Museus

Museu não é depósito de coisa velha, defasada ou sem uso. Museu é local onde dormem as histórias de lugares e pessoas,

14/09/2018 | Tempo de leitura: 3 min

Museu não é depósito de coisa velha, defasada ou sem uso. Museu é local onde dormem as histórias de lugares e pessoas, onde objetos inanimados esperam para serem vistos e admirados pelo olhar perscrutador do visitante. Museu, por mais simples que seja, guarda a vida e a história do local onde está instalado. Há museus a céu aberto como Matera, cidade da região da Basilicata, na Itália. Há os subterrâneos, como as grutas; subaquático, como o de Cancun. Há museus riquíssimos, exemplo o British Museum; o Vaticano, em Roma; o Museu do Ar e do Espaço, em Washington. Há museus de delícias, como o do Chocolate. Há museus de toda espécie e para todos os gostos. Tem o delicado e evocativo Museu de Bonecas, em Paris; o esdrúxulo Museu Fálico, na Islândia; o Museu do Sexo, em Praga e em Nova York; tem até um Museu do Penico, na Espanha. Há museus de todo tipo e porte, espalhados pelo mundo afora.  E há os museus brasileiros, dos quais somos donos e são administrados por gente que ganha salário para fazê-lo, mas que os tratam como se fossem propriedades de ninguém.
 
Exemplos disso, o Museu da Língua Portuguesa e o Museu Nacional que eram dois museus brasileiros de grande porte e significância, que possuíam diferentes acervos e tiveram o mesmo fim inglório. Literalmente viraram cinzas no espaço de três anos. O Museu do Ipiranga, em São Paulo, erguido onde D. Pedro I proclamou nossa independência, está fechado para visitação e restauro, e as notícias de quando será reaberto são escassas, bastante evasivas e lacônicas. Desinteresse em informar, proporcional ao interesse do pequeno público, que busca esclarecimento.
 
Franca tem museu, onde está arquivada sua memória e guardado acervo de cidade de mais de um século de vida. Citado no Trip Advisor, site de pesquisas de viagens, ganha três estrelas e meia, nada mal, para uma instituição que está prestes a cair, visto as rachaduras nas paredes que apresenta e que aumentam ano a ano; as goteiras que fazem chover dentro do prédio e acabam por comprometer a segurança do local, antigo e quase sem manutenção. Não fosse o amor e carinho para com o que lhes significa e a importância que seus funcionários lhe dedicam, há muito teria desaparecido.
 
Quando trabalhei na Coordenadoria de Cultura o panorama não era muito diferente. Pedi laudo técnico para avaliar a real condição não apenas do Museu de Franca, mas também do Teatro Municipal, que mais me preocupavam, por causa da situação da fiação elétrica que corria no teto, longe de olhos leigos. O Museu da Imagem e do Som, o Arquivo Municipal, as duas Bibliotecas operavam em prédios mais novos, tinha preocupação com o funcionamento adequado e a vistoria para que funcionassem a contento, mas o risco aos visitantes e funcionários era muito, muito menor. Fui estorvo na época e ao me verem pelas costas, devem ter suspirado aliviados. Nunca soube se as vistorias foram feitas, saí antes. Mas continuo orando, pedindo proteção para o povo. Francano, paulista e brasileiro.
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

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