Diferença

O Canadá só perde em extensão territorial para a Rússia. Banhado por três oceanos, sua fronteira comum com os Estados Unidos, no sul e noroeste, é a mais longa fronteira terrestre do mundo.

19/01/2019 | Tempo de leitura: 2 min

O Canadá só perde em extensão territorial para a Rússia. Banhado por três oceanos, sua fronteira comum com os Estados Unidos, no sul e noroeste, é a mais longa fronteira terrestre do mundo. Federação composta por dez províncias e três territórios, é democracia parlamentar conduzida pelo Primeiro Ministro, pelo Governador Geral – que atualmente é uma mulher, e é também monarquia constitucional, cuja figura maior é a Rainha Elizabeth II, da Inglaterra. A capital é Otawa. País multicultural, tem o francês e o inglês como línguas oficiais. É um dos países mais desenvolvidos do mundo. Frio, extremamente frio. Duas histórias curiosas comprovam as baixas temperaturas. Uma, a do gato que não tinha orelhas porque foi esquecido fora de casa durante noite de inverno e, pela manhã, ao entrar na cozinha, meio tonto, bateu as orelhas congeladas no pé da mesa e elas quebraram. Outra, a da mocinha que foi ao mercado e ficou com preguiça de pôr as luvas, enfiou as mãos nos bolsos, deixou o polegar de fora para segurar a sacola. Foi parar no hospital, porque o dedo congelou. Não chegou a cair, felizmente. Só ficou insensível por um bom tempo.

Na capital da Província de Saskatchewan, a cidade de Saskatoon, duas comunidades numerosas convivem com os canadenses de origem inglesa, ou francesa. A dos Amish, grupo religioso cristão anabatista, conhecido por seus costumes conservadores, como o uso restrito de equipamentos eletrônicos e automóveis. Iam para a cidade de carroças, as moças com toucas e blusas de mangas compridas brancas e engomadas, saias pretas, aventais trincando de tão limpos, meias compridas brancas, sapatos fechados e os rapazes de calças pretas, camisas brancas, chapéus de aba larga pretos, botinas pretas e meias brancas O outro grupo era de índios. Estes usavam roupas de couro com franjas, tranças longas, mocassins. E conviviam com os jovens locais no Mall da cidade, onde tomavam lanches, bebidas não alcoólicas. E andavam de motos. Quem entrasse ali, daria com estranho agrupamento humano. E nós, brasileiros, tínhamos a impressão de ver três blocos distintos à espera do início da matinê do carnaval...

Se os Amish me intrigaram, muito mais me surpreendeu a Comunidade Indígena, que vi freqüentando a universidades, a escola secundária, andando pelas ruas, exibindo os traços de sua cultura com pompa, circunstância e orgulho. Muito diferentes dos índios brasileiros, eles se comportavam como cidadãos normais. Aproximavam-se dos coetâneos sem se esconder. Saudáveis, bonitos, alegres, seguros. Cidadãos canadenses. Naquela ocasião acreditei na possibilidade de alcançarmos um estágio de maturidade no qual trataríamos nossos índios com respeito, dando-lhes dignidade e assegurando-lhes orgulho pela origem. Bom, sonhei. O que lhes foi dado foi mais espelhinhos, mais bolinhas coloridas, mais sarampo, mais pinga e desesperança. Virão novos tempos, ou continuaremos a bandidagem com eles?
 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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