Civismo

Fosse reação física individual, bastaria medicação especial para desencadear procedimentos desejáveis.

24/08/2018 | Tempo de leitura: 3 min

Fosse reação física individual, bastaria medicação especial para desencadear procedimentos desejáveis. Fosse jeito de agir coletivamente, suficiente mídia que mostrasse figurinhas e figurões a assumir atitudes consideradas positivas, e as boas intenções seriam massificadas. Questão de comportamento, postura interna ou externa? Anular a Constituição e tornar obrigatória Lei Única de Amar e Respeitar incondicionalmente. Ser e formar Cidadão, porém, vai muito além de contágio, propósitos e convencimento. Está acima de gozos de deveres e direitos — civis ou políticos — do Estado. É algo que se aprende e se vivencia, e é postura que permanece, uma vez introjetada. 
 
Simples. Basicamente é não jogar lixos nas ruas; cuidar do meio ambiente; pagar impostos; avaliar com consciência e imparcialidade candidatos a cargos políticos; votar; acompanhar o procedimento deles; cobrar lisura, decência e dignidade prometidas. Cantar o Hino Nacional. Conhecer o básico da história e geografia do país. Obedecer sinais de trânsito. Menos simples. Atentar-se àquilo que acontece ao redor, mesmo fora dos limites dos olhos. Perceber a imensa rede que nos une e abriga. Ter consciência de que catástrofe ocorrida em qualquer região nos afeta, mesmo que não sintamos seus efeitos no cotidiano. Sentir responsabilidade pelos menos favorecidos. Difícil. Sem ter sido vítima de uma violência, reconhecê-la e lutar por sua extinção. Sair às ruas e exigir melhores condições de estudo para todos, mesmo que não sejam seus filhos; batalhar pela arte e preservação da cultura do país. Dificílimo. Sair do casulo, invólucro fabricado pelo egoísmo e tecido com teias que impedem ações de compartilhamento, de cumpli
cidade, de companheirismo, de amor pelo próximo e pela terra natal. Quase improvável, mas não impossível: sonhar novo país, de população vizinha e próxima, pura e elevada, onde todos serão iguais diante da lei e terão objetivos semelhantes de dignidade e justiça. Nada impede de lutar e idealizar este futuro, para desenvolver esta sociedade. 
 
Nessa nova era sairíamos de casa, com segurança e certeza da volta. Nossos filhos planejariam o futuro. Todos teriam saúde, educação, moradia, emprego e lazer garantidos. Aposentados e sem condições de trabalho, seriam assistidos — sem paternalismo — pelo Estado. Nosso país não mais seria espoliado por vampiros locais ou estrangeiros. Nossas matas e riquezas minerais seriam preservadas; empresários dormiriam sossegados sem o fantasma da derrota corroendo seus ideais; artistas criariam livremente. A corrupção se tornaria atitude excêntrica, não constante. Suborno, abuso de poder, autoritarismo, apropriação indébita e omissão seriam meras palavras de dicionário, sem outra finalidade que denunciar um passado de (más) lembranças. 
 
“É possível!”. E a gente se prepara para novo dia. Trabalha. Vota. Escolhe. Cobra. Exige. Presta atenção. Muda postura. Lê e se informa. Acredita. Descarta. Aceita. Pensa. Segue. Chora. Ri. Responsabiliza-se. Reparte. Alegra-se. Olha ao redor e se sente privilegiado. Olha para trás e reconhece passado glorioso. Olha para frente e tem esperança. Olha para cima, vê o Cruzeiro do Sul. Vem a certeza e acredita: “Vou conseguir!”. Ergue a cabeça, sente orgulho e assume: “Depende de mim e de cada um de nós!”. Olha-se, e percebe que acabou de nascer novo Cidadão Brasileiro.
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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