Barraco na Educação

A semana era Santa, mas o clima estava mais para o inferno na secretaria de Educação de Franca.

21/04/2019 | Tempo de leitura: 3 min

A semana era Santa, mas o clima estava mais para o inferno na secretaria de Educação de Franca. Tudo por conta de áudios, vídeos e posts com denúncias e acusações, divulgados nas redes sociais pela ouvidora da secretaria, Ângela Barbosa, que reclama, entre outras muitas coisas, de perseguição. Seus alvos principais são o secretário de Educação, Edgar Ajax; e o diretor de Cadastro e Tecnologia Educacional, Ricardo Castanheira. Um desavisado poderia imaginar estar diante de um enredo escrito pela cubana Inés Rodena, célebre por produzir dramalhões que inspiraram novelas mexicanas como Maria do Bairro. É barraco puro!

Vou poupar o leitor dos detalhes mais sórdidos da rocambolesca história. Resumidamente, até onde é possível encurtar um pastelão, depreende-se que havia na secretaria uma disputa por espaço e poder envolvendo a ouvidora Ângela Barbosa e a “turma do Edgar”, cujo maior representante seria Ricardo Castanheira. As trocas de farpas aconteciam há tempos.

O clima teria azedado a ponto da “turma do Edgar” se reunir com o prefeito Gilson de Souza para pedir a demissão de Ângela. O caldo entornou de vez quando Ângela, Ricardo e uma certa Fernanda se encontram no pátio da secretaria. A troca de ofensas e acusações, mutuamente filmadas, é de provocar vergonha alheia em qualquer espectador.

O tal encontro e seus desdobramentos levaram Ângela Barbosa a postar no Facebook um vídeo com 25 minutos de depoimento. É exatamente neste ponto que o que parecia ser comédia sem graça começou a se transformar em tragédia. Em meio a bobagens como insinuações a respeito da sexualidade dos envolvidos, disputa por controle de portão eletrônico e até uma absurda história sobre uma furadeira que teria instalado o pânico entre os servidores, Ângela faz acusações sérias. Não apresenta provas, mas o que ela diz precisa ser apurado. De mais grave, há a afirmação de que o secretário Edgar Ajax usa a participação em eventos pagos com dinheiro público para viajar a lazer; a acusação de que membros da “turma do Edgar” forjaram documentos entregues ao Ministério Público; a denúncia de que os relatórios da ouvidoria com queixas da população são solenemente ignorados; e o relato de que aliados do secretário acobertam suas faltas e ausências dizendo que ele está em reunião quando, na verdade, estaria a quilômetros de distância.

Até agora, a resposta dos envolvidos passa longe do ideal. Ricardo Castanheira, depois do bate-boca, calou-se. O secretário Edgar Ajax, em áudio encaminhado ao programa Hora da Verdade, insinua que Ângela é “desequilibrada”, mas não vai muito além disso e dos tradicionais “beijos de luz” e “abraços fraternos”. Gilson de Souza, que nomeou os três, segue sem se posicionar. É um erro enorme.

Afinal, se Ângela é mesmo desequilibrada, o que ela continua fazendo na posição de ouvidora? Teria que ter sido demitida, na hora. Se não é e suas acusações tem mínimo fundamento, quem deveria ter sido demitido é o secretário de Educação. Se nada tem base nenhuma e é tudo barraco, os três têm que deixar seus cargos. A decisão está com o prefeito. Não agir, não resolve. É preciso uma resposta firme, qualquer que seja ela. A secretaria de Educação é palco de muita coisa importante. Não pode ser de pastelão. Muito menos, mexicano.

Corrêa Neves Júnior, publisher do Comércio e vereador.
email - jrneves@comerciodafranca.com.br 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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