Poeira

15/06/2019 | Tempo de leitura: 2 min

Cosmos, documentário apresentado Carl Sagan, o cientista usa especial artifício para explicar mistérios do Universo. Esparrama pelo chão impresso que simula enorme calendário completo com a clássica divisão em meses, semanas, dias. A formação do Universo teria começado no “primeiro dia de janeiro”, diz ele, mais precisamente, à “zero hora” do ano galático representado pelo calendário. Como resultados dos processos, inimagináveis para nós , estúpidos e insignificantes seres, foram criadas estrelas, galáxias, planetas, buracos negros, formações que apareceram, desapareceram, modificaram-se. Sagan anda pelo calendário explicando cada evento e chega aa 31 de Dezembro. Pede que acompanhemos seu raciocínio. Diz que aquele dia, a exemplo do nosso, também estaria subdividido em 12 horas de 60 minutos, cada minuto com sessenta segundos.

Tudo que conhecemos a respeito da nossa galáxia, diz ele, o aparecimento de seres vivos, o longo processo que nos tornou inteligentes, Cruzadas, Vikings, sorvete, picolé, Aristóteles, Lady Gaga, Beatles, Chaplin, segredos e técnicas de construção de arranha-céus, projeções de cinema, filmes, celular, aviões, discos, carros, batons, jatos supersônicos, a teoria do Big Bang, guerras, fatos históricos registrados ou supostos ou imagináveis, Lucy, a primeira mulher, a evolução do ser humano, mais o que aconteceu há 13,3 ou 13,9 bilhões de anos, invenções, a roda, criaturas e cientistas - Lemaître, Einstein, Friedman, Hubble, telefone, naves espaciais, nossos ancestrais de sangue, como fazer pão e macarrão, plantar... tudo isso e mais o que pudermos imaginar, apareceu, foi criado ou inventado ou descoberto nos últimos vinte segundos, do último minuto, do dia 31 de Dezembro. Somos jovens demais e estamos aqui, como humanidade, ocupando nosso pedacinho do Planeta, há muito pouco tempo...

Porém o que nos falta em autoconhecimento e sobre nossa circunstância, nos sobra em arrogância, falta de educação e, em alguns casos, total e absoluta falta de reconhecimento do direito do próximo. Nossas atitudes provam que há pouco passamos a ser bípedes e nem todos o somos... A senhora com dificuldade de andar, cujo carro estacionou em vaga de deficiente e foi arrebentado pelo irracional motorizado que ainda a ofendeu gritando que lugar de defeituoso é em casa, é um exemplo. A idosa que desceu do taxi e interrompeu a correria da gentil senhorita que lhe gritou para voltar para casa que lugar de velho é na sala, é outro. Não conseguir entrar ou sair da garagem de sua casa que fica em rua movimentada, mais um. E buzinar para alguém que tenta atravessar a rua ou interrompe a ilustre passagem do figuraço, outro mais.

Estrelas nascem e se põem a nosso redor estimulando a crença de que estamos no centro do Universo. Se toda estrela é um Sol e existem cerca de quatrocentos bilhões de estrelas na Via Láctea, porém, ficamos reduzidos a partículas de poeira que se assentam sobre este “pálido ponto azul do universo”, que chamamos Terra. Não há motivo para achar que cada um de nós é o centro da Galáxia. .

Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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