Clichês

08/12/2018 | Tempo de leitura: 2 min

Encarar qualquer recomeço é tarefa hercúlea porque significa deixar o conforto anteriormente bem ou mal já existente e dar início a nova situação que trará desafios, novos riscos, imprevistos, possibilidades inesperadas, sem a certeza do sucesso almejado. Convenhamos, sair desbravando é amedrontador, embora seja isso que fazemos todos os dias, sem nos darmos conta. Se é pelo despertador que toca ou o telefone programado com a musiquinha da nossa preferência ou alguém que nos cutuca mansa ou cruelmente, de qualquer forma, é amedrontador abrir os olhos e ... recomeçar. Nos filmes de guerra, qualquer uma, desde a dos vikings às eras do futuro, após qualquer violenta batalha, quando nas telas são exibidos mortos e corpos estropiados pelos caminhos, são corriqueiras as expressões de desalento, desânimo, medo, ou estupefação no rosto dos sobreviventes. Nenhuma fagulha de alegria a ser contabilizada no momento porque há muito a lastimar, apesar do milagre de sua própria sobrevivência. Imagino que eles, os resistentes, embora se sintam felizes pela possibilidade de continuar, devem experimentar a angústia do recomeço, com entorno diferente do que estavam acostumados. Quando nosso mundo cai, cai acompanhado dos escombros, mais a decepção e a sensação de falha em algum momento, também responsáveis pela cena final. “Onde errei?” É a primeira pergunta que se faz, olhando no espelho. Fui muito afoito nas minhas decisões? Crédulo? Esbanjador? Visionário? Utopista? Devaneador? Fantasista? Sonhador? Ou teria sido um legítimo Macktub – “estava escrito”, “tinha que acontecer”. Há, sempre há, o estopim. Seria no mínimo risível desprezar a atuação humana, agente provocador dos tombos, mas convenhamos, ninguém é tão insano que aja o tempo todo com o propósito de buscar a frustração o malogro, o insucesso ou o fracasso. Acontece. Por pior que seja, simplesmente acontece. O melhor exemplo da importância dos ciclos vem da natureza. Cada Estação do ano, lindamente justificadas pelos mitos gregos, tem sua utilidade e vem caracterizada por seu aspecto mais forte. O Verão é sensual. Durante o tempo que dura, promove a fertilização da natureza, traz o cio para ao animais, a sensualidade permeia as relações. O Outono acalma. Descarta o dispensável e o exagerado. É tempo de reflexão, de gerar, de introspecção. E aí chega novamente o Inverno que, aparentemente desolador, faz a limpeza na natureza, Bota tudo para dormir e descansar. Recicla. Renova. Redistribui. Reconstrói. Recupera. Um dia, na paisagem desoladora do campo coberto de neve, ou areia que chegou trazida pelos ventos, aparece um minúsculo galhinho verde, que é interpretado como retorno à vida. Volta ao ciclo. Ou o recomeço do processo da vida. Por isso, saudemos o ciclo da natureza. Seria monótona a vida linear, sem atropelos, sempre da mesma cor e perfume. O gosto da vitória após a luta é doce como ambrosia. Os desafios servem para melhorar nossa condição humana. Após a tempestade, vem a bonança. Amanhã é sempre outro dia. Cichês? São. Mas são também palavras simples que ajudam a superar obstáculos.

Vamos em frente!
 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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