Viagens

O transporte aéreo evoluiu. A aeromoça virou comissária, o aeromoço, comissário, o comandante não mudou de nome

26/10/2019 | Tempo de leitura: 2 min

O transporte aéreo evoluiu. A aeromoça virou comissária, o aeromoço, comissário, o comandante não mudou de nome, ou função e o coração do passageiro continua batendo forte durante turbulências. Os usuários também não são os mesmos de outrora. No comecinho dos serviços aéreos os viajantes homens, usavam terno, muitas vezes portavam chapéus, nem que fosse na mão. As mulheres iam de tailleur, luvas, bolsinha a tiracolo, frasqueira, algumas usavam chapéu. Na frasqueira, tudo que não pode transportar mais em nome da segurança. Desodorante, xampu, condicionador, potes de creme, perfumes, pasta de dentes. E as jóias, claro. No bagageiro, aquele exagero de malas: ela tinha seu conjunto, ele, tinha outro; e os filhos, caso acompanhassem, outro tanto. O serviço de bordo dava gosto. Pratos de verdade, talheres de aço inoxidável, guardanapo de pano, copos personalizados e até taças de verdade. Isso, na econômica. Na executiva, no mínimo aqueles eunucos abanando o passageiro com enormes leques e na primeira classe, nem imagino. Provavelmente talheres de prata Christofle, guardanapos de linho, taças da Bohemia e louça Limoges...

O embarque seguia praticamente o mesmo ritual. Os passageiros das classes superiores entravam primeiro. Passávamos pelos amplos corredores de seus assentos e, enquanto eles tomavam champanhe de boas vindas, procurávamos nossas poltronas que eram apertadas, mas não nos faziam sentir sardinhas em lata.

Hoje, tudo está bem diferente. Há quem diga democrático... Embora as passagens ainda custem muito caro, as facilidades de crédito colocaram países distantes bem próximos de quaisquer sonhos. Passar sob a Torre Eiffel; molhar os pés no Adriático; visitar o Nepal, basta economizar. Infelizmente não há curso ou instruções para educar os passageiros. As restrições de bagagem fizeram diminuir a quantidade de malas despachadas, mas permitem uma maleta de mão que, por ficar sobrecarregada, pesa bastante. Colocá-la acima do assento, na cabine, exige esforço hercúleo... Permite-se, igualmente uma outra bolsa que as pessoas lêem baú, onde carregam travesseiro, nécessaire, óculos, livros, casacos. E os passageiros vão entrando, se acomodando como podem, lotando o avião. Não raro desrespeitam as prioridades. Milagrosamente na fileira onde se acomodam dez pessoas, tem a mesma extensão que na executiva acomoda quatro. No espaço equivalente a vinte pessoas na econômica, vão oito na executiva. A proporção é essa, os preços das passagens, também.

Em compensação, tem a comida servida durante o vôo. Na executiva é à la carte. Na econômica é opção: carne ou massa? Duas folhas de alface, fatia de tomate, pão gelado e gororoba que parece bolo. Será? Tudo no pratinho descartável, com talheres de plástico. E há quem diga que dinheiro não traz felicidade..

 

Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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