Afirmação

Já fui comunista. Não comunista caviar, era, digamos, empadinha. Chamei religião de ópio do povo

19/10/2018 | Tempo de leitura: 3 min

Já fui comunista. Não comunista caviar, era, digamos,  empadinha. Chamei religião de ópio do povo. Porém, está ligada à Rússia saborosíssima recordação da minha vida social, que foi o jantar na embaixada de comemoração da Revolução Russa, em Brasília. Tivemos noite de sonhos, prataria, cristais, porcelanas, blinis e muita vodka. Visitei Moscou e São Petersburgo. Extasiei-me com a opulência, riqueza, beleza dos prédios, reconstrução dos monumentos históricos, música, balé, danças, estações de metrô, Praça Vermelha, Kremlin, Catedral de São Basílio. Luxo dos detalhes e opulência do Palácio  de Verão de Catarina a Grande, residência de Verão dos Czares me oprimiram, confesso. Imaginei, na ocasião,  como se sentiriam os miseráveis que passavam fome fora dos muros do edifício. Não se justifica a crueldade com a realeza quando o povo tomou o poder, mas o contraste entre a vida dos nobres e dos pobres era inadmissível.  Cruel, mesmo.  Porém, se tinha dúvidas, passei à certeza de que comunismo não dá certo. 
 
Adolescente, sonhei com mundo indistintamente igual, com idênticas oportunidades de crescimento, saúde, assistência médica, escolaridade para crianças e jovens, segurança, transporte público, vida tranqüila para adultos, casa própria. Nos meus mais doces sonhos colocava casais trabalhando com o objetivo de adquirir bens materiais que garantissem conforto, bem-estar e prosperidade para a família. Geladeira, liquidificador, batedeira, ferro elétrico, enceradeira, lava-roupas, carro próprio, todas as famílias teriam esse padrão de conforto.  Não contava com as discrepâncias entre os objetivos das pessoas. Percebi que estava longe de ver esse mundo idealizado, por causa de predisposição de personalidade que mais tarde soube, se chama garra.  Ou determinação. Percebi, novamente,  que comunismo não dá certo. 
 
Nosso povo não é preguiçoso, longe disso. Quando estimulado levanta cedo, sai em busca de sustento, trabalha, lavra a terra, faz sapatos, constrói prédios, inventa máquinas para alcançar resultados. Vive sobre terra em que se plantando tudo dá e onde catástrofes acontecem por culpa da imprevidência e ganância de alguns poucos. No  momento em que se tirou do povo o desejo de alcançar objetivos de prosperidade por seus méritos dando-lhe oportunidades e o substituiu por receber  benefícios gratuitamente, nosso trabalhador passou a sofrer de apatia e desalento. Sem estímulo para crescer, sua autoestima minguou. 
 
Fui a Cuba. Aquela de turistas. Praias lindas, prédios à espera de manutenção, pisos de mármore arrancados das escadarias, hotéis de luxo com portas lotadas de prostitutas, prostitutos, motoristas dos carros antigos brigando pelos clientes. E gente pedindo sobras de sabonete, papel higiênico, até as pulseirinhas que usava.  Não vi o paraíso onde moravam Fidel e família. Novamente vi,  comunismo não dá certo. 
 
O Brasil não está sofrendo avassaladora onda de direita. Está é se protegendo do tsunami de esquerda. Ver candidatos ateus ir à missa e comungar; ouvir do seu candidato à presidência que o lugar de um presidiário é no Palácio de Governo; promover passeatas onde se quebram imagens religiosas; tirar a roupa em público e evacuar sobre a foto de desafetos, não é exatamente uma campanha digna ou que mereça aplausos. Comunismo não dá certo.
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

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