do prefeito Gilson de Souza (DEM). Problemas com a falta de materiais levaram à desclassificação da vencedora. A empresa que ficou em segundo lugar foi então chamada para fornecer os equipamentos. Até que os trâmites burocráticos se desenrolem, novembro vai ficando para trás, dezembro se anuncia logo à frente e as luzes e adereços seguem longe de alegrar a população e motivar os lojistas. Neste instante, é certo que as lojas começam a funcionar em horário estendido muito antes da iluminação ser acesa.

O que aconteceu com a iluminação de Natal não é exceção. Também houve problema na licitação da massa asfáltica para a operação tapa-buracos. Na de lombofaixas. Na compra de fraldas. Na contratação da empresa que realizaria “a maior Expoagro de todos os tempos” e que nunca saiu do papel. Na aquisição de cestas básicas. No fornecimento de kits escolares. No restauro do Relógio do Sol. A lista é grande.

Ninguém ignora que o conjunto de leis e normas beira, muitas vezes, a insanidade, com prazos esdrúxulos e formalismos inconcebíveis. A própria lei de licitações, a famosa 8.666, de 1993, mostra-se cada vez mais anacrônica e inadequada. É uma norma cartorial, num mundo digital. Ainda assim, responsabilizar apenas a lei pelos atrasos é tapar o sol com a peneira.

Atirar na Copel (Comissão Permanente de Licitações) tampouco parece justo. Formada por 9 membros e subordinada à secretaria de Assuntos Estratégicos, a equipe reduzida trabalha muito, executa cerca de 400 processos licitatórios por ano e lida com mais de 13 mil requisições de compras diversas. É importante reconhecer que, diferente do que se viu em governos anteriores, até agora não se tem registro de uma única denúncia à Justiça feita pelo Ministério Público que indique fraude em licitações no governo Gilson de Souza.

Ainda assim, os atrasos e os problemas se multiplicam. Sem nenhuma dúvida, a responsabilidade é de quem lidera. Não cabem aqui meias-palavras. A culpa é do prefeito. A confusão na aquisição de massa asfáltica, o cancelamento da Expoagro e o atraso na iluminação de Natal, entre outras tantas, são reflexo direto de um governo hesitante, que varia de ritmo como uma banda desafinada. Sem coordenação, os secretários se isolam em seus guetos e postergam decisões à espera das bênçãos do prefeito que, com frequência, nunca chegam, ainda que seja para executar um evento 100% previsível, com data certa, como o Natal.

Do jeito que as coisas caminham, não será surpresa que as luzes de Natal só sejam de fato acesas quando os tambores anunciarem a folia de Momo. Não duvidem se Papai Noel for avistado na passarela do samba em cima de um carro alegórico iluminado com as lâmpadas compradas para o Natal. Já seria bom instalarem plaquinhas de “perigo a frente” na avenida. Se a nova licitação da massa asfáltica atrasar como as últimas, será impossível o bom velhinho não capotar numa cratera qualquer.

 

Corrêa Neves Júnior, publisher do Comércio e vereador.
email - jrneves@comerciodafranca.com.br

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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